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domingo, 19 de abril de 2015

19 de Abril — Dia do Índio

A História

Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estima-se que havia por aqui cerca de 6 milhões de índios. Passados os tempos de matança, escravismo e catequização forçada. Nos anos 50, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, a população indígena brasileira estava entre 68.000 e 100.000 habitantes.

Atualmente há cerca de 280.000 índios no Brasil. Contando os que vivem em centros urbanos, ultrapassam os 300.000.

No total, quase 12% do território nacional, pertence aos índios.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Atualmente existem apenas 170. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes têm menos de 200 pessoas. Será o fim dos índios?

Apesar do "Dia do Índio", que é comemorado no dia 19 de Abril, não tem nada para se comemorar. Algumas tribos indígenas foram quase executadas por inteiro na década de 70 em diante, enquanto estavam fora de seu habitat, quase chegaram a extinção, foram ameaçados por epidemias, diarréia e estradas.

Mas hoje, o que parecia impossível está acontecendo: o número de índios no Brasil e na Amazônia está aumentando cada vez mais. A taxa de crescimento da população indígena é de 3,5% ao ano, superando a média nacional, que é de 1,3%.
Em melhores condições de vida, alguns índios recuperaram a sua auto-estima, reintroduziram os antigos rituais e aprenderam novas técnicas, como pescar com anzol. Muitos já voltaram para a mata fechada, com uma grande quantidade de crianças indígenas.
"O fenômeno é semelhante ao baby boom do pós-guerra, em que as populações, depois da matança geral, tendem a recuperar as perdas reproduzindo-se mais rapidamente", diz a antropóloga Marta Azevedo, responsável por uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos em População da Universidade de Campinas.
Com terras garantidas e população crescente, pode parecer que a situação dos índios se encontra agora sob controle. Mas não! O maior desafio da atualidade é manter viva sua riqueza cultural.
Organização e sobrevivência do grupo
Os índios brasileiros sobrevivem utilizando os recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente com a ajuda de processos rudimentares. Eles caçam, plantam, pescam, coletam e produzem os instrumentos necessários a estas atividades.
A terra pertence a todos os membros do grupo e cada um tira dela seu próprio sustento.
Existe uma divisão de tarefa por idade e por sexo: em geral cabe a mulher o cuidado com a casa, das crianças e das roças; o homem é responsável pela defesa, pela caça (que pode ser individual ou coletiva), e pela colheita de alimentos na floresta.
Os mais velhos - homens e mulheres - adquirem grande respeito da parte de todos. A experiência conseguida pelos anos de vida transforma-os em símbolos de tradições da tribo.
O pajé é uma espécie de curandeiro e conselheiro espiritual.

Garimpeiros invadem as terras indígenas

Entre os povos ameaçados estão os Ianomâmis, que foram os últimos a ter contato com a civilização. Sua população atual chega a pouco mais de 8.000 pessoas.
O encontro com garimpeiros, que invadem suas terras, trazem doenças, violência e alcoolismo.
Entre os índios, os garimpeiros são conhecidos por outro nome: os "comedores de terras". Calcula-se que 300.000 garimpeiros entraram ilegalmente em terras indígenas na Amazônia.
Mas o problema não é insolúvel. Na aldeia Nazaré, onde moram 78 Ianomâmis, foram expulsos pela Polícia Federal.
Permanece a questão de como ficará o índio num mundo globalizado, mas pelo menos já se sabe o que é preciso preservar.

O chefe da tribo

Os índios vivem em aldeias e, muitas vezes, são comandados por chefes, que são chamados de cacique, tuxánas ou morubixabas.
A transmissão da chefia pode ser hereditária (de pai para filho) ou não. Os chefes devem conduzir a aldeia nas mudanças, na guerra, devem manter a tradição, determinar as atividades diárias e responsabilizar-se pelo contato com outras aldeias ou com os civilizados.
Muitas vezes ele é assessorado por um conselho de homens que o auxiliam em suas decisões.
Alimento - pesca
Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair. A maioria dos índios no Brasil pratica agricultura.

Tribos Indígenas

ARARA
As mulheres dessa tribo usam, como roupa, apenas uma espécie de cinto chamado uluri, feito de entrecasca de árvore. Se esse cinto se romper (por acaso), a mulher se sente desprotegida e nua.

A presença deste cinto significa que a mulher não está sexualmente disponível, e a aproximação só acontece quando ela o retira.
Alguns desses povos já estão extintos. Sua língua é a tupi.
No ritual de transição entre a infância e a vida adulta, os meninos ficam reclusos na casa dos homens e têm que passar por sofrimentos físicos e dar provas de força.
Embora não haja um espaço físico determinado, as meninas também têm que cumprir alguns rituais de passagem.
BORORO
O funeral é o que mais chama atenção pela complexidade, podendo durar até dois meses. A morte de alguém pode provocar mudanças ou reforçar as alianças.
Mas a tribo obedece a uma organização social rígida. São de língua tronco macro-jé, autodenominado boe.
A aldeia é dividida em duas partes - exare e tugaregue - que, por sua vez, se subdividem em clãs com deveres muito bem definidos.
Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade exare, conforme determinam seus mitos.
Os antigos Bororo destribuíam-se por extensa região, compreendida entre a Bolívia, a Oeste, o rio Araguaia, o rio das Mortes, ao Norte, e o rio Taquari, ao Sul.
GAVIÃO
Esse nome foi atribuído a diferentes grupos Timbira da região do médio Tocantins por viajantes do século XIX, que sempre falavam do caráter guerreiro desses índios.
A denominação vem das penas de gavião usadas em suas flechas. Esses índios foram muito reduzidos pelo contágio de doenças em seus primeiros contatos com os brancos.
Uma das maiores tradições é a corrida de toras: as equipes de revezamento (formada somente por homens), carregam troncos de buriti nos ombros. O mais importante não é quem chega primeiro, o que vale mais é o divertimento. A comemoração é maior quando as equipes chegam juntas ou quase juntas.
Cada indivíduo recebe dois nomes e um deles não pode ser divulgado. Mostrar ao outro este segredo, significa transferir poder.
Quando alguém recebe o nome de um parente que já morreu carrega a responsabilidade de manter as características do antepassado e quem o escolhe assume o papel de padrinho com a função de transmitir a cultura.
Depois do casamento, por um período determinado, entre genro e sogra, nora e sogro, ficam proibidos de chamar o outro pelo nome.
KATUKINA
Designa dois grupos indígenas, da família Katukina, que autodenominam-se Peda Djapá ("Gente da Onça"). Vivem em diversos grupos no rio Biá, afluente do Jataí e Amazonas. Existem aproximadamente 220 índios.
Os Katukina de língua da Família Pano, vivem no rio Envira, nas margens do rio Gregório, juntamente com os Yawanawá, na área indígena Rio Gregório, Acre, e na área indígena de Campinas.
Os Katukina já foram chamados, por muitos viajantes, como "índios barbados" por causa do costume de pintar a boca de preto.
A troca de cônjuges é bastante comum, mas os filhos sempre ficam com a mãe.
KAYAPÓ
Também chamados de Caiapó, é um povo de língua da família Jê. Distribui-se por 14 grupos: Gorotire, Xikrin do Cateté, Xikrin do Bacajá, A'Ukre, Kararaô, Kikretum, Metuktire (Txu-karramãe), Kokraimoro, Kubenkran-kén e Mekragnotí. Há indicações de pelo menos três outros grupos ainda sem contato com a sociedade nacional.
As aldeias, identificadas pelo nome do grupo a que pertencem, são grandes para os padrões da Amazônia: a dos Gorotire tem 920 pessoas, e há referências históricas de aldeias com 1500 índios.
Eles mantêm pouco contato entre as tribos e possuem uma estrutura cultural e social bastante homogenia, com poucas diferenças locais.
A forma tradicional da aldeia é um círculo de casas formando um pátio. No centro, fica uma casa que só é utilizada para a reunião dos homens.
KULINA
São também chamados de Kurína, Kolína, Curina ou Colina, e vivem em pequenos grupos.
Quando se casa, o homem vive na casa da família da esposa e tem que trabalhar para retribuir a mulher.
Cada casal tem a obrigação de gerar pelo menos três filhos, ganhando o direito de construir uma casa separada e continuando juntos se desejar.
Eles acreditam que a concepção acontece sem qualquer contribuição feminina, e para engravidar, a mulher tanto pode relacionar-se apenas com o marido ou ter vários parceiros.
Em qualquer dos casos, ela é a única responsável pelos cuidados com a criança.
MARUBO
Eles estão em contato com a sociedade nacional desde 1870 e foram incorporados ao trabalho de exploração da borracha.
O homem pode se casar com várias mulheres (poligamia), e cada uma delas ocupa um espaço bem definido na maloca.
Por influência dos missionários, hoje, os mortos são sepultados em cemitérios, mas a cremação fazia parte dos antigos costumes desses índios, eles comiam as cinzas com mingau para que o morto pudesse continuar entre eles.
A única exceção ocorre com as crianças de colo, que são enterradas geralmente entre as árvores.
É uma população de 600 pessoas, que falam a língua da família Pano e vivem ao longo dos rios Ituí e Curuçá, na Amazônia, junto à fronteira com o Peru.
SATERÉ-MAWÉ
Os Sateré-Mawé ou Sateré-Maué, vivem na região dos vales dos rios Marau e Andirá (Amazonas), distribuídos por aldeias, com uma população de 5.800 pessoas.
Eles são conhecidos como os introdutores do guaraná na região. Têm uma forte tradição agrícola e comemoram o fim da colheita com o tarubá, uma bebida fermentada tão forte que pode causar embriaguez por até um mês.
A formiga tem um significado especial e é muito respeitada por esses índios. Uma das espécies, a tocandira, é considerada como divindade e usada nos rituais de passagem.
A picada é extremamente dolorosa, mas para demonstrar coragem, os meninos tem que colocar a mão dentro de uma espécie de luva cheia dessas formigas e resistir à dor, para depois disso, serem considerados adultos.
TENHARIM
Povo indígena de língua Tupi-Guarani, que costumam enterrar os mortos debaixo dos pisos das casas. Acreditam que o espírito permanece morando no local e usando os utensílios que possuía quando era vivo.
Para pescar, eles colocam dentro d’água um pedaço de madeira com desenho dos peixes que querem capturar. Fazem isso sempre debaixo de árvores frutíferas, mas acreditam que a fartura da pescaria é explicada unicamente pelos desenhos. Eles só não pescam o boto e o peixe-boi por serem considerados alimentos sagrados (tabu).
TIKUNA
Maior etnia da Amazônia brasileira, conta com uma população de 20.135 indivíduos, que ocupam cerca de 70 aldeias às margens do rio Solimões, no Estado do Amazonas. Outra parte do grupo vive no Peru.
As meninas, quando ficam menstruadas, são submetidas a um ritual de iniciação, que sempre acontece na lua cheia, representando a bondade, a beleza e a sabedoria. Nesta festa, os índios fabricam máscaras de macacos e monstros e enfeites para as virgens.
Um dos índios usa uma máscara com cara de serpente e incorpora o espírito do principal personagem do ritual, um monstro que vivia na água.
Durante os festejos, o monstro faz gestos obscenos que divertem a tribo. Ele também ronda o cubículo onde fica a menina, batendo com um bastão no chão.
Durante três dias e três noites, essa garota é protegida por duas tias que aproveitam o tempo dando conselhos de como ser uma boa mulher Tikuna: respeitar o marido, ser ativa e trabalhadeira.
TAKÂNO
São também chamados de Tucano, e a família lingüística Tukâno é dividida nos ramos ocidental, que compreende línguas faladas no Peru, Equador e Bolívia; e oriental, com as línguas Barasâna, Desâna, Karapanã, Kubéwa, Pirá-Tupúya, Suriâna, Tukâno e Wanâno, faladas desde a Colômbia até o Brasil, no Noroeste da bacia Amazônica.
São extremamente vaidosos, gastam dias e esforços para capturar aves de plumagens belas, coloridas e variadas para fazer adornos.
Eles também gostam de modificar as cores originais dando comidas especiais para as aves ou aquecendo as penas, processo conhecido como tapiragem.
Usam até duas dezenas de aves para um único adorno. Estes enfeites são usados em rituais e aqueles que usam as peças mais bonitas são muito prestigiados pela tribo.
WAI-WAI
Grupo de aproximadamente 1250 índios que vivem nas áreas indígenas Nhamundá-Mapuera, no oeste do Pará, e Wai-Wai em Roraima.
Fazia parte da cultura deles a troca de mulheres capturadas de outras aldeias, consideradas como troféus de guerra.
Com a chegada dos holandeses que colonizaram o Suriname, antiga colônia nas Guianas, os índios estabeleceram este mesmo tipo de relação, trocando mulheres por artigos europeus.
Os holandeses se utilizaram desta prática para conseguir com que os índios, ao invés de trazer mulheres, capturassem os escravos negros fugidos.
YANOMAMI
É o último povo indígena das Américas que conseguiu sobreviver mantendo seu patrimônio cultural e social. Seus membros, 7822 indivíduos, vivem dos dois lados da fronteira entre o Brasil e a Venezuela, próximo ao Pico da Neblina.
Os Yanomami abrem várias trilhas para ligar as diferentes aldeias com as áreas de caça, os acampamentos de verão e as roças recentes e antigas.
Eles fazem um constante rodízio entre esses lugares e com isso, a floresta se recupera com rapidez.
Todos da tribo moram numa imensa casa coletiva e as crianças ocupam um lugar de destaque, suas necessidades são prontamente atendidas e seus pedidos sempre levados em conta.
Embora haja um intercâmbio freqüente de mulheres e produtos, cada uma das aldeias tem completa autonomia política e administrativa.
Esses índios queimam os seus mortos e comem as cinzas. Eles acreditam que os espíritos, que podem ser bons ou maus, habitam as plantas e animais.
Os garimpeiros disputavam suas terras desde 1987, atraídos pelas grandes reservas de diamante, ouro, cassiterita e urânio, colocando em risco a sobrevivência do povo Yanomami.
Em 1990, o governo brasileiro adotou medidas de proteção às terras indígenas, iniciando a retirada dos garimpeiros.

Cultura indígena

O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o desaparecimento de muita coisa interessante.
Um quarto de todas as drogas prescritas pela medicina ocidental vem das plantas das florestas, e três quartos foram colhidos a partir de informações de povos indígenas.
Na área da educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras, é comparada por lingüistas como a língua grega, por sua riqueza estrutural - possui, por exemplo, doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado.

Ritos e mitos

No Brasil, muitas tribos praticam ritos de passagem, que marcam a passagem de um grupo ou indivíduo de uma situação para outra.
Estes ritos se ligam a gestação e ao nascimento, à iniciação na vida adulta, ao casamento, à morte e a outras situações.
Poucos povos acreditam na existência de um ser superior (supremo), a maior parte acredita em heróis místicos, muitas vezes em dois gêmeos, responsáveis pela criação de animais, plantas e costumes.

Arte

A arte se mistura a vida cotidiana. A pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos em que uma sociedade indígena se divide, como pode ser utilizada como enfeite.
A tinta vermelha é extraída do urucum e a azul, quase negro, do jenipapo. Para a cor branca, os índios utilizam o calcário.
Os trabalhos feitos com penas e plumas de pássaros constituem a arte plumária indígena.
Alguns índios realizam trabalhos em madeira. A pintura e o desenho indígena estão sempre ligados à cerâmica e à cestaria.
Os cestos são comuns em todas as tribos, variando a forma e o tipo de palha de que são feitos. Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança.
Fonte: Web Ciência

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