Conhecidíssimo é o nome deste Santo, de quem os santos Evangelhos relatam coisas extraordinárias, das quais a mais estupenda é ele ter sido ressuscitado, por Nosso Senhor Jesus Cristo, quatro dias depois da sua morte. Lázaro, natural de Betânia, era irmão de Marta e Maria.
Há quem pretenda identificar esta Maria com Maria Madalena, ou aquela pecadora do que São Lucas (7, 36-50) conta o episódio havido na casa de Simão fariseu, e o nome da qual ele não diz. Em capítulo 10, 38-39 o mesmo Evangelista faz uma descrição minuciosa de uma cena na casa de Lázaro, mas não faz menção daquela pecadora desconhecida. Justamente de São Lucas deve-se supor, que conheceu ambas. Marcos e Mateus também relatam a unção dos pés de Jesus por uma mulher na casa de Lázaro sem declarar-lhe o nome. São João, diz claramente porém, que foi Maria, Irmã de Lázaro.
A pecadora pública, que apareceu na casa de Simão, parece, pois, ser pessoa bem diferente e nada ter com a família de Lázaro. Maria Madalena também não pode ser, porque São Lucas, depois de ter contado o fato havido com o fariseu, fala (em 8,2) em uma Maria Madalena, da qual tinham saído 7 demônios. Maria Madalena parece ser pessoa diferente ainda. Lázaro era estimadíssimo na sociedade hebreia, devido à nobre origem e às grandes propriedades que possuía em Betânia.
Não se sabe de quando datam as suas relações mais íntimas com o divino Mestre. É provável que tenha sido um dos primeiros discípulos. As expressões de que os Evangelistas se servem, para caracterizar as relações de Lázaro com Jesus Cristo, não deixam dúvida de que eram muito amigos. De outro modo não se compreenderiam as palavras de Nosso Senhor: “Lázaro, nosso amigo, dorme” e das irmãs: “Senhor, aquele a quem amais, está doente!” Jesus distinguia esta família com sua amizade, visitava-a freqüentes vezes, e hospedava-se em sua casa. Os Santos Padres descobrem o motivo desta amizade, que não foi outro senão o mesmo que ligava Jesus a São João Evangelista: a vida santa e virginal.
O mais extraordinário que aconteceu com Lázaro, foi sua morte e ressurreição, em condições tão singulares. São João Evangelista relata este fato, com todos os pormenores, no Cap. 11 do seu Evangelho. Eis a narração evangélica: “Lázaro, irmão de Maria e Marta, caiu doente em Betânia. As duas irmãs mandaram dizer a Jesus: “Senhor, aquele a quem amais está doente”. Jesus disse: “Esta doença não é de morte, mas para glória de Deus: pois que o Filho será glorificado por ela”. E ficou ainda dois dias lá, isto é, na margem do outro lado do Jordão. Foi só então, que disse aos discípulos: “Lázaro, nosso amigo, dorme, vou despertá-lo do sono”. Os discípulos disseram-lhe: “Senhor, se dorme, está bem”. Jesus, porém, falava da morte e disse-lhes então claramente: “Lázaro morreu e eu me alegro por vossa causa de não estar presente, a fim de que acrediteis. Vamos vê-lo!”
Quando Jesus chegou, Lázaro estava sepultado, havia quatro dias. Logo que Marta soube da vinda de Jesus, foi-lhe ao encontro e disse-lhe: “Senhor, se tivésseis estado aqui, meu irmão não teria morrido. No entanto, sei que tudo que quiserdes pedir a Deus, ele vô-lo concederá”. Jesus disse-lhe: “Teu irmão ressuscitará”. Maria respondeu: “Sim, sei que ressuscitará na ressurreição do último dia”. Jesus disse-lhe: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda mesmo morto, viverá: e quem vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isso?” Ela respondeu: “Sim, Senhor, creio que sois o Cristo, o Filho de Deus vivo, que viestes a este mundo”.
Dizendo estas palavras, Marta entrou e disse a Maria, sua irmã: “O Mestre está cá e chama-te”. Maria levantou-se e pressurosa foi ao encontro de Jesus. Os Judeus, que, com ela estavam em casa, disseram: “Ela vai ao sepulcro para chorar”. Chegado perto de Jesus, prostrou-se-lhe aos pés e disse-lhe: “Senhor, se tivésseis estado aqui, meu irmão não teria morrido”.
Quando Jesus lhe viu o pranto e o dos Judeus que a acompanhavam, perguntou: “Onde o sepultastes?” Disseram-lhe: “Vinde e vede”. E Jesus chorou. Então os Judeus disseram: “Vede, como o amava!” Jesus chegou em face do túmulo: era uma gruta e uma pedra tapava a abertura. Jesus disse-lhes: “Tirai a pedra”. Marta, a irmã do morto, disse-lhe: Senhor, já exala mau cheiro; pois já lá se vão quatro dias, que está aí”. Jesus disse-lhe: “Não te disse já, que se creres, verás a glória de Deus?” Tiraram a pedra. Jesus levantou os olhos ao céu e disse: “Pai, dou-vos graças por me terdes escutado. Quanto a mim, sabia, que me ouves sempre; mas digo-o por causa da multidão que me cerca, a fim de que creia que sois vós, que me haveis enviado”. Depois de ter assim falado, bradou com voz forte: “Lázaro sai para fora” No mesmo instante o morto saiu, pés e mãos atadas com faixas estreitas, o rosto coberto de um sudário. Jesus disse-lhes: “Desatai-o e deixai-o andar.”
Temor e admiração apoderaram-se dos assistentes e muitos creram em Jesus. A notícia deste milagre estupendo correu de boca em boca e formou duas correntes entre os Judeus: de uns, que francamente reconheceram a divindade de Jesus Cristo, e de outros, principalmente dos fariseus e escribas, que ainda mais se encheram de ódio contra aquele, cuja morte já tinham decretado, ódio igual votaram a Lázaro.
Tendo levado a efeito o plano tenebroso contra a vida do grande Mestre, trataram também de livrar-se do amigo do mesmo, cuja presença os incomodava, e por ser uma testemunha irrefutável do poder onipotente de Jesus Cristo. Faltava-lhes a coragem de condená-lo à morte, porque Lázaro era estimadíssimo e de grande influência no meio social de Jerusalém. Ocasião propícia ofereceu-se para afastá-lo da Judéia, quando, depois da morte de Santo Estevão, uma perseguição obrigou os cristãos a saírem da Palestina, assim diz a lenda. Do resto da vida de Lázaro nada se sabe.
Ter ele saído da Palestina e chegado a Marseille, onde teria como Bispo, pregado o Evangelho, é lenda que apareceu nos séculos 11 e 12, e que confunde Lázaro de Betânia com um personagem do mesmo nome e Bispo de Aix; ou com Nazário, Bispo de Autun. Mais fidedignos são os testemunhos orientais, que falam do túmulo de Lázaro existente em Cition, na ilha de Chipre.
Fonte: www.filhosdapaixao.org.br
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