Atualmente muito se questiona sobre o modo de governo existente na Coréia do Norte e a postura dos americanos diante de uma eminente guerra de escala catastrófica. Inclusive já podemos ver vídeos nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp aonde uma menina fala sobre o governo Norte Coreano e como ocorrem grandes injustiças sociais naquele país. Já vimos comentários de pessoas se comovendo com tal situação e que esperam que o "justo" presidente americano Trumps, acabe com tudo isso, possivelmente acabando também com o povo que sofre estas injustiças, em meio ao fogo cruzado.
Porém, o que muita gente não percebe é que os reais interesses americanos em nada tem haver com os problemas domésticos da Coréia e pouco se importam com isso. Se hoje o líder supremo coreano fosse aliado dos EUA, provavelmente nunca veria a tona, ou pelo menos com tanta ênfase, questões como essa sobre as injustiças sofridas pelo povo nativo e mesmo se houvessem, com certeza os EUA nada fariam para intervir ou resolver de fato o problema.
Lembrem-se que no caso do Iraque, os EUA nunca provaram que Saddam possuísse armamento nuclear e mesmo assim invadiram e fizeram o que bem entenderam com o país, mesmo sem a aprovação da ONU. Se já é difícil para um povo resolver os seus problemas internos, imaginem quando são invadidos, subjugados e literalmente saqueados por um país invasor (controle das reservas de petróleo) que se diz falsamente aliado.
Para ilustrar bem isso, trazemos aqui um artigo que foi publicado pelo blog Pequena Dúvida em 11/09/2013 e que traz a tona um forte questionamento sobre os principais acontecimentos que norteiam os reais interesses dos americanos sobre a Síria.
Nada como aprendermos com a história para percebermos quem é quem e que não basta julgarmos um ou outro, sem antes colocar na balança todos os pesos e medidas que fazem parte da história e tentarmos entender qual o papel de cada um e qual sua natureza e participação nela. Confiram o Dossiê Síria: toda verdade e os interesses americanos:
Em um esforço diplomático para evitar um ataque americano à Síria como uma lição por supostamente ter usado armas químicas contra o povo, a Rússia propôs colocar as armas químicas sírias sob controle internacional. No entanto, a possibilidade de ataque não está descartada, apesar de as chances de que seja aprovada na votação dos EUA é tão mínima que era bem capaz que essa votação fosse cancelada para não evidenciar a falta de apoio a Obama.
Sendo assim, a proposta russa foi muito producente para Obama, que, para poder analisá-la, adiou ontem a votação do Senado.
A razão para essa falta de apoio interno e externo deve-se, em parte, ao fato de que, até agora, ninguém conseguiu provar que foi o governo sírio mesmo que usou essas armas químicas. No meio de tanta desinformação, como saber o que é realmente verdade nessa história toda? Aqui, uma série de respostas que podem dar mais clareza ao que está acontecendo.
1. Quem são os verdadeiros responsáveis pelo uso de armas químicas na Síria?
Segundo os EUA e aliados, o regime sírio. Mas eles não apresentaram prova nenhuma para suportar essa acusação.
Segundo a Rússia e aliados, foram os grupos rebeldes apoiados pelos EUA. E a Rússia tem evidências de que os rebeldes já usaram armas químicas neste ano, em um acontecimento que está sendo descaradamente ignorado pela mídia.
No dia 19 de março, houve um ataque com agentes tóxicos em Aleppo, em que morreram soldados sírios. Um laboratório russo certificado pela OPAQ analisou as amostras recolhidas e entregou o resultado à ONU. Esse resultado mostrava que o míssil tinha sido fabricado artesanalmente e era igual aos fabricados pelos militantes da brigada Bashair al-Nasr, que tem laços próximos com o Free Syrian Army, e os explosivos utilizados eram diferentes daqueles do exército. O mundo parece também ignorar que outros militares sírios foram contaminados no incidente de 21 de agosto, mesmo com enviados da ONU sendo testemunha disso. Além do mais, não há razões aparentes para o governo sírio usar armas químicas contra seu próprio povo em uma guerra que está ganhando, ainda mais perto do Palácio Presidencial.
2. Quem são os rebeldes que os EUA apoiam?
É aí que a porca começa a torcer o rabo. Os rebeldes que são apoiados pelos EUA incluem nada menos do que grupos terroristas como o Jabhat al-Nusra, que é o braço da al-Qaeda na Síria, em união com o Free Syrian Army.
Esses terroristas seriam recrutados e treinados pelos EUA e OTAN, inclusive no uso de armas químicas. Engraçado que para levar a cabo sua famosa “guerra ao terror” os EUA precisem se aliar a “terroristas”. Pouco contraditório? Muitos americanos já estão começando a perceber essa contradição.
3. E por que os EUA teriam interesse em uma guerra com a Síria?
Por vários motivos:
– Interesse estratégico
A Síria tem um papel estratégico na questão Israel/Palestina, uma vez que não é aliada de Israel. Mais do que isso, é aliada do Irã, que usa seu território para enviar armas ao Hezbollah no Líbano e ao Hamas na Palestina, contra Israel.
– O caso do óleo de xisto
O óleo de xisto vem se destacando como alternativa ao petróleo que conhecemos, o que deve beneficiar os EUA, que têm grandes reservas e planejam um boom do óleo de xisto para a próxima década. Isso, ao mesmo tempo, deve reduzir a hegemonia dos países produtores de petróleo no Oriente. Sendo assim, a Arábia Saudita e a Rússia estariam discutindo alianças para manter o preço do petróleo. Só que essa aliança é extremamente desinteressante para os EUA, que sempre teve a Arábia Saudita como aliada. Dessa forma, o interesse do governo americano é desestabilizar a região, colocando a Rússia, aliada da Síria, contra a Arábia Saudita, evitando que ela “bandeie” para o outro lado.
– O gasoduto dos sonhos
Uma troca de regime na Síria poderia tornar possível a conclusão de um duto de gás natural que traria enormes lucros a Israel, EUA, Turquia, Chipre e Qatar. Qatar, que é o maior exportador de gás natural do mundo e sonha com o gasoduto para exportar para a Europa, gastou 3 bilhões de dólares em apoio aos rebeldes na Síria. O atual governo sírio é contra o gasoduto por ir contra os interesses da Rússia, que é o maior fornecedor de gás natural para a Europa.
– Guerra não tão fria
A questão seria ainda hegemônica: uma intervenção americana – não necessariamente uma guerra – teria como objetivo impor a hegemonia de Washington sobre a Rússia e a China.
4. Tá, entendi. Mas por que os EUA não fazem logo esse ataque?
Primeiramente, não se sabe o que aconteceria e quem assumiria se Assad saísse do poder, já que os rebeldes que os EUA ajudam envolvem grupos apoiados pela al-Qaeda. Uma tomada do poder pelos rebeldes iria fortalecer os jihadistas e levar a outra guerra civil – exatamente o que aconteceu no Afeganistão, em que a intervenção americana ajudou a levar o Talibã ao poder nos anos 90, e no Egito, quando Morsi assumiu.
Como não existe um grupo único de rebeldes e sim a união de vários grupos, existem também vários objetivos e é difícil saber quais deles seriam levados a cabo no caso da saída de Assad do poder.
Além disso, se os EUA conduzirem um ataque à Síria sem as devidas provas, estarão repetindo o fiasco que foi a invasão do Iraque em 2003. Naquela época, os EUA apresentaram à ONU relatório informando que o Iraque possuía armas de destruição em massa, justificando a invasão. No entanto, mesmo depois do ataque, as armas nunca foram encontradas e os EUA mancharam sua imagem frente à comunidade internacional.
Paras concluir, um ataque com o aval da ONU tem pouquíssimas chances de acontecer porque a Rússia, aliada da Síria, tem poder de veto no Conselho de Segurança. Sendo assim, uma intervenção americana violaria várias leis e acordos internacionais. Algo que não é nada interessante para os EUA neste momento, em que sua política imperialista a qualquer preço está sendo mais do que questionada.
Enquanto não se chega a uma resolução, melhor não deixar nas mãos dos americanos.
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