Dez horas por dia. Esse é o tempo que o doutorando em Engenharia
Elétrica Danilo Perico tem dedicado nos últimos meses para o mais
importante campeonato de futebol de sua vida. Apesar do esforço, ele não
entrará em campo para jogar. Seu trabalho é fazer com ue quatro robôs
de 50 centímetros disputem, sozinhos, uma partida do esporte mais
popular do planeta na RoboCup, uma versão nerd da Copa do Mundo. O
evento, que reúne cerca de 400 equipes de 45 países, será realizado em
João Pessoa, na Paraíba, a partir do dia 19.
Perico e sua equipe competem na categoria Humanoide, desenvolvendo
robôs com características físicas semelhantes às dos seres humanos.
“Eles precisam ter braços, pernas e duas câmeras na cabeça, que
funcionam como os olhos.”
Além de desenvolver a parte física das máquinas, os estudantes
precisam programar o sistema que fará com que elas se movimentem
sozinhas no campo de 54 metros quadrados. Os robôs têm de estar prontos
para se levantar sozinhos caso haja alguma queda durante o jogo.
A organização da RoboCup, que é o maior evento de robótica do mundo,
espera reunir 3 mil universitários e 60 mil visitantes na capital
paraibana. Os participantes poderão ainda competir nas categorias
Rescue, voltada a desenvolver soluções para o resgate de pessoas; Home,
em que os robôs realizam pequenas tarefas domésticas; Junior, destinada
aos iniciantes; e Small Size, para pequenas máquinas.
Responsável por uma das equipes brasileiras, o professor Reinaldo
Bianchi, do Centro Universitário da FEI, conta que a construção de um
robô humanoide custa cerca de R$ 50 mil.
Desafio
Otimista com a produção dos alunos, Bianchi revela o plano ambicioso
dos idealizadores do evento: “A ideia é que, em 2050, uma equipe de
humanoides enfrente a seleção campeã mundial da Fifa com as regras
oficiais do futebol. Pode parecer muito, mas a ciência já conseguiu
fazer com que uma máquina vencesse o melhor jogador de xadrez do
planeta.”
No Brasil, a principal porta de entrada para quem quer participar é a
Olimpíada Brasileira de Robótica. O estudante Igor Santana, de 15 anos,
participou de uma das etapas do evento. “Tivemos um treinamento em
vídeo para montar nosso robô. Sou o único que sabe programar. No início
foi difícil, as funções como andar para a frente e para trás ficaram
todas invertidas. Mas depois eu consegui implementar as mudanças.”
Ele pretende seguir na carreira. “Descobri que é isso o que eu quero.
Vou fazer um curso técnico de mecatrônica e depois cursar Engenharia
Mecânica.”
A RoboCup será entre os dias 19 e 25. Bianchi afirma que alemães,
americanos, japoneses e chineses têm mais tradição e chances de vencer o
campeonato. Na categoria Small Size, no entanto, onde os robôs são
menores e se movimentam por rodas, ele planeja ir mais longe. “A gente
espera ficar entre os quatro. Sobretudo, não podemos perder de 7 a 1.”
Fonte: Estadão
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