Folhagem que assumiu a forma de uma borboleta.
Lago do Parque Zoobotânico anexo ao Museu Emílio Goeldi, Belém (PA)
Lago do Parque Zoobotânico anexo ao Museu Emílio Goeldi, Belém (PA)
Não foi certamente por puro acaso que a primeira imagem a revelar-se diante dos olhos daquele menino de 4 anos, na penumbra mágica do laboratório fotográfico em que entrava pela primeira vez, tivesse sido a de uma árvore.
“Extasiado”, como ele próprio se descreve, ao debruçar-se várias décadas depois sobre essa lembrança, o menino José Pinto veria naquele momento traçados sua vocação e seu destino profissional — ser repórter fotográfico, tal qual o pai, os irmãos e mais tarde os filhos e vários outros parentes — e teria uma espécie de antevisão do que seria seu grande sonho: registrar, com minúcia, carinho e competência, a natureza, a gente e os problemas de sua Amazônia natal.
Este livro esplêndido, resultado de mais de 80 mil quilômetros percorridos no interior da maior floresta tropical do planeta em mais de três décadas de trabalho paciente e primoroso de José Pinto e seu irmão Pedro, é o desfecho natural daquele momento especialíssimo, vivido há mais de 70 anos. Constitui, desde já, um patrimônio do fotojornalismo brasileiro, à altura do colosso que eles tão fielmente retratam.
José Pinto está radicado em São Paulo desde 1952, mas nunca deixou de levar seu Pará no coração e nem de tê-lo na sua objetiva, ao lado dos demais Estados da região Amazônica. Entre outros veículos da imprensa, trabalhou nas extintas revistas O Cruzeiro e Manchete, teve passagem pela TV como câmera, atuou no extinto jornal Última Hora, em O Estado de S.Paulo e em diferentes revistas da Editora Abril.
O trabalho sobre a Amazônia, a ser transformado num livro de 900 páginas — a obra, ainda sem título definitivo, está sendo negociada com editoras –, é uma realização pessoal, bancada pelo próprio bolso, realizado em férias e intervalos entre empregos, e para cujo financiamento Zé Pinto, como o chamam os amigos, chegou a vender propriedades e um carro. “Nele, procuro mostrar a região sob o prisma do povo amazônico, seu cotidiano e o esforço para conjugar a preservação da floresta com o desenvolvimento sustentado”, diz o fotógrafo.
Embora seja um livro de fotos, José Pinto colheu para a obra mais de 250 depoimentos sobre a região, entre poetas, cientistas, escritores, jornalistas, ambientalistas, militares e dirigentes políticos, entre os quais o antropólogo Darcy Ribeiro, o geógrafo Aziz Ab’Szaber, o escritor Rubem Braga, os sertanistas Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas, o bibliófilo José Mindlin, os ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso e a presidente Dilma Rousseff.
Desfrutem algumas das fotos magníficas que constarão do livro, selecionadas pela editora de Fotografia de VEJA, Gilda Castral, que confessa: “Sofri muito para escolher algumas em meio a tantas fotos primorosas”.
Samaumeira, conhecida como a Árvore Sagrada da Amazônia, Macapá (AP)
Cipós retorcidos — o poder da metamorfose amazônica.
Em algum ponto do Estado do Amazonas
Em algum ponto do Estado do Amazonas
Mangueira, quintal de uma residência, Belém (PA)
Samaumeira: com 60 metros de altura, 3,5 m de diâmetro,
a árvore torna pequena a figura do caboclo que escala sua base
a árvore torna pequena a figura do caboclo que escala sua base
Tracajá repousa sobre um jacaré, lago do
Parque Zoobotânico anexo ao Museu Emílio Goeldi, Belém
Parque Zoobotânico anexo ao Museu Emílio Goeldi, Belém
Ribeirinha com filhos gêmeos, feliz por escapar da cheia do
Rio Amazonas e conseguir abrigo, Bragança (PA)
Rio Amazonas e conseguir abrigo, Bragança (PA)
Teia de aranha na Floresta Amazônica, em algum ponto do Estado do Acre
A chuva das três da tarde e o Teatro da Paz, Belém
Mercado Ver-o-Peso, entreposto pesqueiro e ponto turístico, Belém
Trecho do Rio Amazonas, rumo ao Amapá
Ossatura do peixe gurijuba. Sua bexiga natatória possui propriedades medicinais e aplicações
industriais. Ele é tido pelos ribeirinhos como sacramento da presença de Deus Pai nas águas do rio, pois seus ossos lembram Jesus crucificado.
industriais. Ele é tido pelos ribeirinhos como sacramento da presença de Deus Pai nas águas do rio, pois seus ossos lembram Jesus crucificado.
O homem amazônico: catador de caranguejos saindo de um manguezal próximo a Belém. Na sua boca, uma “parranga”, ou “porronga” – um cigarro de maconha do tamanho de um charuto
Casa de ribeirinhos às margens do Rio Amazonas, cercanias de Macapá
Sítio de mineração desativado.
O homem passou por aqui, e deixou veias abertas. Serra do Manganês (AP) (Foto: José Pinto)
O sertanista Orlando Villas-Bôas, em sua casa em São Paulo, em 2001. Orlando e seus irmãos Cláudio e Leonardo, segundo José Pinto, “estão eternizados nos murmúrios dos rios, das cachoeiras, na generosidade das chuvas”.
Mãe indígena amamenta o filho, São Gabriel da Cachoeira (AM)
A cabocla e os filhos sorriem depois de recolher doações lançadas pelos viajantes do barco “Bom Jesus”, navegando pelo rio Salvadorzinho entre Belém e Macapá
O mimetismo é a forma de proteção da borboleta contra os predadores. Cercanias de Manaus
Vitória-Régia, Manaus
Festa folclórica do Boi-Galheiro, cercanias de Vigia (PA)
Família de ribeirinhos, liderada pela matriarca Gregória,
chegam à sua residência, Ananindeua (PA)
chegam à sua residência, Ananindeua (PA)
A ribeirinha Gregória e a família em sua residência, Ananindeua
Uma das filhas da matriarca Gregória, grávida do garoto Douglas, rio Caraparu (PA)
O garoto Douglas, agora com 6 anos, puxa a canoa, rio Caraparu
Garoto guarani em algum ponto do Pará
A Floresta em Chamas. Uma fusão digital de imagens que mostra um jacaré
consumido pelo fogo. A criação do artista não rivaliza com a realidade
consumido pelo fogo. A criação do artista não rivaliza com a realidade
Fonte: Veja
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