Sim, eles existiram, e não foram poucos. Veja conosco quais são os produtos que Steve Jobs e Steve Wozniak tinham vergonha de ter sua marca atrelada e que mandaram para o cemitério.
Apple III – 1980 ~ 1984
Se você leu nossos posts sobre a história da Apple, sabe que um dos produtos que deslanchou a empresa foi o Apple II, carro-chefe das vendas de computadores nos EUA por anos, portanto era de se esperar um sucessor à altura, certo? No entanto, o tão aguardado Apple III se tornou um verdadeiro fracasso. O desastre iniciou-se no momento da sua criação, já que não fora desenhado por Wozniak – que havia feito os anteriores – e sim pela equipe de marketing da Apple (cuja única preocupação era atender aos caprichos cada vez mais excêntricos de Jobs).
Por essa e outras, o Apple III saiu das fábricas repleto de defeitos, como por exemplo, sem ventoinhas de refrigeração (a mando de Jobs), com isso ele esquentava rápido demais, travava, além de suas peças simplesmente se soltarem com o tempo. O primeiro lote, inclusive, teve de voltar todo às fábricas da Apple em um recall imenso para tentar corrigir as falhas. No fim das contas, o computador que custava entre US$ 4.500 e US$ 7.800 vendeu somente 75 mil unidades, das quais 14 mil retornaram à Apple por defeitos e insatisfação dos clientes.
Apple Lisa – 1983 ~ 1986
Com estrondoso fracasso do Apple III, Steve Jobs resolveu que era hora de seguir em frente e colocar no mercado algo totalmente novo e que interessasse aos seus clientes. Algo que eles quisessem comprar. No entanto ele não conseguiria fazer isso sozinho, e para isso, ele e sua equipe buscaram o diferencial nos laboratórios da Xerox PARC. As ideias que eles captariam lá mudaria o rumo da computação: uma interface gráfica operada através de um dispositivo totalmente inovador que seria chamado de mouse.
Com uma interface gráfica, sistema operacional e recursos interessantes o Apple Lisa (nome da filha de Jobs) tinha tudo para dar certo, exceto por um detalhe: US$ 10.000 em 1983, o que corresponderia hoje a quase 24 mil dólares. Muito até para o primeiro computador do mundo com interface gráfica, e mesmo que tenha apresentado conceitos revolucionários, ele foi um fracasso de vendas em um desses em 1983. Era muita grana - e até hoje é. Ainda que o Lisa tenha sido um marco importante para a história da indústria, ele foi um fiasco de vendas. Segundo algumas lendas urbanas as unidades que ficaram encalhadas nas prateleiras americanas foram recolhidas pela Apple e enterradas no deserto de Utah, nos Estados Unidos.
Macintosh Portable – 1989 ~ 1991
Se o final dos anos 70 foi marcado pelo surgimento da computação pessoal, o fim da década de 1980 foi marcado pelo surgimento dos primeiros computadores portáteis. No entanto, logo ficou claro que ainda havia um longo caminho até ser realmente portáteis e atraentes aos clientes.
A aposta da Apple nesse segmento, o Macintosh Portable tinha “apenas” 7.2 kg. Além disso, o portátil tinha uma série de limitações, por exemplo, o manual dizia que as baterias não deviam nunca chegar a 0, e que se isso ocorresse poderia comprometer o funcionamento do notebook para sempre. E não era só isso, pois por causa da forma como sua fonte de alimentação fora projetada, não era possível utilizar o computador enquanto ele estava conectado à tomada carregando.
Além disso, outro característico problema da Apple, o valor: US$ 12 mil na época de seu lançamento, ou quase US$ 23 mil, atualmente.
Macintosh Performa – 1992 ~ 1997
Cansado de receber críticas dizendo que seus produtos eram muito caros e elitistas, e, também para fazer frente ao crescente ganho de mercado do DOS e dos PCs baseados em Windows a Apple decidiu lançar uma linha de Macs baratos, chamada de Performa.
No entanto, eles não eram somente baratos. Eles eram baratos, frágeis, sujeitos a falhas e de baixo hardware – e mesmo assim ainda era mais caro do que um PC barato. O tiro saiu pela culatra e acabou diminuindo as vendas da marca no ramo dos computadores pessoais.
E pioraria ainda mais. Quando a Apple permitiu que outros fabricantes de PCs passassem a desenvolver sistemas baseados no Mac, o Performa ficou mais caro e inferior aos seus “clones”. Uma das primeiras atitudes de Steve Jobs ao voltar à empresa foi cancelar a linha de computadores baratos.
O Macintosh Performa 5200, que recebeu o amargo título de “o pior Macintosh de todos os tempos”
Macintosh TV – 1993 ~ 1994
A primeira aposta da empresa no ramo da televisão e precursor da Apple TV, o Macintosh TV tinha o ambicioso objetivo de fazer com que os consumidores abandonassem sua quantidade de aparelhos como Tv, videocassete, cabos, antenas, etc. e utilizassem somente o computador para assistir TV no mesmo aparelho que navegariam na web.
Ideia legal para 20 anos atrás, certo? Sim, caso você pudesse fazer isso ao mesmo tempo. O Macintosh TV tinha um problema: As duas tarefas eram independentes e uma só poderia ser usada se a outra estivesse desligada. E mais: O preço de US$ 2 mil (cerca de US$ 3.200, hoje) terminou por acabar com o produto. Resultado: 10 mil unidades do Mac TV produzidas em seu curtíssimo período de apenas 5 meses de vida.
Apple Newton – 1993 ~ 1998
Pensado para ser um assistente pessoal capaz de armazenar anotações, contatos, gerenciar calendários e compromissos, etc. o Apple Newton possuía uma tela touch resistiva capaz de traduzir a escrita à mão em texto e a possibilidade de enviar fax. Propaganda legal para um aparelho em 1993, né? Pena que não funcionava como o jornal dizia.
Para começar, o tal handwritting era tão ruim da forma que (não) funcionava que foi motivo de piada generalizada, sendo alvo até do seriado Simpsons.
Outro grande problema é que para um portátil ele não tinha muita coisa. Era grande, pesado, muito desajeitado, quase sem aplicativos, e o pior para um dispositivo móvel: a bateria durava muito pouco. Enfim, após investimentos da ordem de mais de US$ 100 milhões pela Apple, o retorno deixou a desejar. Ao menos a pedra para os IOS e iPad havia sido colocada.
Apple QuickTake – 1994 ~ 1997
Visando a explorar um rentável mercado de 12 bilhões de dólares por ano em fotografias nos Estados Unidos, a Apple decidiu que era o momento para lançar uma câmera da marca. A ideia consistia em uma câmera digital que facilitasse a captura e pudesse oferecer a opção de armazenar as imagens no computador do usuário (porém, só se comunicava com computadores da Apple). Detalhe: ela tinha um tosco sensor de 0,3 megapixel e capacidade para incríveis 32 fotos em seus 4 MB de armazenamento. Custando US$ 750 (cerca de US$ 1.200, hoje), a QuickTake não só assustava pelo preço, como também deixava a desejar com os míseros 640 x 480 pixels de resolução, aaah, e a lente tinha foco fixo, portanto não havia zoom.
As vendas não aconteceram e aqueles poucos usuários que compraram a ideia maluca da Apple, abandonaram rapidinho a ideia, abandonando-a e adquirindo câmeras da Canon, Kodak, Fujifilm e Nikon assim que elas estrearam no mercado de câmeras digitais em 1996.
A Apple foi a precursora das câmeras digitais, mas não soube aproveitar a chance.
Apple Pippin – 1995 ~ 1997
Lançado durante a década de ouro dos videogames, a década de 1990, o Apple Pippin – desenvolvido em parceria com a Bandai – veio para brigar com os consoles da Nintendo, Sega e da Sony, e falhou miseravelmente. Diferente dos concorrentes, cujos lucros vinham principalmente do licenciamento dos jogos, a Apple resolveu inovar e apostar no licenciamento de uma plataforma baseada no Mac OS. Para utilizá-la o desenvolvedor teria de pagar uma licença para receber as especificações de arquitetura e kits de desenvolvimento e, posteriormente, receberia royalties por cada unidade fabricada e vendida do seu jogo.
Como era de se esperar, não deu muito certo, já que a única produtora grande por trás dos games do Pippin era a própria Bandai. No final das contas, em seu pouco tempo de vida (1 ano) o videogame somou menos de 80 games disponíveis. Quanto às vendas de consoles, das 100 mil unidades que foram produzidas, somente 42 mil delas foram comercializadas a US$ 599 cada, mais um motivo certo no fracasso da plataforma. Por estes motivos o Pippin galgou a posição de número 22 na lista de piores produtos tecnológicos de todos os tempos da publicação americana Pc World.
20th Anniversary Macintosh – 1997 ~ 1998
Quando da aproximação da data emblemática de 20 anos do primeiro lançamento, a Apple decidiu que era hora de uma edição comemorativa. Mas er apara ser mais do que uma simples comemoração ou relançamento de produtos antigos em novas versões e configurações, tinha de ser um produto diferenciado, inovador e exclusivo. Algo que os consumidores pagariam.
Com essa intenção surgiu o 20th Anniversary Macintosh, um computador com design no mínimo muito duvidoso e um alto preço: US$ 7.500, enquanto que um bom pc, na época, não passava de US$ 3 mil, já com um excelente monitor. A tela era de LCD 12 polegadas, resolução de 800 x 600 pixels e hardware ruim até mesmo para a época. Nada de inovador ou chamativo – exceto pelo design e preço – como a receita dizia para fazer.
E para piorar, nem mesmo a Apple sabia o que estava fazendo, pois a edição comemorativa de 20 anos só chegou ás lojas perto do aniversário de 21 anos !?!?! Resultado: Lançado em apenas 5 países, 12 mil unidades fabricadas e aposentadoria precoce menos de um ano após seu lançamento.
Apple eMate 300
Criado especificamente para o mercado educacional, o eMate 300 caro para o público ao qual se destinava, saía por cerca de US$ 800. Possuía tela sensível ao toque e podia ser operado por uma caneta stylus, isso porque usava o sistema operacional do Apple newton que vimos acima. No entanto, mesmo após todo os esforços da marca da Maçã, o laptop fracassou nas vendas e não teve uma boa avaliação dos usuários que relatavam que ele “não 'parecia um computador de verdade''.
O projeto foi descontinuado um ano após Steve Jobs retornar à Apple. O produto morreu juntamente com o Apple Newton e seu sistema operacional. No entanto, o eMate 300 teve um ponto positivo, segundo a própria Apple: Ele influenciaria, mais tarde, o design em formato de concha do iBook.
Mouses da Apple – 1998 ~ 2000
Mesmo que você ache que mouses são todos iguais, a Apple, com certeza, discorda de você, e insiste em designs arrojados e nada funcionais. O primeiro deles foi o caso do primeiro mouse USB da história, lançado com o iMac em 1998. Com um formato circular, o mouse não era confortável e contava com apenas um botão que parecia mais atrapalhar do que ajudar os usuários. Na época, chegou-se, inclusive, a ser vendido o iCatch, um adaptador de mouse, para transformá-lo em algo mais “utilizável”.
Power Mac G4 Cube – 2000 ~ 2001
Este talvez seja o ápice de criação de Steve Jobs em termos de design. Sempre pensando em seus produtos como peças de arte, que deveriam, também, ser apreciados pela beleza e elegância além da performance, ele, que era conhecido por ser, literalmente, obcecado pelo design exigia o máximo de sua equipe, que deveria, prontamente atender aos seus caprichos. O Power Mac G4 Cube foi um resultado da NEXT, empresa criada por Jobs em seu afastamento da Apple.
Lançado em 2000, o Power Mac G4 Cube parece ter sido desenhado mais para ser lindo e apreciado, do que para ser usado: Um cubo envolto em acrílico que escondia um computador modesto e frágil, bem como, caro: US$ 1800, apenas US$ 200 a mais que o mais poderoso Power Mac G4. Ahh, e mesmo que você desembolsasse essa grana por esse Cube, ainda não poderia usá-lo, pois precisaria de um monitor a parte. Relatos de usuários contam ainda que o Cube não funcionava bem, ele superaquecia os componentes e havia a quebra da carcaça.
Por tudo isso, apenas um ano após seu lançamento, o Power Mac G4 Cube foi aposentado com pouco mais de 100 mil unidades produzidas. Ahh, mas todo o esforço de Steve Jobs não foi em vão. Hoje a peça faz parte do MOMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. É sério. Clique aqui e veja.
U2 iPod – 2004 ~ 2004
Primeira parceria entre a empresa e a banda (quem não se lembra de ter a conta invadida por conteúdo não pedido do U2 no ano passado?) resultou em um iPod com a marca do U2, que vinha com músicas e entrevistas do U2. Foi a primeira vez que a Apple produziu iPods em outra cor que não a tradicional prata.
Custando US$ 50 a mais do que o mesmo iPod em versão convencional, o aparelho não emplacou.
Rokr – 2005 ~ 2009
Primeira tentativa da Apple em adentrar no mundo da telefonia, o Rokr, desenvolvido em parceria com a Motorola fora pensado para ser um misto de iPod, sucesso da Apple, com o Razr, sucesso da parceira. No entanto não emplacou por demorar muito para transferir as músicas, possuir um limite complicado de cem músicas, de difícil transporte, e, segundo os clientes, ser feio.
Foi isso, o primeiro celular com iTunes acabou sendo um grande fracasso de vendas par a Apple. A Motorola continuaria a fabricá-lo por mais alguns anos, tentando emplacar uns novos modelos, enquanto Steve Jobs já surfaria no sucesso do seu iPhone.
iPod Hi-fi – 2006 ~ 2007
Tentando aumentar o volume de vendas e surfar no sucesso do iPod, surgiu o iPod Hi-fi, um sistema de som estéreo com alto-falantes da marca Bose. Também não deslanchou por causa do seu preço: US$ 349. Embora não tão caro como os computadores de antigamente, o iPod Hi-fi competia com outros produtos que eram vendidos por muito menos.
Outras críticas advém de que, fora os 30 pinos de conexão do iPod, nada mais segurava o aparelho, o que ficava muito frágil e sujeito a danos, também não possuía rádio AM/FM, alguns modelos de iPods não eram compatíveis, etc. Por essas e outras o produto foi aposentado 1 ano e meio após seu lançamento.
iPod Shuffle 3rd generation – 2009 ~ 2010
Ok, esse daqui não pode ser considerado um fracasso de vendas, um produto que não teve receptividade, ou qualquer outra coisa, porém, aparece na lista por ser incrivelmente pequeno, o que torna o aparelho muito ruim de mexer.
Caracteristicamente minimalista, até a família Shuffle recebeu com estranheza um modelo sem NENHUM botão. Como mexer? Como lidar com esse surto criativo de Jobs?
Bem para mexer no seu iPod Shuffle de 3ª geração você teria de usar o botão do seu fone de ouvidos. Esqueça qualquer tipo de visor e vá somente na sua memória fotográfica de quais as pastas você subiu para ele. Daí para a frente, dê um duplo clique no botão para avançar à próxima faixa, dê um duplo clique e segure para ir para passar rapidinho a faixa que está ouvindo e um triplo clique nos primeiros 6 segundos da música para voltar à faixa anterior.
Quer coisa mais confusa do que isso? O produto da Apple menos intuitivo já feito.
iTunes Ping – 2010 ~ 2012
Você já ouviu falar na rede social da Apple? Pois é, por isso ela está aqui na nossa lista. Lançada em setembro de 2010 por Jobs já muito debilitado pela doença, a rede social de música foi um grande fiasco. A ideia original era que os usuários pudessem acompanhar pelo Ping, nome da rede social, seus artistas prediletos e teve adesão de artistas de renome, como Lady Gaga e Coldplay.
Nas primeiras 48 horas de lançamento, mais de 1 milhão de contas foram criadas – mas o sucesso parou por ai. Sem integração com o Facebook, que já dominava o mercado, o Ping não teve muito apelo e logo se mostrou ineficaz, além disso, funcionava somente dentro do iTunes. Além disso, a rede só estava disponível nos 23 países onde havia iTunes Stores naquele ano.
Apple Maps – 2012 ~ ainda em atividade
Lançado juntamente com o iOS 6, o aplicativo tentava evitar a dependência do Google Maps que a empresa vinha passando e tentava oferecer um serviço à altura. Contudo, o serviço da Apple falhou em oferecer o mesmo padrão de qualidade, e virou uma série de engraçadas piadas na internet por apresentar diversos erros, bem como oferecer direções erradas, apresentar imagens aéreas totalmente distorcidas, etc.
Desde então, a empresa vem tentando consertar o erro e criar um concorrente digno ao Maps. Até lá, o descrédito é total, entre outras, por ter sido ele escolhido um dos maiores fails tecnológicos de 2012 pela CNN.
Lembrou de algum software ou produto que não listamos? Conte-nos nos comentários.
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