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sexta-feira, 16 de junho de 2017

É possível imaginar um mundo sem papel?



Em plena era digital, ainda é difícil imaginar um mundo sem papel: anotar um recado, embrulhar um presente, ler um livro, são atividades que ninguém pensa em deixar de fazer. É assim um sinal de que as empresas de papel e celulose ainda terão muito trabalho pela frente, independente do grau de conexão em banda larga que esteja o mundo.

O Brasil possui um dos menores custos de produção de celulose do mundo: nosso clima, que varia de subtropical a tropical, permite rápido e contínuo crescimento das árvores, o que é uma vantagem competitiva perante países de clima frio e temperado. Entretanto, face à situação “econômico-política” em que se encontra o nosso país esse potencial não está sendo aproveitado. Veja a seguir o que diz nosso acervo de dados sobre as empresas do setor de Papel e Celulose.

Em nosso mercado acionário sete companhias competem nesse Setor. Fibria e Suzano Papel são as maiores empresas com receitas de R$25 bilhões em 2014, equivalentes a 58% do total do setor. As demais: Celul Irani, Duratex, Eucatex, Klabin e Melhor SP, juntas somaram cerca de R$10 bilhões em receitas em 2014. Cabe aqui o registro que Duratex e Eucatex fazem parte desse setor devido a nossa classificação ser “Papel, Celulose e Madeira”.

Os aspectos do setor de Papel e Celulose que merecem atenção são: cotações internacionais do produto, efeito do dólar sobre as exportações, fontes de captação de novos recursos, potencial financeiro da companhia para investimentos de longa maturação, oferta de produtos de maior valor agregado no segmento de papel e desempenho do mercado livreiro.

Os gráficos apresentados a seguir ilustram para o Setor a evolução das Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Endividamentos Totais e Retornos do Acionista no período de 2011 a 2015, sendo este último anualizado.

Setor de Papel e Celulose – Desempenho de 2011 a 2015(A) FONTE: Banco de Dados SABE – Sistema de Análise de Balanços Empresariais ©
Setor de Papel e Celulose – Desempenho de 2011 a 2015(A)
FONTE: Banco de Dados SABE – Sistema de Análise de Balanços Empresariais ©
No período de 2011 a 2015(A) as Receitas Líquidas cresceram com taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 8,5% aa, ao mesmo tempo em que o Endividamento Total teve um CAGR próximo a 7% aa.
Quanto aos resultados líquidos, a maior empresa do setor – Suzano Papel – ficou no vermelho em 2014, repetindo o desempenho dos dois anos anteriores. No período de 2011 a 2015(A) os resultados do setor como um todo tiveram um comportamento errático com prejuízo de R$188M em 2011, lucros nos três anos subsequentes com pico de R$1,1 MM em 2014 e fechando o 1º semestre de 2015 com um prejuízo anualizado de R$1,2 MM.

O retorno do Acionista (ROE) do Setor de 2011 a 2014 ficou na média de 4,23% e no 1º semestre de 2015 ficou negativo em 1,13%, influenciado pelos prejuízos esperados de três das sete companhias do setor.

As planilhas seguintes mostram os indicadores descritos individualizados pelas empresas do setor.

Companhias do Setor de Papel e Celulose – Desempenho de 2011 a 2015(A) FONTE: Banco de Dados SABE – Sistema de Análise de Balanços Empresariais ©
Companhias do Setor de Papel e Celulose – Desempenho de 2011 a 2015(A)
FONTE: Banco de Dados SABE – Sistema de Análise de Balanços Empresariais ©
Com relação ao desempenho em bolsa, o gráfico a seguir mostra a valorização das ações das companhias do setor no período de Jan/2011 a 08/10/2015, em que o Ibovespa caiu 29% e 4 de 7 ações (Klabin S/A PNA, Celul Irani PN, Fibria ON e Suzano Papel PNA) tiveram desempenho positivo.
Setor Papel e Celulose – Valorização das Ações – Jan/2011 a 08/10/2015 (%) FONTE: APLIGRAF ©
Setor Papel e Celulose – Valorização das Ações – Jan/2011 a 08/10/2015 (%)
FONTE: APLIGRAF ©

Com relação ao desempenho em bolsa, o gráfico a seguir mostra a valorização das ações das companhias do setor no período de Jan/2011 a 08/10/2015, em que o Ibovespa caiu 29% e 4 de 7 ações (Klabin S/A PNA, Celul Irani PN, Fibria ON e Suzano Papel PNA) tiveram desempenho positivo.

Comentários Finais:

O Setor de Papel e Celulose é uma das atividades econômicas que depende do crescimento mundial e tal como outros segmentos foi afetado pela crise de 2008. No Brasil as empresas desse setor tiveram nos últimos cinco anos um histórico de resultados fracos: crescimento de receitas pouco acima da inflação, endividamento superior à inflação e retorno para os acionistas bastante reduzido. Por outro lado, essas empresas enfrentam no momento a alta volatilidade do dólar que ora as beneficia pelas exportações e ora as prejudica pelas dívidas em moeda americana, dificultando sobremaneira as projeções de longo prazo.

Visando obter maior peso no mercado mundial com aproveitamento de sinergias, bem como um aumento do poder de barganha, encontra-se em andamento um plano de união de Suzano Papel, Fibria e Eldorado (capital fechado) para fazer novos investimentos.

Em 2015 as ações dessas empresas valorizaram em bolsa mais do que deveriam, em parte devido ao aumento do dólar favorecendo as vendas para o mercado externo e de outra parte por absoluta falta de boas alternativas de investimento em ações.


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