“Não pergunte o que vamos fazer hoje, pergunte o que não vamos fazer”.
Foi assim que Ferris Bueller começou seu day off com sua namorada Sloane e com seu amigo neurótico Cameron. O filme Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off, 1986) é um clássico da Sessão da Tarde e marcou a juventude de muitas cabeças pensantes. Incluindo Barbara Bush, que não era tão jovem assim quando usou o longa como exemplo de estilo de vida ao se dirigir a uma plateia de estudantes da Universidade Wellesley em 1990.
A estrutura simples do filme e a forma como o protagonista quebra a quarta parede, encarando o telespectador, faz com que a gente não se canse de ver e preste atenção nas dicas que o filme nos dá.
A Sabedoria de Bueller
Ferris deixou mais que um legado. Influenciou vidas: o adolescente deu aula para profissionais da área de comunicação: publicidade, jornalismo, mídias sociais; profissionais que ousaram se aventurar nesse mundo multifacetado que é o “fazer” mídia. Pessoalmente, gosto de três pontos em que o filme toca:
1) Planejamento de Campanha — “Save Ferris”: O que deixa o nosso garoto livre para curtir Chicago são as estratégias devidamente planejadas. Ele conhece as pessoas a quem tem que convencer a respeito de seu “estado de saúde” e está preparado para as ações delas. Afinal, o foco da comunicação é ou não no receptor? O tom de voz, os gestos e o Faking outsão planejados na reação dos outros. Ferris conhece seu público-alvo e sabe como se dirigir a ele. Além de planejamento, ele manjava de gestão de relacionamento e do “Não é o que você diz, é como e para quem você diz”.
2) As coisas mais magníficas estão nas coisas simples: Programas que, a princípio, parecem comuns, rotineiros e até mesmo enfadonhos, como ir a um museu, almoçar com colegas ou, simplesmente, visitar um prédio alto, tornam-se divertidos e até inusitados se vividos sob o ponto de vista de alguém como Bueller, uma reviravolta análoga a vender o primeiro sutiã a uma menina ou transformar a “pipoca e o guaraná” em campanhas sensacionais e sensoriais. As principais mensagens que queremos passar para nossos clientes (e para os clientes dos nossos clientes) estão no dia a dia e no uso do produto/serviço que temos que anunciar. Buscar formas de passar ideias grandiosas e miraculosas nem sempre dão resultados tão eficazes quanto mostrar a primeira experiência de uso de um produto, por exemplo.
3) As pessoas não deviam acreditar em ismos, mas em si mesmas: As melhores campanhas nasceram do ousar e acreditar no projeto desenvolvido. O criativo ousa e é espontâneo, essa deve ser sempre a base do que está sendo feito. Acreditar nas próprias ideias e saber como apresentá-las melhor é uma das fontes mais certeiras de sucesso. Imaginem se a Volkswagen e seu “Think small” temessem confrontar as propagandas de carro cheias de informação que a época impunha. Não teríamos conhecido a maneira simples de vender um carro.
Mais que estas dicas, Ferris Bueller é um exemplo para todos aqueles que se levam muito a sério e acham que o percurso não é tão importante quanto o resultado final. Ora, ele trabalhou durante todo o filme para que o dia fosse do jeito que ele quis. E conseguiu.
A lição mais importante é que o esforço vale a pena. Como quando refazemos inúmeras vezes um texto ou uma arte durante a madrugada e a satisfação é ver a aplicação da arte naquela camiseta, ou o cliente aumentar as vendas graças à nova campanha, ou até mesmo o elogio do chefe. Ferris sabia ver a emoção nas pequenas coisas e tirar referências disto. Por que não podemos copiar isso dele?
Vocês ainda estão aí? Já acabou! Vão para casa! Vão!
Escrito por: Kelianny Nonato para o Soda Virtual
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