Com as comunicações telefônicas facilitadas o radioamador gasta menos tempo tentando passar recados para lugares incomunicáveis por outros meios. Esse tempo que lhe sobrou tem sido empregado na pesquisa científica, nas comunicações digitais ou via satélite.
O início
Em 1895 ocorreu a primeira transmissão de rádio feita por Guglielmo MarconiIniciava o radioamadorismo. No Brasil esta atividade só foi regulamentada no ano de 1924 pelo Decreto 16.657 de 05 de novembro, assinado pelo presidente Arthur Bernardes. Até então o radioamadorismo no país vivia clandestino e sem qualquer normatização. Ao longo de muitas décadas o radioamador teve o privilégio de servir às comunidades, principalmente quando os meios de comunicação eram deficientes. Hoje vivemos a era das comunicações, mas nem por isso nossa classe é menos considerada. O dia internacional do radioamador é 18 de abril, em homenagem à Fundação da IARU, ocorrida na França em 1925.
Desbravador nas comunicações
Em 5 de novembro de 1901 Marconi cruza o Atlântico com sinais de rádio. A imprensa escrita se reportou ao fato com júbilo e triunfo. Começava a era do "sem fio". Desde então o radioamador tem sido pioneiro, descobrindo novos modos de transmissão em novas faixas de operação. O Radioamadorismo virou laboratório para quase todos os grandes projetos técnicos e operacionais que alavancaram a existência humana no mundo das comunicações.
O Radioamadorismo
É um dos mais fascinantes, versáteis e instrutivos hobbies científicos. Teve início com os transmissores e receptores de telegrafia em ondas curtas. Hoje incorpora alta tecnologia, envolvendo até a construção, lançamento, rastreamento e operação de satélites.
Com quase um século de atuação e com sua frequente contribuição ao desenvolvimento tecnológico mundial, os radioamadores conquistaram o respeito dos governos e a admiração de largas camadas da população.
Por definição, o radioamador é a pessoa que utiliza ondas eletromagnéticas dentro do espectro de radiofrequência delimitado por convenções internacionais. As experiências lhe permitem contatos em âmbito mundial com pessoas de interesses similares. Tudo sem qualquer finalidade lucrativa. Para se tornar radioamador é necessário prestar exames junto ao Ministério das Comunicações para a respectiva classe que vai operar.
A habilitação consta de conhecimentos de legislação específica, rádio-eletricidade, prática telegráfica e ética operacional. Estima-se hoje a existência de mais de 2,5 milhões de radioamadores espalhados pelo mundo (550 mil só nos EUA; 350 mil no Japão; ao redor de 40 mil entusiastas no Brasil, etc.). A nível mundial os radioamadores são representados pela IARU.
O padre gaúcho Roberto Landell de Moura incorporou em 1904 a modulação ao rádio, quando se pôde transmitir voz pelo "sem fio", que até então só transmitia sinais telegráficos. Patenteou o invento nos EUA, cuja validade expirou em 1921, não sendo renovado o registro. Os comunicados eram feitos ponto-a-ponto, até que David Sarnoff idealizou uma estação transmissora para muitos receptores. Fundava a Radio Corporation of America -RCA -e começava aí a radiodifusão (broadcasting).
Outras Modalidades
Nem só de telegrafia (CW,do inglês continuos Wave) ou fonia (voz) vive o Radioamadorismo. Um radioamador pode usar seu equipamento para a transmissão/recepção de dados, interligando-o a um computador e a similares no mundo inteiro.
A isso se denomina packet radio (rádio-pacote). Da mesma forma transmite/recebe sinais de telex (rádio-teletipo ou RTTY) e fac-símile (fax) , além de outras modalidades digitais largamente em uso, como PSK, MT63 e até o velho modo Hellschreiber, inventado pelos alemães na 2ª Guerra Mundial. Tudo isso trocando a linha telefônica pelo transceptor de rádio. Também a transmissão de imagens vem se dinamizando nas modalidades SSTV, que é a televisão de varredura lenta, que possibilita enviar/receber fotografias em cores de alta resolução. Existe também a televisão amadora ou ATV, imagens com cor e acompanhadas de sons.
O Radioamador na Internet
O pioneirismo do radioamador mais uma vez se comprova em relação à Internet, a maior rede de computadores do mundo. Ao invés de conectar o sistema via modem, que ainda enfrenta dificuldades face aos ruídos e congestionamento da rede telefônica, o operador de estação radioamadora pode fazê-lo através de seu equipamento.
Essa evolução permite hoje que provedores de Internet ofereçam serviços de acesso via rádio a usuários corporativos ou qualquer cidadão, trafegando no espectro de micro ondas a uma velocidade de até onze milhões de informações por segundo (11 Mb/s). Portanto, é falsa a ideia de associar radioamador a um velhinho grisalho com fones no ouvido batendo num manipulador telegráfico usando expressões codificadas em frente a enormes caixões de abelha. Pior que isso: gerando interferências no sinal fraco de sua televisão. Pelo contrário, tem sido ele o pesquisador/descobridor dos grandes eventos no mundo das comunicações nos últimos cem anos.
Do forno de microondas ao Telefone Celular
As comunicações radioamadorísticas nas bandas de VHF e UHF, com o auxílio de repetidoras lincadas entre si, deram origem à telefonia celular, hoje comum a qualquer cidadão. As repetidoras do serviço de radioamador na banda de VHF possibilita que com baixa potência se cubra grandes extensões territoriais. Por analogia, se estivermos com o aparelho celular ligado e operando em área coberta por um radiotransmissor, ele nos localiza onde quer que estejamos. O telefone celular veio ao mercado como o complemento ideal do telefone convencional. Na verdade o sistema de telefonia celular consiste num rádio que opera em altas frequências dentro da banda de UHF. Transmite num canal e recebe noutro, espaço que no Radioamadorismo se convencionou chamar de "split" (decalagem ou diferença entre as frequências de transmissão e recepção). Saiba que a privacidade é bastante relativa, pois por mais dispositivos de segurança implantados, você pode estar sendo "corujado" (ouvido) por receptores que captam essa faixa, e até alguns televisores com banda UHF ampliada podem bisbilhotar suas conversas. O forno de micro ondas (que não passa de um rádio-transmissor de UHF) também é um invento patrocinado pelos radioamadores.
A Propagação
Uma estação radioamadora necessita de transmissor/receptor para operar. No início eram construídos separadamente. Não havendo componentes no comércio, o próprio entusiasta tinha que fabricá-los para finalizar seu equipamento.
Logo os americanos assumiram a hegemonia no mercado e a partir da década de 70 os japoneses passaram a dar as cartas neste setor, através do emprego maciço de tecnologia, via de regra desenvolvida pelas próprias experiências e pesquisas do radioamador. Para ver tudo isso, visite nosso museu virtual do Radioamador Mais do que um Hobby, a brincadeira virou ciência, dando origem a outras modalidades de comunicação e descobrimentos. Os contatos são realizados em frequências específicas dentro de uma determinada banda (ex. 160, 80, 75, 40, 20, 17, 15, 12, 11, 10, 6 metros). Este espectro se denomina HF (Alta Frequência). As faixas de VHF correspondem aos 2 e 1,35 metros. Em UHF temos as bandas de 70, 33 e 23 centímetros. Esses números correspondem aos respectivos comprimentos de onda.
Equipamentos e contatos
A maior incógnita no mundo das transmissões de rádio reside nas condições de propagação do sinal. As ondas de rádio viajam pelo espaço livre a uma velocidade de 300 mil km/segundo. Dependendo das condições atmosféricas e topográficas os sinais percorrem maior ou menor distância (repetidoras)em linha teoricamente reta.
Existem sinais que se propagam por refração, ou seja, saem da antena transmissora, sobem até atingir uma camada na atmosfera (ionosfera) e baixam até a antena receptora, formando um triângulo imaginário. A altura em que se encontra a camada refratária é que vai determinar a distância que o sinal será jogado. Quanto maior for o comprimento de uma onda de rádio mais ela tenderá a acompanhar o relevo da terra e mais sujeita às interferências elétricas estará.
É o caso do rádio em Amplitude Modulada (AM) interferido por descargas elétricas em dias chuvosos. À medida que a frequência vai crescendo seu tamanho de onda vai diminuindo, e consequentemente a tendência é propagar-se em linha reta. Neste caso as antenas devem ficar o mais alto possível do solo para que possam "se enxergar", como diz o jargão radioamadorístico. Isso é válido também para transmissões de TV, tanto em VHF como em UHF.
Fonte: www.labre.am.org.br
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