Já no início do desbravamento das terras brasileiras, da mistura das raças surgia um camponês típico - maioria rural - muito fraterno e solidário, apegado à natureza, sem preconceitos e só comparável a ele mesmo: o caboclo.
O caboclo vive, ou vivia, num mundo estranho, povoado de seres misteriosos bons e ruins, mais ruins que bons, dos quais é preciso se defender. Para complicar a situação também a natureza oferece perigos, mas ele não esmorece, dá o seu jeito.
O caboclo tem sua própria e exclusiva cosmologia - uma forma de interpretar e explicar a realidade: o jandiá vira sapa, o caranguejo morre e ressuscita, a mosca nasce do lixo ...
Tudo é sentido em sua pele, interiorizado, formando um único conjunto. Sua relação com a natureza é um pulsar cheio de vida que esta lhe proporciona, uma palavra significa mil intenções e sensações. Mas para se perceber este universo tem que ser caboclo ou conviver com ele, aspirar o ar que ele respira, andar com seus passos, imitar o toque de sua viola, voltarmos à nossa inocência e mergulhar neste mundo, pronto para saboreá-lo por todos os poros possíveis.
Na literatura brasileira, Monteiro Lobato fez história criando o personagem Jeca Tatu, a própria personificação do caboclo: preguiçoso na primeira versão, doentio e subnutrido a partir das demais versões - ao ponto de tornar-se o personagem literário mais famoso em todo o país.
Fonte: Astrovates; Terra Literatura; Museu do Marajó
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