Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: 24 de Agosto - Falecimento de Getúlio Vargas

domingo, 24 de agosto de 2014

24 de Agosto - Falecimento de Getúlio Vargas

Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja - RS, em 1882. Estudou na Escola Militar, mas foi afastado por ter participado de um motim.
Logo depois pediu baixa do Exército e ingressou na Faculdade de Direito de Porto Alegre, formando-se em 1907 e ocupando a segunda promotoria na mesma cidade.
A vida política de Getúlio Vargas começou com a eleição para deputado estadual pelo Partido Republicano Rio-Grandense em 1909, sendo reeleito em 1917 e 1921.
Em 1923, foi eleito deputado federal. Em 1926, Getúlio Vargas abandonou a Câmara dos Deputados para assumir o cargo de ministro da Fazenda do governo Washington Luís, ficando até o ano seguinte, quando concorreu e venceu a eleição para a presidência do Rio Grande do Sul.
Em 1930, como integrante da Aliança Liberal, concorreu à presidência da República e foi derrotado pela chapa situacionista apoiada por Washington Luís. Em outubro do mesmo ano deu um golpe de Estado impedindo a posse dos eleitos, Júlio Prestes e Vital Soares, que ficou conhecido como Revolução de 30.
Assumiu a chefia do governo provisório. Enfrentou, em 1932, a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Em 1934, foi eleito indiretamente pelo Congresso Nacional.
Antes de terminar o seu mandato, deu um novo golpe, inaugurando o Estado Novo. Durante esse governo atuou aumentando a centralização do poder, instituiu uma política de intervenção estatal na economia e adotou medidas trabalhistas com a intenção de controlar as organizações operárias.
Em 1945, mesmo tentando permanecer no poder, foi deposto por um golpe militar. Com a redemocratização do país e a elaboração de uma nova constituição, Getúlio ajudou na criação do Partido Social Democrático (PSD) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sendo eleito senador e deputado por vários estados.
A partir daí, iniciou uma campanha de ataques ao seu antigo aliado e presidente da República, Eurico Dutra.
Usando de um discurso nacionalista e populista concorreu à presidência em 1950 e foi eleito, assumindo a presidência no ano seguinte. Implantando sua política nacionalista, Getúlio criou o monopólio do petróleo e da eletricidade e chegou a dar 100% de aumento para o salário dos trabalhadores.
Sofrendo oposição das camadas conservadores da sociedade, Getúlio se viu pressionado a abandonar o cargo. Com o atentado ao jornalista Carlos Lacerda promovido pelo chefe de sua guarda pessoal, Getúlio ficou numa situação insustentável e suicidou-se com um tiro no peito na madrugada de 24 de agosto de 1954.

Fonte: Net História

A carta que Getúlio Vargas deixou ao se suicidar


Existem duas versões da carta de Getúlio Vargas: uma manuscrita, bastante concisa, e outra mais longa, datilografada, que foi distribuída para a imprensa como a mensagem oficial do político ao povo brasileiro.

A versão datilografada é atribuída ao jornalista José Soares Maciel Filho. De fato, Maciel Filho confirmou à família do presidente que datilografou a versão lida para a imprensa, mas nada disse sobre tê-la modificado.

VERSÃO MANUSCRITA:

“Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa. Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa. Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus. Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde…”
CARTA DATILOGRAFADA:
“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fi z-me chefe de uma revolução e venci.
Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”


As duas cartas (manuscritas e datilografada) estão no CPDOC da Fundação Getílio Vargas.
Fonte: http://www.cpdoc.fgv.br/nav_gv/htm/gv_main.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.