Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: Cloroquina: estudo definitivo em 100 mil pacientes encerra a questão sobre sua eficácia

sábado, 23 de maio de 2020

Cloroquina: estudo definitivo em 100 mil pacientes encerra a questão sobre sua eficácia


Um novo estudo com quase cem mil pacientes de Covid-19 não mostrou qualquer benefício no tratamento com medicamentos antivirais cloroquina e hidroxicloroquina e, na realidade, aumentou a probabilidade de que morressem no hospital.

Hidroxicloroquina e cloroquina são comumente usados no tratamento da artrite e malária, mas figuras públicas em seus pronunciamentos, incluindo o presidente do Brasil – Jair Bolsonaro – anunciou a fabricação em massa do medicamento e sua aplicação pelo SUS.

A cloroquina pode produzir efeitos colaterais que podem ser graves como arritmia cardíaca.

Os autores de um novo estudo publicado sexta-feira na revista científica The Lancet disseram ter observado que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina não tiveram efeito positivo no tratamento de pacientes hospitalizados por coronavírus.

Ao analisarem os prontuários de 96 mil pacientes tratados em centenas de hospitais, eles confirmaram que a administração destas drogas realmente aumenta o risco de óbito.

Eles também chegaram a comparar quatro diferentes grupos: pacientes tratados exclusivamente com hidroxicloroquina, aqueles tratados com cloroquina e também dois grupos que receberam os mesmos medicamentos combinados com antibióticos.

A comparação foi feita também com um grupo controle: pacientes que não receberam nenhum destes tratamentos.

Cerca de 9% dos pacientes no grupo de controle foram a óbito. Dos que foram tratados apenas com hidroxicloroquina ou apenas com cloroquina, 18% e 16,4%, respectivamente, morreram.

O grupo que recebeu cada droga juntamente com antibióticos teve taxas de óbito ainda maiores: 22,8% (cloroquina) e 23,8% (hidroxicloroquina).

Os autores concluíram que a cloroquina e hidroxicloroquina aumentam o risco de morte dos pacientes de Covid-19 em 45% em comparação a problemas de saúde subjacentes.

“O tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina não beneficia pacientes com Covid-19”, afirmou Mandeep Mehra, o principal autor deste estudo e diretor do Brigham and Women’s Hospital Center for Advanced Heart Disease, em Boston, EUA.

“Em vez disso, nossas descobertas sugerem que pode estar associado a um risco maior de problemas cardíacos graves e aumento do risco de morte”.

O ministro da Saúde do Brasil recomendou na quarta-feira o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar até casos leves de Covid-19. Apesar do entusiasmo de Bolsonaro em usar a cloroquina para o tratamento com Covid-19, além do medicamento não ser benéfico ele piora significativamente as chances de sobrevivência dos pacientes.

A Grã-Bretanha encomendou 35 milhões de libras (R$ 237 milhões) em hidroxicloroquina, apesar de inúmeros estudos mostrarem sua ineficácia no tratamento do Covid-19.

“Vários países defenderam o uso de cloroquina e hidroxicloroquina, isoladamente ou em combinação, como tratamentos potenciais para o Covid-19”, disse Frank Ruschitzka, diretor do Centro do Coração do Hospital Universitário de Zurique que foi co-autor do estudo.

“Agora sabemos em nosso estudo que a chance de que esses medicamentos melhorem os resultados no Covid-19 é muito baixa”.


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