De acordo com os resultados de sua tese, entre 2007 e 2014, cada 10% de aumento na diferença entre salários reduziu em cerca de 1,5% a expansão do PIB per capita dos municípios brasileiros.
Método
Para chegar a esse percentual, o estatístico utilizou dados do mercado formal de trabalho da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), e isolou o impacto de outros fatores que influenciam salários, como escolaridade, ocupação, tempo de empresa, raça e religião.
Logo, as diferenças salariais encontradas não podiam ser explicadas porque o homem era mais qualificado do que a mulher, por exemplo.
Santos também levou em conta fatores que influenciam o crescimento econômico, como os pesos de diferentes setores no PIB.
Em números
Segundo informações veiculadas pelo jornal Folha de S. Paulo, entre todas as capitais do país, Curitiba tinha a maior diferença salarial entre homens e mulheres em 2007, seguido de Manaus e São Paulo.
Em números, isso significa que, em Curitiba, o sexo do trabalhador explicava 28% da diferença em remuneração entre mulheres e homens em 2007. A menor diferença foi observada em Boa Vista, de 11,3%.
Para se ter uma ideia do efeito econômico que isso causa, caso São Paulo, que exibia um indicador de 23% em 2007, tivesse uma média menor como a de Florianópolis, de 15,4%, no mesmo ano, a renda média dos paulistanos subiria de R$ 52.797 para R$ 53.258 em 2014.
Problema econômico e social
Os números não mentem: a desigualdade salarial leva a uma perda econômica para a sociedade.
Enquanto essa diferença de remuneração tem diminuído ao longo do tempo em vários países, incluindo o Brasil, diversas outras pesquisas chegaram a conclusões semelhantes. Isso mostra que tal viés, mesmo que inconsciente por parte das empresas, continua prejudicando a economia mundial.
Outro problema é o “efeito teto de vidro”: conforme o nível de escolaridade dos profissionais aumenta, a desigualdade salarial entre homens e mulheres também cresce. É como uma barreira invisível que impede que as mulheres alcancem determinados níveis hierárquicos, como descobriu a pesquisadora Regina Madalozzo, que orientou a tese de Santos. Cada vez mais empresas têm reconhecido esse efeito, e o número de mulheres em cargos de chefia vem aumentando.
Embora o tema seja polêmico, é do interesse de todos perceber que essa não é apenas uma questão social, mas sobretudo financeira. As empresas não lucram com a discriminação – como todos queremos que o país cresça, talvez seja hora de abandonar certos pré-conceitos.
Fontes: [FolhaSP] e https://hypescience.com
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