O Natal é um dos momentos mais importantes do cristianismo, pois celebra o nascimento de Jesus Cristo, evento que aconteceu no ano 1, em Belém, na atual Palestina. Comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro, embora não exista nenhuma comprovação histórica de que Jesus tenha de fato nascido nesse dia.
O Natal é um período marcado por muitas tradições que incluem as decorações natalinas, a decoração da Árvore de Natal, a troca de presentes e a realização da Ceia de Natal. No aspecto religioso, a Igreja Católica também realiza uma missa conhecida como Missa do Galo. Apesar de ser uma festividade cristã, o Natal também é celebrado secularmente como momento de ressaltar valores como a união e o amor.
Jesus nasceu no dia 25 de dezembro?
Atualmente, os historiadores não possuem evidências que comprovem o nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro. [1]
Os historiadores não possuem nada que possa comprovar a data do nascimento de Jesus Cristo. Sendo assim, não é possível afirmar se ele nasceu ou não nesse dia. O que se sabemos é que, no final do século II, o Natal não era celebrado e os cristãos não acreditavam que o nascimento de Jesus tinha acontecido em 25 de dezembro.
Um relato do ano 200, de Clemente de Alexandria, fala que os cristãos da época debatiam o nascimento de Cristo e defendiam que ele tinha nascido em datas como 15 de abril ou 21 de março, por exemplo. Foi no decorrer do século III ou IV que o dia 25 de dezembro consolidou-se como Natal, e um festival pagão dos romanos pode ter relação com isso.
Os historiadores não têm como assegurar, mas a teoria mais aceita hoje é a que aponta que o surgimento do Natal foi uma resposta da Igreja à popularização de um festival em homenagem ao Sol Invencível e a Mitra, dois deuses adorados pelos romanos. Esse festival foi criado em 274, pelo imperador Aureliano, e era realizado no dia 25 de dezembro.
Como essa celebração era bastante popular entre os romanos, acredita-se que a Igreja Católica tenha tornado o dia como a data de comemoração do nascimento de Cristo. Tratava-se de parte de uma estratégia para enfraquecer o paganismo e conquistar fiéis, mostrando à população que naquele dia não era celebrado o Sol Invencível ou Mitra, mas sim o nascimento de Jesus.
Acredita-se também que o ponto de partida para comemorar o Natal em 25 de dezembro foi uma determinação do papa Júlio I, em 350. Inclusive, o primeiro registro escrito a respeito do Natal, enquanto festividade no dia 25 de dezembro, remonta a 354, em um calendário produzido por Fúrio Dionísio Filócalo.
Tradições natalinas
Atualmente, a nossa forma de comemorar o Natal diverge-se muito das primeiras formas que ele foi celebrado. Nossa tradição natalina reúne traços pagãos e cristãos, além de possuir diversos elementos frutos da modernização do planeta e da secularização da festa. Aqui faremos um breve comentário sobre algumas tradições: o Presépio, a Missa do Galo, o Papai Noel e a Árvore de Natal.
Missa do Galo
Acredita-se que tenha surgido no século V, por obra do papa Sisto III. Alguns falam que essa tradição surgiu no século II, mas isso não faz sentido, uma vez que nesse século não se celebrava o nascimento de Jesus Cristo e nem se acreditava que ele teria nascido em 25 de dezembro. A Missa do Galo é, basicamente, uma missa celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e realizada na véspera de Natal, iniciando-se exatamente à meia-noite do dia 25 de dezembro.
Presépio
O Presépio é aquela representação, em escultura, do nascimento de Jesus em uma manjedoura. Essa é uma prática muito comum entre os cristãos e foi criada por São Francisco de Assis, em 1223, durante uma pregação natalina no interior da Itália. Foi utilizado por São Francisco para facilitar a compreensão daqueles que ouviam sua pregação sobre o nascimento de Jesus. A prática caiu nas graças da população, espalhou-se pela Europa e permanece até hoje.
Árvore de Natal
Aqui no Brasil, a tradição da árvore de Natal estende-se do dia 30 de novembro até 6 de janeiro.
Trata-se de uma prática originária da Antiguidade que tornava a árvore uma parte importante de rituais religiosos. Esse símbolo atual, provavelmente, inspirou-se em uma celebração dos nórdicos antigos que celebravam o Yule ou Jól no período do solstício de inverno (21 de dezembro). Nessa festividade nórdica, um pinheiro era utilizado como decoração, sendo um importante símbolo de fertilidade.
Para os nórdicos, a árvore chamada julgran relacionava-se com um símbolo importante da cosmologia daquele povo: a Yggdrasil, um freixo gigantesco que sustentava o Universo em seus galhos. Os historiadores acreditam que a prática de decorar árvores, realizada em dezembro pelos nórdicos, espalhou-se pela Europa e modernizou-se, assumindo os contornos atuais.
Aqui no Brasil, a prática de montar a Árvore de Natal, de acordo com a nossa tradição, deve ser iniciada no dia 30 de novembro, momento em que é iniciado o advento no calendário litúrgico do cristianismo. A árvore deve permanecer montada até o dia 6 de janeiro, conhecido no cristianismo como Dia de Reis, quando se dá início ao tempo comum no calendário litúrgico.
Papai Noel
O Bispo cristão dos séculos III e IV, São Nicolau, serviu de inspiração para o Papai Noel. [2]
Papai Noel é uma figura muito simbólica que realiza a distribuição de presentes na véspera do Natal. Na lenda atual, diz-se que esse velhinho vestido de vermelho cruza os céus em um trenó puxado por oito renas e entra nas casas pela chaminé deixando os presentes, mas só para as crianças comportadas. Originariamente, essa figura da cultura natalina tem raízes em tradições cristãs e pagãs.
A origem cristã do Papai Noel remonta a São Nicolau, bispo de Mira que viveu na região da atual Turquia nos séculos III e IV. Ficou conhecido por ser uma figura extremamente generosa que usou sua herança familiar para distribuir presentes e ajudar os que necessitavam de dinheiro e de alimentos. Sua generosidade acabou fazendo com que ele ficasse conhecido como amigo das crianças.
A origem pagã, por sua vez, pode remeter a Odin, deus presente na mitologia nórdica. Na época do Yule, os nórdicos acreditavam que esse deus, disfarçado de velhinho, ia de casa em casa para deixar presentes. Acreditava-se que Odin cruzava os céus montado em seu cavalo de oito patas, chamado Sleipnir.
A cristianização do norte da Europa fez com que Odin passasse a ser substituído por São Nicolau como distribuidor de presentes. Na Holanda, a consolidação do cristianismo deu surgimento ao Sinterklaas, um velhinho que distribuía presentes e remetia diretamente a São Nicolau. Com a migração de holandeses para a América do Norte, o mito chegou à região hoje pertencente aos Estados Unidos e assim surgiu o Santa Claus (perceba a semelhança do nome com Sinterklaas).
Os contornos modernos do Papai Noel surgiram com um poema, do século XIX, escrito por Clement Clarke Moore, e com peças de publicidade produzidas no começo do século XX.
Créditos das imagens
[1] meunierd e Shutterstock
[2] Adam Jan Figel e Shutterstock
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