No
caso dos livros, a situação é mais grave, pois sua entrada no país é
absolutamente isenta de impostos. Os impressos no Brasil também são, mas
sua produção e numerosos insumos não são. E estes são muito mais
onerosos do que os de concorrentes de nações como a China, por exemplo,
onde os salários são muito mais baixos, a tinta e os substratos muito
mais baratos, os impostos muito menores, juros
irrisórios e parcos investimentos em produção limpa, tudo isso
temperado com uma boa dose de câmbio manipulado. É muito difícil
competir nessas condições, mesmo para um setor que, como o gráfico, tem
investido muito em tecnologia, processos e formação de recursos humanos.
Somente na compra de máquinas e equipamentos foram aplicados cerca de
US$ 7,5 bilhões entre 2006 e 2011.
Como se não bastasse a
imensa desvantagem já existente, a indústria gráfica nacional é
atingida no fígado pelo duro golpe do Conselho de Ministros da Câmara de
Comércio Exterior (Camex), relativo à elevação do imposto para cem
produtos que compõem a pauta brasileira de importações, dentre eles seis
tipos de papéis de imprimir. Caso os fabricantes brasileiros de papel
não consigam atender à demanda referente a esse insumo essencial, a
elevação de preços dos impressos será inevitável, e numa proporção muito
próxima dos 11 pontos percentuais que separam a atual alíquota de
importação de 14% e os 25% estabelecidos.
Caso os parceiros do Mercosul, com
tendência cada vez mais protecionista, referendem a sobretaxa do papel,
esse déficit poderá crescer bastante. Para os hermanos argentinos, o
impacto não será tão grande, pois seu governo adotou numerosas barreiras
não tributárias e não alfandegárias que praticamente zeraram a
importação de livros. Estes continuam sendo impressos nas gráficas
argentinas, independentemente da origem do papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário.