A verdade é bem mais
triste do que se pode imaginar: na verdade os estabilizadores são os
principais responsáveis pela queima de placas-mãe, processadores, pentes
de memória e demais componentes dos computadores. Então por que existe
essa aura de salvador da pátria em torno do estabilizador? Por que
quando um componente queima as pessoas dizem "poderia ter sido pior se
não fosse pelo meu estabilizador megazord" ao invés de culpá-lo? Nada melhor do que consultar o passado para entender o presente.
O que é um estabilizador? Por que ele existe?
Criado
na década de 1940, o estabilizador surgiu com o propósito de minimizar
os efeitos das oscilações da rede elétrica. Se ainda hoje algumas
regiões sofrem com problemas de instabilidade na rede, imagine isso
àquela época. É claro que os computadores estavam longe de ser uma
realidade, mas alguns equipamentos eletrônicos, cujos componentes
estavam vulneráveis a instabilidade elétrica, pediam o uso de um
equipamento como o estabilizador. Não demorou muito e o aparelho foi
largamente adotado.
É muito raro encontrar alguém que não use ou nunca tenha usado um estabilizador para ligar o computador.
Décadas
depois, os computadores surgiram e seus componentes e periféricos
demandavam cuidados extras para que não queimassem e fossem
inutilizados. Por essa razão as pessoas e empresas passaram a conectar
seus equipamentos ao estabilizador. A ideia é que o estabilizador
atenuaria sobretensões ou subtensões, levando à fonte um valor
apropriado à sua voltagem. Em casos de variações extremas, o
estabilizador simplesmente "queimaria" um fusível, evitando a passagem
de corrente elétrica.
Por muito tempo os estabilizadores foram
recomendados por técnicos e especialistas, principalmente nos primórdios
da informática em nosso país, quando as fontes trabalhavam a
velocidades mais lentas que o equipamento eletrônico. A coisa virou
senso comum e, apesar de hoje estudos comprovarem a ineficácia do
aparelho, todos continuam acreditando no que antes era verdade.
Então o que acontece de verdade quando uso um estabilizador?
Hoje
a coisa mudou de figura e as fontes mais modernas dos computadores
trabalham a velocidades muito, mas muito superiores à de um
estabilizador. Basta verificar a etiqueta de qualquer estabilizador para
ver que a velocidade de trabalho da maioria deles gira em torno dos 60
Hz, o que faz com que ele demore aproximadamente 0,008 segundos para
responder a qualquer anormalidade na rede elétrica.
Por outro
lado, as fontes de um computador comum trabalham a 100 KHz (ou seja,
100.000 Hz) e as mais poderosas, geralmente utilizadas por gamers,
atingem a incrível velocidade de 400 KHz (ou 400.000 Hz), o que é
infinitamente superior ao estabilizador. A coisa fica mais discrepante
quando o tempo de reação de uma fonte dessas é analisado e comparado ao
do estabilizador: são necessários apenas 0,0001 segundos para corrigir
qualquer surto elétrico.
Além
de potentes, as fontes atuais são infinitamente mais rápidas do que os
estabilizadores e por isso identificam e corrigem falhas na rede
elétrica mais rapidamente.
Dessa forma, é correto afirmar que o
seu estabilizador vai demorar mais tempo para identificar um surto na
rede elétrica porque ele é mais lento. Nesse meio tempo, inevitavelmente
o ruído gerado pela instabilidade da rede será transmitido à sua fonte,
como se não houvesse estabilizador algum. A fonte, por sua vez, fará a
correção do problema rapidamente, pois é mais rápida. Após um período de
tempo, finalmente seu estabilizador perceberá o que aconteceu com a
rede elétrica e tentará "corrigir" o problema, assim mesmo, entre aspas.
Isso porque ele não corrige oscilações na rede elétrica e o ruído é
passado novamente para a fonte, que vai ter que corrigir o novo problema
gerado pelo estabilizador.
Por esses motivos, a fonte acaba trabalhando dobrado, esquenta mais e, consequentemente, terá sua vida útil reduzida.
Sendo assim, o que devo utilizar para proteger meu computador? Um filtro de linha?
Sim,
aquele filtro de linha que você usa como extensão no seu quarto ou
escritório pode ser a solução emergencial mais acessível para a maioria.
Muitos usuários o recomendam expressamente.
Geralmente
utilizados apenas como extensão, os filtros de linha (ou réguas) deixam
a fonte do computador lidar com as oscilações de energia por conta
própria, não interferindo no seu funcionamento. No entanto, o aparelho
dispõe de um pequeno fusível para evitar que curtos circuitos causem
queima dos componentes por sobretensão.
A verdade sobre os
filtros é que, assim como os estabilizadores, eles não estabilizam coisa
alguma, mas em compensação não tentam realizar uma tarefa que não lhes
cabe. Com isso, a fonte do computador fica livre para fazer o serviço
dela e corrigir qualquer surto ou instabilidade na rede elétrica o mais
rápido possível. Somente em casos de sobretensão extrema é que o
acessório entra em ação, bloqueando a passagem de corrente elétrica pelo
fusível que, a essas alturas, estará queimado.
Outros modelos de
filtro oferecem proteção extra contra ruídos eletromagnéticos, mas
infelizmente estes são extremamente raros e difíceis de serem
encontrados no Brasil. Em um dia de sorte, pode-se encontrá-los por, no
mínimo, R$ 150.
Embora haja ampla recomendação do seu uso pela
comunidade, infelizmente os filtros de linha não chegam a caracterizar a
solução ideal de proteção aos componentes de um computador.
Estou disposto a proteger meu computador a qualquer custo. Qual a solução ideal para mim?
O
No-Break! Ele é mais caro que qualquer estabilizador ou filtro de
linha, no entanto é capaz de manter o computador ligado mesmo quando a
energia acabar. A façanha é alcançada graças a uma bateria interna que
fica carregada e a postos para assumir o fornecimento de energia aos
aparelhos conectados ao No-Break quando ocorrer algum problema na rede.
Ou
seja, mesmo que acabe a energia, o No-Break conseguirá fornecer energia
ao computador por alguns minutos ou horas, dependendo do tipo: offline
ou online.
Os
No-Breaks são a proteção ideal contra qualquer tipo de problema e falha
na rede elétrica. Os tipos são dois: online e offline e suas baterias
variam bastante de tamanho.
Os modelos de No-Break Offline são os
mais comuns e mais acessíveis, já que a autonomia de suas baterias é
baixa e fornece energia por poucos minutos. Para esses modelos, a
bateria interna só entra em ação alguns milisegundos após a queda de
energia, o que otimiza seu tempo de vida útil, mas gera pouca
confiabilidade por causa desse pequeno espaço de tempo.
Quanto
aos No-Breaks Online, são bem mais caros e recomendados para uso
profissional em servidores. Suas baterias são mais robustas e têm
autonomia variável, podendo oferecer até algumas horas de energia. Por
ficarem ligadas diretamente à tomada, oferecem maior confiabilidade que
os modelos Offline, pois os aparelhos são alimentados diretamente por
ela. O incoveniente é que, por causa disso, sua vida útil é bastante
abreviada e o preço de manutenção é outro fator limitante à sua adoção
por usuários domésticos.
Independente do tipo escolhido, é certo que o usuário estará protegido contra quatro defeitos da rede elétrica:
- Surtos de tensão;
- Queda de tensão;
- Queda na energia;
- Oscilação da frequência.
Agora meu estabilizador vai para o lixo?
Não
necessariamente. Lembre-se que o uso do estabilizador não é mais
recomendado para computadores com fontes modernas, que operam a uma
velocidade maior que o aparelho. Caso você ainda possua um computador
daqueles bem antigos, o uso do estabilizador pode continuar sendo
recomendado. Verifique nas especificações da fonte a velocidade que ela
opera e veja se vale a pena usar o estabilizador.
Uma outra opção
é conectar outros aparelhos eletroeletrônicos ao estabilizador,
principalmente se houver muitas oscilações e falhas na rede elétrica de
sua região. Apenas certifique-se que o estabilizador opera, no mínimo,
na mesma velocidade que eles e tem potência suficiente para
alimentá-los.
Fonte: http://canaltech.com.br
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