A imagem da cabeça arrancada de Zumbi, levada ao Recife em 1695 e exibida publicamente, produz dois sentidos antagônicos: o poder opressor é capaz de derrotar os insurgidos, mas uma boa luta de fato nunca morre. Não por acaso, a imagem virou monumento no Rio de Janeiro.
Sabe-se pouco desse grande brasileiro. Nascido no quilombo de Palmares, localizado na Serra da Barriga, hoje estado de Alagoas, Zumbi se afirma como grande guerreiro, chefe destemido e último líder do maior foco de resistência negra contra a escravidão no Brasil. Em 1662, ainda menino, teria sido capturado por soldados e entregue ao padre Antônio Melo, que lhe deu o nome de Francisco e os conhecimentos de leitura e escrita em português e latim.
Aos 15 anos, fugiu e retornou a Palmares, adotando o nome Zumbi, evocando, na origem africana, o termo dzumbi: guerreiro, defunto, deus da guerra ou até morto-vivo. No quilombo, que chegou a ter 50 mil habitantes, liderou lutas vitoriosas contra os portugueses. Em 1678, diante de um acordo entre Ganga-Zumba, seu tio e chefe do quilombo, e o governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, que garantia liberdade aos nascidos em Palmares, Zumbi envenena Ganga-Zumba, assume a chefia e recusa o acordo. Para ele não bastava viver livre, era necessário libertar os ainda escravos.
Zumbi queria a abolição da escravatura, não apenas a liberdade parcial de seu grupo. As investidas contra Palmares se intensificam e a resposta é dada com extraordinária resistência. Zumbi luta e faz aos seus homens o convite à morte pela liberdade. Em 1694, Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista conhecido pela impiedade, foi convocado pelo governador para liderar a milícia que tinha como missão encontrar e destruir Palmares. Com um grupo de dois mil homens e apoio de pesada artilharia, Velho inicia a busca. Chegou a batalhar com Zumbi, baleando o líder quilombola. O episódio faz surgir o boato de sua morte.
No ano de 1695, no entanto, Zumbi lidera ataques a povoados em Pernambuco.
É nesse mesmo ano que Velho chega ao ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares. Uma intensa batalha se iniciou e a comunidade resistiu por vinte e dois dias, antes de ser derrubada. Zumbi foi ferido, mas escapou, continuando a lutar com abnegada resistência. Entretanto, traído por um antigo companheiro, é denunciado, preso e degolado em 20 de Novembro de 1695. Estava morto o herói brasileiro. A data marca no calendário do país o Dia Nacional da Consciência Negra, lembrando a história do homem nascido livre e morto por desejar a liberdade de seu povo.
Fonte: www.brasil.gov.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário.