Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: Confira 10 livros para enriquecer o cérebro e a biblioteca

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Confira 10 livros para enriquecer o cérebro e a biblioteca

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A lista inclui livros que estão nas livrarias e obras que ainda vão ser lançadas, mas já podem ser adquiridas nas livrarias virtuais. 

Um livro que certamente deve ser considerado imperdível é a biografia “Uma Mulher Vestida de Silêncio — A Biografia de Maria Thereza Goulart”. A mulher do presidente João Goulart, belíssima, encantava os brasileiros e os estrangeiros. Jango não era bonito, embora fosse charmoso — era mulherengo (chegou a disputar mulher com Garrincha) —, mas, quando se juntava a Maria Thereza, o casal ficava tão bonito que lembrava o par John Kennedy e Jacqueline Kennedy. O relançamento de “Grande Sertão: Veredas”, o romance que introduziu a literatura brasileira no modernismo heterodoxo de James Joyce e William Faulkner, tornando-se um par de “Ulysses” e “O Som e a Fúria”, é um fato tanto literário quanto histórico. A sra. Linguagem é, neste livro de “interpretação” do Brasil, uma personagem tão poderosa que rivaliza com Diadorim e Riobaldo.

O Poço e a Estrada — Biografia de Agustina Bessa-Luís, de Isabel Rio Novo

A espantosa capacidade de produzir de Agustina Bessa-Luís, com alta qualidade, é um enigma que não pode ser explicado por sua longevidade (ela, por sinal, está reclusa, protegida pela família). E. M. Forster (Edward Morgan) viveu 91 anos e deixou uma obra reduzida, ainda que de qualidade. Portugal comemora — talvez seja a palavra justa — o lançamento da biografia “O Poço e a Estrada — Biografia de Agustina Bessa-Luís” (Contraponto, 503 páginas), de Isabel Rio Novo, doutora em literatura. Numa entrevista ao jornal “Diário de Notícias”, a autora explica o título da obra: “Nasce da leitura do seu romance ‘O Manto’, onde o personagem vislumbra o seu futuro ao olhar para dentro de um poço. Era uma metáfora interessante para a aventura da escrita precoce de Agustina, que começa a ler e escrever muito cedo e, também na adolescência, inicia a escritura literária”. O Brasil parece fascinado por José Saramago, o García Márquez de Portugal. Nada contra, por sinal. Mas Agustina Bessa-Luís e António Lobo Antunes, escritores bem diferentes, diga-se, merecem leituras atentas. O leitor certamente concluirá o quanto a literatura portuguesa é interessantíssima e, mais, variada.

Uma Mulher Vestida de Silêncio, de Wagner William

Você sabe quem é Maria Thereza Fontella, que, na infância, falava italiano? A menina era bela e, com 8 anos, atirava como uma especialista. Aos 12 anos, se sentia adulta. Aos 17 anos, ao ser pedida em casamento por João Goulart, ficou desconcertada. Doutel de Andrade disse: “Maria Thereza, o Jango mandou dizer que quer ir lá na fazenda falar com o seu pai. Ele quer falar com o seu pai porque quer casar”. A adolescente redarguiu: “Ué, ele quer casar? Mas e eu? Eu não quero”. Ao pai, acrescentou: “Eu não quero me casar. Não estou pronta para casar, sou muito criança ainda”. Depois, Jango insistiu: “Estou pronto, quero casar”. A garota retrucou: “Mas eu não estou. Não estou querendo casar”. Acabou se casando com o político que, depois de ter sido ministro do governo de Getúlio Vargas, foi vice-presidente de Juscelino Kubitschek, vice-presidente de Jânio Quadros e presidente da República. Jango era mulherengo e, perto de Maria Thereza, era a “fera”, e ela, a bela. Mulher obstinada, de uma beleza que cativava de imediato, Maria Thereza ficou ao lado de Jango até sua morte.

A história acima foi extraída do livro “João Goulart — Uma Biografia” (Civilização Brasileira, 713 páginas), de Jorge Ferreira. “Uma Mulher Vestida de Silêncio — A Biografia de Maria Thereza Goulart”, de Wagner William, ainda não está nas livrarias. Mas certamente é um amplo resgate da história de Maria Thereza e, também, de João Goulart. E, como não poderia deixar de ser, uma história do Brasil nos séculos 20 e 21. Ah, sim, Jango era um grande atirador, mas não ganhava de sua mulher. (Editora Record, 644 páginas).

Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa

O romance “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, parece ter descoberto o elixir da juventude. Porque não envelhece. Ou melhor, envelhece como os bons vinhos: fica melhor com o tempo, mais poderoso e reverberante. O livro está dizendo mais a cada leitura (não se pode falar, pois, em releitura). É possível sugerir que a obra-prima do escritor mineiro — filho tanto da aldeia quanto do universal — é, mais do que moderna, eterna. Os personagens são fascinantes — tanto Reinaldo Diadorim quanto Riobaldo Tatarana, com seus nomes majestosos, quiçá medievais — e dialogam com outro personagem, este presente em todas as páginas, a sra. Linguagem. Que a nova edição esteja provocando barulho — inclusive pela fortuna crítica que reúne (Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago, e trechos da correspondência em que Clarice Lispector e Fernando Sabino discutem a obra)—, sobretudo na imprensa, prova a vitalidade das palavras do médico-diplomata, que, de algum modo, canta e conta o Brasil por intermédio da literatura. Chegou a hora, como indica Willi Bole, de admitir “Grande Sertão: Veredas” como uma obra, claramente literária, que também deve ser considerada como uma interpretação do Brasil, na esteira de “Os Sertões”, de Euclydes da Cunha, “Casa Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre, “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro, e “O Povo Brasileiro”, de Darcy Ribeiro. (Companhia das Letras, 552 páginas. Detalhe: a editora lançou uma edição de luxo, com preço pouco acima de mil reais, e não deu pra quem quis. Acabou antes de chegar às livrarias.)

Frederico, o Grande, de Tim Blanning

O título completo é: “Frederico, o Grande — O Rei da Prússia”. A história da Europa do século 18 pode ser contada, em parte, por um homem — Frederico, o Grande, um déspota esclarecido que os prussianos de seu tempo chamavam de “o Velho Fritz” (ele viveu 74 anos, entre 1712-1786). Governou a Prússia (base da Alemanha, mais tarde) de 1740 a 1786, quando morreu, por 46 anos. Sinopse da editora: “Nesta biografia magistral, o premiado historiador Tim Blanning nos apresenta um retrato íntimo e profundo de um rei que transformou a vida política, militar e cultural de uma nação, e nos leva para dentro da mente do monarca, dando-nos uma nova compreensão do notável reinado de Frederico, o Grande. Um monarca brilhante, ambicioso e, por vezes, impiedoso, Frederico era um homem de imensas contradições. Este extraordinário conquistador foi também um ardente patrono das artes, atraindo pintores, arquitetos, músicos, dramaturgos e intelectuais para sua corte. Homem de Estado, compositor e escritor, Frederico construiu a sua própria imagem de déspota esclarecido ao transformar a Prússia em uma superpotência e fazer de Berlim uma das capitais das luzes, colocando-a no rol das principais cidades europeias do século 18”. (Editora Amarilys, 608 páginas, tradução de tradutor: Laura Folgueira.

O Cão e os Caluandas, de Pepetela

O angolano Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos), de 77 anos, é um escritor notável, ainda não suficientemente conhecido no Brasil, embora seus livros estejam circulando entre nós (nas livrarias de livros novos e nas livrarias de livros usados). “O Cão e os Caluandas”, lançado em 1985, finalmente chega ao Brasil. Trata-se de uma ficção sobre Angola, a do período pós-Independência. No centro da história, um cachorro pastor alemão. As histórias ocorrem em Luanda, capital de Angola, depois de 1980. Segundo sinopse da editora, os relatos “trazem episódios e anedotas sobre as andanças do cão, que invade desde passeatas até reuniões de sindicato, sempre lembrando ao leitor e os caluandas — palavra para designar os moradores de Luanda — deste pedaço do colonizador deixado para trás (um cão polícia, mas já nascido após a independência). Os relatos, coletados por um autor anônimo, contam as diversas versões da vida do cão, seus diferentes donos, e os muitos lugares por onde passou e onde foi visto. Há um poeta, uma prostituta, um funcionário público, um mecânico… Diversas pessoas que conheceram o cão de alguma maneira”. (Editora Kapulana, 172 páginas).

A Praça e a Torre, de Niall Ferguson

O título completo é “A Praça e a Torre — Redes, Hierarquias e a Luta Pelo Poder Global”. Já está nas livrarias. Niall Ferguson é um historiador que navega, por vezes, contra a corrente. Ele já escreveu que o império deu mais prejuízo do que lucro à Inglaterra. Nada ortodoxo, pois. Agora, volta às livrarias com outro livro heterodoxo, no qual mostra que as redes sociais, tão na moda — como se fossem eternas —, são menos novas do que se imagina. Trecho do prefácio: “E se o sucesso, a fama e a notoriedade de Kissinger resultaram não só de seu poderoso intelecto e formidável força de vontade, mas também de sua habilidade excepcional para construir uma rede eclética de relacionamentos, não apenas com colegas fora nas administrações de Nixon e Ford, mas também com pessoas fora do governo: jornalistas, donos de jornais, embaixadores estrangeiros, chefes de Estado — e até produtores de Hollywood?”. Sinopse deste livro interessantíssimo, que estou lendo: “A maior parte da história é hierárquica: descreve papas, presidentes e líderes revolucionários. Porém, e se a razão disso for apenas o fato de as hierarquias criarem os arquivos históricos? E se estivermos ignorando redes igualmente poderosas, mas menos visíveis ― deixando-as para os defensores de teorias conspiratórias, com seus sonhos de illuminati todo-poderosos? O século 21 tem sido chamado de a era das redes. 

No entanto, em ‘A Praça e a Torre’, Niall Ferguson argumenta que as redes sociais não são um fenômeno novo. Desde as gráficas e pregadores que fizeram a reforma aos maçons que lideraram a Revolução Norte-Americana, passando pelo Iluminismo, as grandes guerras e até a recessão econômica de 2008/2009, foram as redes que abalaram a ordem vigente. Ao longo da História, hierarquias alojadas em altas torres governavam, mas muitas vezes o poder real residia nas redes das praças das cidades. São as redes que tendem a inovar – e é através delas que as ideias revolucionárias se espalham. Longe de ser novidade, a nossa era é a Segunda Era das Redes, com o computador pessoal no lugar da prensa móvel. Portanto, aqueles que mantêm esperanças de uma utopia de ‘cidadãos da Internet’ interconectados talvez se desapontem, pois as redes são suscetíveis a agregações, contágios, e até mesmo interrupções de atividades. E os conflitos dos séculos 16 e 17 já têm paralelos inquietantes hoje, na época do Facebook, do Estado Islâmico e do mundo de Trump”. (Crítica, 589 páginas, tradução de Angela Tesheiner e Gavin Adams).

Maria Firmina dos Reis, Várias Autoras

O título completo do livro é: “Maria Firmina dos Reis — Faces de uma Precursora”, organizado por Constância Lima Duarte, Luana Tolentino, Maria Lúcia Barbosa e Maria do Socorro Vieira Coelho. Apontada como a primeira romancista brasileira, Maria Firmina nasceu no ano da Independência do Brasil, em 1822, e morreu no ano da Revolução Russa, em 1917. Certa feita, a mãe recomendou que fosse carregada por escravos, em palanquim, para ser nomeada professora. Irritada, disse: “Negro não é animal para se andar montado nele”. Ela escreveu o “Hino da Abolição dos Escravos”. Sinopse da editora: “Maria Firmina, uma das pioneiras da ficção de autoria feminina em nosso país, ao lado de Nísia Floresta (1810-1885) e Ana Luísa de Azevedo e Castro (1823-1869), assume o ponto de vista do Outro tanto na representação dos escravizados, quanto no inédito enfoque das relações de dominação patriarcal, a partir da perspectiva da mulher. ‘A mente! Isso sim ninguém pode escravizar!’, afirma em certo momento uma de suas personagens. Em ‘Úrsula’, seu romance mais conhecido, a ausência de liberdade do negro emana do mesmo sistema que subordina a mulher, e isto muito antes de Simone de Beauvoir promover a equiparação destas categorias. 

A mulher e o Outro, tanto quanto o negro. Tais questões, que estão na ordem do dia na contemporaneidade, por si só justificam a ampla divulgação da escritora, bem como a organização de um volume específico contendo estudos sobre sua obra. Para que melhor a pudéssemos visualizar em sua grandeza, foram reunidos ensaios e artigos de autores que são referência em sua fortuna crítica, como também de jovens pesquisadores que nos revelam novas possibilidades de leitura que a obra firminiana oferece”. (Editora Malê, 356 páginas).

Crimeia, de Orlando Figes

O título completo é “Crimeia — A História da Guerra Que Redesenhou o Mapa da Europa no Século XIX”. Entre os historiadores mais brilhantes da Inglaterra, sobretudo quando o assunto é Rússia (e União Soviética), figura na infantaria Orlando Figes, que, além de pesquisar de maneira rigorosa, escreve com mestria (os historiadores ingleses são prosadores de rara excelência, filhos de uma longa tradição literária). O livro já está nas livrarias. Sinopse da editora: “Tendo praticamente redesenhado o mapa da Europa e causado a morte de incontáveis militares e civis, a Guerra da Crimeia — motivada pela crença fervorosa e populista de que era dever da Rússia governar todos os cristãos ortodoxos e controlar a Terra Santa — inflamou a rivalidade entre a Rússia e o Império Otomano em relação aos Bálcãs, desestabilizou as relações entre as potências europeias e acendeu uma fagulha para a Primeira Guerra Mundial. 

Por meio de um relato lúcido, vívido e sensível, Orlando Figes procura preencher essa lacuna, lançando luz sobre os fatores geopolíticos, culturais e religiosos que moldaram o envolvimento de cada potência nessa contenda e que deram origem ao extraordinário conflito travado com tecnologia industrial, soldados entrincheirados na neve, cirurgiões atuando no campo de batalha, cobertura da imprensa por intermédio de repórteres correspondentes e a fanática e assombrada figura do czar Nicolau I”. (Editora Record, 602 páginas, tradução de Alexandre Martins).

As Vidas de José Bonifácio, de Mary Del Priore

O marxismo de ponto de ônibus pariu uma excrescência: os grandes homens são descartáveis, porque, em tese, a história corre sozinha, ou melhor, movida unicamente pelo coletivo, pelas massas. Agarro um (ou uma) marxista pelo braço e indago: “A Revolução Russa de 1917 teria sido possível sem o ‘grande’ Lênin?” Ao lado de Roy Medvedev, estou entre os que avaliam que não era inevitável. Indivíduos extraordinários, como Lênin, Stálin, Franklin Roosevelt, Churchill e De Gaulle — pode-se não gostar dos dois primeiros, mas são peças decisivas do século 20 —, levam a história adiante ou, até, fazem-na recuar, caso de Koba. Entre os políticos e intelectuais brasileiros extraordinários está José Bonifácio de Andrada, que, se fosse americano, já teria sido biografado ao menos cinquenta vezes. Mary Del Priore está “reescrevendo” a história patropi não pelo “método confuso”, típico de alguns acadêmicos, e sim pelo método da clareza absoluta, o que não é o mesmo que simplificação. 

Agora, volta às livrarias com uma biografia de José Bonifácio, com um título apropriado, com “Vidas” no lugar de “vida”, porque este homem singular, “patrono da Independência do Brasil”, atuou de maneira plural. A historiadora assinala: “O Brasil não precisa de heróis ou ídolos, pois, bem sabemos, eles têm pés de barro [a pesquisadora poderia dizer: “Quer pureza? Não vá ao convento”… com todo respeito aos conventos]. O que precisa é conhecer a história dos homens de carne e osso que nos ajudem a compreender tanto o seu percurso no passado quanto a época que os produziu. É a sua complexidade que os faz se destacar no cenário. Bonifácio foi além e quis atravessar o esquecimento. Ele construiu a própria história”. (Editora Estação Brasil, 328 páginas) Para efeito de comparação, pode ser lida a biografia “José Bonifácio” (Companhia das Letras, 360 páginas), de Miriam Dolhnikoff.

Discos Marcus Pereira, de André Picolotto

O título integral é “Discos Marcus Pereira — Uma História Musical Brasileira”. O livro do jornalista conta a história do selo Discos Marcus Pereira, famoso pelas coletâneas “Música Popular do Nordeste”, “Música Popular do Centro-Oeste e Sudeste”, “Música Popular do Sul” e “Música Popular do Norte”, lançados entre 1973 e 1976. O must é, porém, o primeiro LP de Cartola, de 1976. O compositor estava com 65 anos. André Picolotto disse a Irlam Rocha Lima, do “Correio Braziliense”, que a obra conta várias histórias: “É a de Aluízio Falcão, João Carlos Botezelli (o produtor Pelão) e, claro, Marcus Pereira. É a dos primeiros LPs de Cartola, Donga, Paulo Vanzolini, Quinteto Armorial. E é, sobretudo, a do registro em disco das trilhas sugeridas por Mário de Andrade, de manifestações folclóricas culturais de todas as regiões do país”. O livro pode ser adquirido no site da Editora Pizindim.


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