Administração
de Recursos Humanos x Administração de Pessoal x Relações Industriais: confusão
semântica.
Embora
para uns poucos possa parecer que Administração de Recursos Humanos, Administração
de Pessoal e Relações Industriais sejam a mesma coisa, a realidade é que elas
guardam entre si uma certa distância.
Os
dois primeiros termos só se confundem na nomenclatura de disciplinas nos cursos
médios e superiores de Administração e ciências afins, que sob o título Administração
de Pessoal, incluem conteúdo de Administração de Recursos Humanos ou vice-versa.
Outra
hipótese de superposição dos termos e funções, é em empresas públicas e até
mesmo em empresas privadas que teimam em manter em suas estruturas órgãos
denominados de Administração de Recursos Humanos que englobam atividades de
Administração de Pessoal, ou órgãos de Administração de Pessoal abrangendo
atividades de Recursos Humanos, o que é mais sério, pois pode até indicar
que não há Administração de Recursos Humanos nessas organizações.
Mas,
o que quer dizer toda a confusão semântica entre estes vocábulos? Inicialmente,
que existem significados especiais para cada uma deles, diferentes entre si,
mas que na realidade só demonstram a complexidade deste ramo da Ciência da
Administração.
Por
outro lado, mesmo com significados especiais, há a certeza de que todos contribuem
para demonstrar a dificuldade referente ao trato com os recursos humanos das
organizações, o terceiro fator de produção.
A
Administração de Pessoal trata da parte dita cartorial, que são principalmente
os registros dos membros da organização.
Em
suma, encarrega-se das rotinas trabalhistas e de pessoal, tendo sob sua responsabilidade
a administração dos eventos burocráticos decorrentes do contrato de trabalho.
Sem
dúvida, não se pode admitir que não sejam importantes essas funções, já que
é imprescindível o controle da vida funcional dos empregados, com vistas à
avaliação de desempenho, treinamento, remuneração, controles de freqüência,
entre outras tarefas específicas.
Relações
Industriais é outra área relacionada a Pessoal, que cuida das relações trabalhistas
externas da empresa com os sindicatos, com o Governo e com outros órgãos públicos.
Em muitas empresas há um setor específico com esta denominação, além do de
Pessoal ou de Recursos Humanos, para os relacionamentos explicitados.
A
Administração de Recursos Humanos, por seu lado, cuida da parte referente
ao desenvolvimento das pessoas que pertencem à organização. Isto quer dizer
que ela não cuida somente da remuneração, da avaliação ou do treinamento das
pessoas, mas do seu desenvolvimento como um todo.
Encarrega-se,
especificamente de promover a integração do trabalhador à organização, por
meio da coordenação de interesses entre a empresa e a mão de obra disponível.
Por
isto, preocupações com a qualidade de vida no trabalho, melhoria do clima,
formação de uma cultura organizacional salutar, relacionamento interpessoal,
são exemplos de atividades da Administração de Recursos Humanos nas organizações.
De
igual forma, assuntos como planejamento de recursos humanos, tratamento dos
conflitos organizacionais, análise sócio-técnica, sociologia das organizações,
psicologia social das organizações e qualidade total entre outros, também
são estudados quando se deseja analisar profundamente a administração de Recursos
Humanos.
É
isto que permite a consecução do objetivo de se promover a integração do homem
à organização Observe-se que, entre estas duas últimas denominações, a diferença
não é tão grande.
Chegam
a ser complementares e têm como objetivo proporcionar à organização uma mão-de-obra
motivada, integrada e produtiva.
O
importante é que a Administração de Recursos Humanos, quer como significado
ou como denominação departamental, tem predominância gradativa, sendo cada
vez mais utilizada pelas organizações.
No
entanto, há mais um detalhe. Ao se analisar mais detidamente a própria expressão
Recursos Humanos, pode-se perceber que há um aspecto que merece atenção.
Por
exemplo, muitos autores modernos, mais voltados ao humanismo e ao respeito
pelos seres humanos, abominam a idéia de se considerar as pessoas como recursos,
incluindo-os juntamente aos recursos físicos, aos recursos materiais e aos
recursos financeiros.
A
superioridade do ser humano sobre estes recursos, não permite que ele próprio
seja considerado um mero recurso, mesmo que seja humano.
Por
isto, já há propostas para novas denominações desta área das ciências humanas.
Alguns
sugerem que se chame Gestão de Pessoas, já que a expressão gestão é muito
mais nobre do que simplesmente administração, alegando que esta última dá
uma idéia de trato com coisas materiais e seria muito mais adaptado para,
por exemplo, estoques, materiais, finanças e outros tipos de bens físicos.
Outros,
observando a situação de uma forma mais abstrata e filosófica, admitem que
o que se deve ter na empresa, é um órgão de Desenvolvimento Humano.
Por
esta sugestão, as pessoas, antes de sua entrada na empresa até após sua aposentadoria,
devem receber um tratamento adequado, que satisfaça suas necessidades e estimulem
o seu desenvolvimento como ser humano em todas as áreas de sua vida.
Talvez
a questão semântica não tenha sido resolvida neste texto. No entanto, o emaranhado
de termos e significados a respeito da relação com os participantes da organização
(ou colaboradores, como sugerem consultores da área de Qualidade) deverá servir
para que se reflita mais na importância do elemento humano na construção de
organizações saudáveis e eficazes para a sociedade.
Fonte: www.gerhqual.ufrn.br
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