Atari teve aprovação da corte de Nova York para iniciar plano de recuperação após falência Foto: Reprodução |
A Atari dos Estados Unidos assinou a falência no início do ano como forma de tentar se libertar da companhia irmã, a Atari Inc. A empresa, então, tentou vender um catálogo de franquias com mais de 200 jogos. Avaliados em US$ 22 milhões, 15 interessados participaram do leilão, que não foi concretizado por devido aos lances baixos.
Após pedir falência em janeiro de 2013, a Atari dos Estados Unidos recebeu autorização da corte de Manhattan, em Nova York, para iniciar um plano de recuperação de três anos. A informação foi dada pelo Wall Street Journal.
Com uma dívida de US$ 10,3 milhões, a empresa irá pagar de uma só vez US$ 3,8 milhões ao credor Alden Global Capital e duas parcelas anuais de US$ 560 mil para outros credores. No último ano, a Atari deverá pagar US$ 630 mil.
Posteriormente, em julho, a Atari vendeu as franquias separadamente. A Nordic Games, por exemplo, adquiriu Desperados e Silver.
Vejam quais foram algumas das últimas atuações da Atari no mercado de Games:
- Lançamento de The Witcher: Rise of the White Wolf", da produtora CD Projekt RED, um jogo de fantasia, para o PlayStation e Xbox 360, no final de 2009.
- Distribuição no varejo do "EVE Online", da CCP Games.
- Revitalizou "Ready 2 Rumble Revolution" para o Wii.
- Lançamento de "Ghostbusters: The Videogame" lançado em junho, em comemoração ao aniversário de 25 anos do filme da Sony Pictures. O jogo funciona como se fosse um terceiro filme interativo com o elenco envolvido.
- Digitalizou o ator Vin Diesel para o Xbox 360 e PlayStation 3 em "Chronicles of Riddick: Assault on Dark Athena". O título é um game de tiro em primeira pessoa que explora a história do personagem Riddick.
- A companhia comprou a Cryptic Studios por 28 milhões de dólares na época, uma produtora que desenvolve jogos para múltiplos jogadores online e publicou alguns de seus últimos jogos em 2009 e 2010: "Champions Online", baseado em histórias de heróis e vilões em quadrinhos e Star Trek Online.
Em outubro de 1977 o Atari foi lançado nos EUA. Na verdade, o console se chamava Atari Video Computer System e com ele o conceito de videogame mudaria para sempre.
Pela primeira vez, um console poderia ter centenas de jogos, ao invés de ser uma caixa com uma pré-seleção de um punhado de games, como os anteriores. Como o Atari CX2600 teria os jogos em cartuchos, a variedade de games difentes era o maior apelo aos gamers. Seria possível criar uma indústria de produtoras de jogos para o sistema, um novo mercado com lançamentos constantes sem que o consumidor precisasse comprar um novo console.A CRIAÇÃO DO ATARI 2600
A Atari ficava em Sunnyvale, na Califórnia. Alguns funcionários da companhia, mais precisamente os designers Steve Meyer, Joe Decuir e Harold Lee, iniciaram um projeto chamadoStella em 1976. O dono da Atari, Steve Bushnell, percebeu que não teria fundos suficientes para que eles concluíssem o ambicioso projeto, então ele vendeu a Atari para a Warner Communications em outubro do mesmo ano por 28 milhões de dólares.
O projeto então decolou e quando foi lançado se chamou Atari 2600 ou Atari Video Computer System, nome mais usado para fins de marketing. O sistema contava com um micro-processador de 1.19 Mhz e 8-bits. A memória RAM era de apenas 128 bytes, para manter os custos de produção baixos.
Claro que isso dificultou e muito a programação dos jogos. Os desenvolvedores tiveram que fazer milagre para permitir que os games rodassem nos 128 bytes de memória. O primeiro "truque" usado é que os jogos eram carreados diretamente a partir da ROM (o código não era copiado para a memória RAM como atualmente), o que liberava a memória RAM para ser usada em variáveis e pequenos blocos de código que precisavam de execução rápida.
Como o chip TIA 1A não oferecia memória de vídeo, a atualização da tela não podia ser feita usando um frame-buffer (em outras palavras, não pra armazenar uma cópia da imagem na memória de vídeo como se faz hoje). Aproveitando o fato de que o Atari era ligado na TV (que trabalha com uma taxa de atualização fixa de 30 Hz interlaçados), os projetistas criaram um sistema engenhoso, onde a imagem era atualizada linha a linha, em um processo contínuo, onde o processador precisava armazenar apenas alguns poucos bytes relacionados aos pixels seguintes.
A necessidade de sincronizar a atualização da tela com as demais tarefas executadas pelo software complicava bastante o desenvolvimento dos jogos para o Atari, mas acabou se revelando um fator essencial, já que permitiu que o console exibisse gráficos muito superiores ao que seria possível obter de outra forma. Os jogos bem programados conseguiam manter uma movimentação fluída, mesmo com a atualização da tela sobrecarregando o processador. O grande talento dos programadores tornou isso possível, pois conseguiam aproveitar ao máximo cada linha de código em assembly. Os cartuchos de Atari utilizavam ROMs de 1 a 4 KB e, para os jogos mais "pesados", existia a opção de incluir 128 bytes de memória adicionais no cartucho, suplementando a memória interna do console.
Inclusos na caixa do aparelho estavam dois joysticks e dois controles chamados de paddle, que consistia em uma roda com um botão, ao invés do manche do joystick. O joystick era o CX40, enquanto o paddle era o CX30. Um adaptador que contava com uma chave seletora TV/Game permitia a conexão com as televisões. Além dos controles e do adaptador, o jogo Combat fechava o pacote. Quando o Atari foi comercializado no Brasil pela Polyvox, apenas os joysticks acompanhavam o Atari e o jogo grátis era Missile Command. O detalhe em madeira na frente do console também foi substituído por plástico preto.
Quando o Atari foi lançado nos EUA, 8 jogos estavam disponíveis nas lojas: Air-Sea Battle, Basic Math, Blackjack, Indy 500, Star Ship, Street Racer, Surround e Video Olympics. Com a consolidação do Atari no mercado, a empresa lançou vários periféricos para o console: teclado, usado em jogos como A Game of Concentration e Basic Programming, um touch pad para Star Riders, volante para o Indy 500, um controle com uma trackball para games como Centipede e Crystal Castles e por fim um controle para crianças junto com a série de games Sesame Street. Um módulo de computador foi anunciado como sendo uma expansão do Atari, mas nunca foi lançado.
Nos EUA o Atari foi vendido inicialmente por 199,95 dólares. Era bem caro para a época e a Warner não lucrou muito com as vendas do console. O que trazia um lucro extraordinário para a empresa era a venda dos cartuchos de jogos. Um jogo foi o grande responsável pelo enorme sucesso do console.
SPACE INVADERS E ATARI
Em 1979 os arcades dispararam com Space Invaders. A Atari garantiu os direitos do game, que tinha sido criado pela Taito Corporation e em janeiro de 1980 lançou uma versão para o Atari 2600. Com Space Invaders o console vendeu como água. Só para se ter uma ideia, ao final de 1979 o sistema tinha vendido 200 milhões de dólares, depois de Space Invaders a Atari fechou 1980 com vendas superiores a 400 milhões de dólares. Era 1/3 de todo lucro da Warner no ano.
Vendo o sucesso que um port de jogo de arcade poderia trazer, a Atari começou a investir pesado em outros sucessos de arcade: Asteroids, Missile Command, Berzerk e Pac-Man foram os carros-chefes. Outro fronte atacado foi o de jogos baseados em filmes. Caçadores da Arca Perdida e E.T. lotaram os cinemas, mas venderam muito abaixo do esperado como jogos de Atari. Inclusive, se fala muito que E.T. foi o último prego no caixão do Atari 2600, mas isso é assunto mais para frente.
ATARI E ACTIVISION - O COMEÇO DO FIM
Com o sucesso do Atari 2600 era inevitável que outras empresas entrassem na competição pelo mercado de jogos. O pior é que a maior concorrente da própria Warner/Atari viria de dentro da própria Warner! Descontentes com as rígidas condições de trabalho impostas pela Warner, os programadores David Crane, Larry Kaplan, Alan Miller e Bob Whitehead deixaram a Atari para fundar uma nova empresa em 1981, a Activision.
Logo em seus primeiros passos a nova concorrente da Atari lançou ótimos jogos que se tornariam clássicos: Pitfall, River Raid, Keystone Kapers, Hero, Freeway e Kaboom. Com o caminho aberto pela Activision, outras pequenas empresas quiseram entrar na brincadeira, inundando o mercado de jogos para Atari. Imagic, Parker Brothers, Coleco e M Network, entre outras, lançavam uma tonelada de novos jogos.
Hero, clássico da Activision para Atari
É fácil pensar que isso era ótimo para os donos do Atari 2600. De fato, no começo era o paraíso, uma oferta incrível de jogos a qualquer momento. Porém, cada vez mais os prazos de lançamento e custos de produção eram encurtados pelas produtoras e o resultado foi fatal. Games de péssima qualidade eram mais regra do que exceção, consoles concorrentes ganhavam mais espaço, como os mais avançados Colecovision e Intellivison. O Atari 2600 declinou rapidamente e a indústria de games como um todo entrou em colapso em 1983.
NES - A RESSURREIÇÃO
Apenas em 1985 a indústria rescussitaria através do Nintendo Entertainment System, o NES ou Nintendinho para os íntimos. Com a volta da indústria, a Atari ainda tentou um último suspiro com o relançamento do Atari 2600 no final dos anos 80. Com novos jogos como Solaris and Midnight Magic, o console de mais de uma década ganhou uma versão com design mais compacto e moderno, além de uma campanha de marketing que dizia: "The Fun is Back" (A diversão está de volta). Mesmo custando meros US$49.00, o Atari 2600 não era páreo para a enorme popularidade do NES. Ainda tinha o Master System da Sega entrando na jogada, assim o Atari 2600 foi pulverizado pela concorrência.
Clique aqui para ver imagens dos 40 mais famosos games da empresa e neste outro link para os 10 mais jogados da história da Atari.
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