Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: Dia 5 de agosto – Aniversário da Cidade de João Pessoa (PB)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dia 5 de agosto – Aniversário da Cidade de João Pessoa (PB)

Um pouco da história da 3ª mais antiga cidade do Brasil

A Cidade de João Pessoa, foi fundada em 5 de Agosto de 1585 com o nome de Nossa Senhora das Neves.


A CONQUISTA DO TERRITÓRIO

À época do descobrimento do Brasil a Coroa Portuguesa mantinha um grande e rentável comércio de especiarias com as Índias. Esse comércio desmotivou Portugal a explorar economicamente as riquezas brasileiras até a metade do século XVI, porquanto aqui não encontraram, de início, nem o ouro nem a prata tão valiosos no mercado europeu. Nesse período, piratas franceses frequentavam o nordeste brasileiro e se davam muito bem com os nativos: traziam quinquilharias e levavam o pau-brasil de cuja casca extraiam um pigmento vermelho muito utilizado para colorir tecidos em toda a Europa.

No início de 1574 a jovem filha de Iniguaçu, chefe potiguara, foi aprisionada pelo proprietário do engenho Tracunhaém na capitania de Itamaracá, hoje pertencente ao município de Goiana, em Pernambuco. Os potiguaras, por vingança e insuflados pelos franceses, atacaram e incendiaram o engenho, matando todos os moradores, ato que ficou conhecido como “a chacina de Tracunhaém”. O incidente urgiu Portugal para a necessidade de maior controle da região, visando extinguir a presença de franceses no nosso litoral e evitar, no futuro,qualquer possibilidade de ataque indígena à Vila de Olinda e engenhos da região. Em resumo, tornou-se urgente garantir o monopólio do açúcar e o poder econômico da Capitania de Pernambuco, principal centro produtivo da colônia, como também iniciar o avanço sobre as terras ao norte.

Assim, no mesmo ano de 1574, o jovem Rei D. Sebastião resolveu desmembrar a Capitania de Itamaracá criando a Capitania Real da Paraíba a partir de Igarassu, no sentido norte, até a Baía da Traição. Ocorre que grande parte dessa área era habitada pelos índios potiguaras, povo de índole guerreira, e isso foi um complicador que atrasou em 11 anos a conquista do território. Somente após 5 expedições, e com o apoio dos índios tabajaras, os portugueses conseguiram derrotar os potiguaras, expulsar os franceses e fundar a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves[1] no dia 05 de agosto de 1585. A Cidade de Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade fundada no Brasil do século XVI (1501-1600) após Salvador (1549) e Rio de Janeiro em 1565. Apesar de derrotados os valentes potiguaras continuaram a infernizar a vida dos habitantes da cidade até 1599 quando, já sem apoio dos franceses que lhes forneciam suprimentos e sob uma epidemia arrasadora de varíola trazida pelos colonos europeus, foram pressionados a assinar a paz com o governador Feliciano Coelho de Carvalho e se retiraram para o norte.

O marco zero de fundação da cidade foi escolhido 18 Km acima da embocadura do Rio Paraíba, numa colina que domina todo o atracadouro na margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Além do cuidado com a defesa da povoação o local visava facilitar o comércio e o apoio militar à vizinha Capitania de Pernambuco. A povoação, por estar sob domínio da União Ibérica[2]desde 1580, teve as primeiras ruas edificadas dentro de uma geometria de traçados regulares, como vemos na gravura abaixo, obedecendo aos padrões encontrados nas demais colônias espanholas do continente americano, o que diferia das povoações fundadas pelos portugueses.


A partir do atracadouro (embaixo à direita) temos um aclive em direção à Ladeira de São Francisco que foi a primeira rua da povoação e servia como acesso ao largo formado pela Igreja Matriz (M), Convento de São Francisco (L), Mosteiro de São Bento (G) e Igreja da Misericórdia (N).
Gravura de João Teixeira Albernaz I que ilustra o “Livro que Dá Razão do Estado do Brasil” (Diogo Moreno, 1612).

Como já foi dito acima, a cidade foi fundada eminentemente com cunho administrativo, para apoio à Capitania de Pernambuco e garantia das terras do norte. A característica de séde administrativa foi fator preponderante para que a cidade permanecesse, durante muito tempo, sem alterações estruturais exceto pelas igrejas, conventos e fortificações militares que simbolizavam o domínio da Casa Imperial. Essa característica atravessou todo o Brasil colônia e império, razão pela qual a pecha de “cidade de funcionários públicos” perdurou até a metade do século XX, com a implantação de indústrias através da SUDENE, órgão governamental criado para fomentar o desenvolvimento regional.


[1]
O uso da palavra “Real” aplicado à capitania e à cidade caracterizava o controle administrativo-militar e os investimentos como responsabilidade direta da Coroa Portuguesa, ao contrário das demais capitanias onde os donatários bancavam e assumiam os riscos da empreitada.
[2]
D. Sebastião foi o décimo-sexto rei da segunda dinastia de Portugal. Morreu em 1578, aos 24 anos e não deixou herdeiros. Assumiu seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique que morreu em 1580. Sem herdeiro direto à sucessão, havia 3 netos do falecido D. Manoel I concorrendo ao trono português: Catarina (Duquesa de Bragança), Antônio (Prior do Crato) e Filipe de Habsburgo (Filipe II da Espanha). # Graças a muitas conspirações e ao poderio político-militar espanhol, Filipe II da Espanha tornou-se Felipe I de Portugal e uniu os dois reinos iniciando o Império da União Ibérica que governou Portugal de 1580 a 1640.


BIBLIOGRAFIA

GUIMARÃES, Luiz Hugo – A conquista da Paraíba
Rio de Janeiro.Simpósios Momentos Fundadores da Formação Nacional.2000

MELLO, José Octávio de Arruda – História da Paraíba: lutas e resistência
João Pessoa.A União.7ª Edição.2002

PASCHOA, Antônio Gonçalves – Descripção da cidade e barra da Paraiba – 1630
João Pessoa.Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.3


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.