Quando pensamos nas sociedades do passado distante, é fácil criar uma imagem de pessoas que só tinham tempo para trabalhar, sem diversão. Mas a verdade é que a humanidade sempre se mantém entretida com brincadeiras e pegadinhas. Veja abaixo quatro delas:
4. Um arquiteto da renascença convenceu seu amigo que ele tinha trocado de corpo
Filippo Brunellesci, o proeminente arquiteto que projetou a catedral Santa Maria del Fiore em Florença (Itália), convenceu o carpinteiro Il Grasso (O Gordo), que ele tinha trocado de corpos com Matteo, um homem rico da região. Este relato faz parte do livro Brunelleschi’s Dome, do escritor canadense Ross King.
Tudo isso aconteceu em 1409, quando Il Grasso voltava para casa à pé de sua carpintaria. Filippo chegou à casa antes, arrombou a porta, entrou e voltou a trancá-la. Quando Il Grasso tentou abrir a porta, Filippo imitou a voz de Il Grasso e o mandou ir embora. O dono da casa ficou bastante confuso e voltou para o centro da cidade, onde ele encontrou o famoso escultor Donatello, que também fazia parte da pegadinha. Donatello cumprimentou Il Grasso como se ele fosse Matteo.
Logo em seguida o policial da cidade prendeu Il Grasso como se ele fosse Matteo, o acusando de dever dinheiro em apostas. Como se não bastasse incluir Donatello na brincadeira, Filippo também aliciou a polícia e todos os encarcerados da prisão local. Quando Il Grasso chegou na prisão, foi cumprimentado pelos presos como Matteo.
Il Grasso passou uma noite inteira na prisão, extremamente confuso. Se Filippo tivesse o mínimo de bom senso, ele terminaria a pegadinha ali e daria boas risadas com Il Grasso no dia seguinte. Mas ele não dez isso.
Na manhã seguinte os irmãos de Il Grasso pagaram a falsa fiança para que ele ser liberado e o levaram para a casa de Matteo, insistindo que eles eram seus irmãos. Eles o fizeram beber um sonífero, e o levaram de volta para a casa dele, colocando-o na cama como se ele tivesse caído no sono por lá mesmo. Antes de sair da casa, eles bagunçaram todas as ferramentas de carpintaria dele, para parecer que alguém havia tentado guardar os itens e não soubesse onde colocá-los.
Para coroar a brincadeira-radical-com-um-pé-na-criminalidade, na manhã seguinte o Matteo de verdade apareceu na casa de Il Grasso e contou que ele havia tido o sonho mais estranho de todos – que ele era um carpinteiro!
Il Grasso ficou tão abalado com o acontecimento que ele abandonou seus negócios em Florença e se mudou para Hungria.
3. Um livro do século XIV te ensina a colocar fogo no rosto do seu amigo
Um livro escrito na primeira metade do século XIV chamado Secretum Philosophorum versava sobre todos os conteúdos possíveis: matemática, gramática, astronomia, filosofia, música, receitas de tinta e até mágica.
O livro ensina a fazer feitiços de “como fazer alguém se apaixonar por você”, mas também tem várias instruções de como fazer pegadinhas maldosas. Uma delas é usar o caule da planta da aveia e uma bola de cera para fazer uma cruz que parece rodar sozinha. O autor sugere usar essa esquisitice para fingir que ela pode dizer se seus amigos são virgens ou não.
Mas o livro também tem pegadinhas extremas. Uma delas é a receita para fazer um pó inflamável que pode ser jogado no rosto do seu amigo, passando antes por cima da chama de uma vela. “O rosto dele vai pegar fogo e ele vai pensar que está queimando, mas o fogo não vai machucá-lo nem um pouco”, diz o livro.
2. Monges desenhavam pênis e puns escondidos nos livros
Na Idade Médica um monge levava quase 20 anos para terminar de copiar um único livro com manuscrito complexo. Nesse tempo todo era fatídico que o escriba ficaria entediado e faria alguma gracinha em seu trabalho.
Quando entediados, eles faziam desenhos que mostravam pessoas soltando pum e também de “falos voadores”, ou pênis que não estão conectados a um corpo. Às vezes eles eram desenhados em cestinhas simpáticas, provavelmente um presentinho para algum leitor específico.
Eles também faziam ilustrações irônicas dos trechos copiados no livro, como soldados corajosos lutando contra caracóis e coelhinhos fofos cometendo atos de violência como dar uma paulada na cabeça de um homem ou cortar o seu pé em dois.
1. Um imperador romano assustou suas visitas com grandes predadores
Heliogábalo (203 d.C. – 222 d.C.) era um imperador-criança que tinha uma reputação de ser cruel, narcisista e que gostava de fazer pegadinhas com seus convidados de jantares. Ele gostava de deixar seus visitantes extremamente bêbados para que eles passassem a noite em seu palácio. Quando eles dormiam nos quartos de hóspedes, o pequeno imperador mandava seus serventes levarem um leopardo, um urso ou um leão para o quarto. Quando os convidados acordavam, davam de cara com bigodes enormes e um bafo de leão.
Esses animais eram treinados para não atacar ninguém, mas este era um segredinho do imperador. Seus hóspedes nunca saíram de seu palácio com cicatrizes físicas, apenas com traumas irreversíveis.
Quando era um pouco mais velho, Heliogábalo acabou desagradando muita gente com seu desrespeito às tradições religiosas e com seu desprendimento sexual. Aos 18 anos, foi assassinado e substituído pelo seu primo Alexandre Severo, numa conspiração feita por sua avó, Júlia Mesa.
Fontes: [Brunelleschi’s Dome, Safe Magic and Invisible Writing in the Scretum Philosophorum, Roman History, Cracked] e https://hypescience.com
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