A necessidade de projetar
Muitas empresas têm aderido as redes sociais buscando algo em comum: ganhar algo com elas, seja mais clientes, seja dinheiro, seja ambos, afinal de contas quase sempre a relação cliente/dinheiro é simbionte. Entretanto, não é muito difícil achar pelas mídias, empresas e pessoas que fazem um uso totalmente irregular desse meio de comunicação, talvez pelo fato de ser um meio que começou a ser explorado muito recentemente e, por conta disso, existe uma certa falta de padrão para determinar o que, de fato, deve e o que não deve ser feito, pois existem estratégias que podem funcionar com algumas empresas e não com outras, tanto estratégias de marketing quanto visuais.
Apesar dessa falta de padrão, existem regras que continuam perfeitamente aplicáveis no que diz respeito as estratégias que as empresas ou pessoas que queiram mostrar ou vender alguma coisa, e assim como funciona com a comunicação impressa ou mesmo com outras abordagens do meio digital, existe a necessidade de se determinar, inicialmente, uma identidade para essa empresa ou pessoa, ou seja, uma projeção de como deve ser a sua face de divulgação nas mídias sociais.
Vou citar o exemplo da Coca-cola no facebook, que até agora têm sido a página com mais engajamento dos seus conteúdos. Com o advento da ação “Quanto mais melhor“, onde a empresa transformava o nome das pessoas em parte do rótulo das latinhas de refrigerante, percebeu-se que a Coca-cola estava em busca de uma relação mais estreita com seus clientes assíduos e em busca de novos que compartilhassem do “valor Coca-cola”, tanto que a ação se estendeu para o facebook para que a Coca-cola tivesse mais nomes para estampar nas latinhas. Unida a essa promoção da marca, passou a existir uma espécie de reciclagem da identidade visual da empresa nas redes sociais de uma maneira geral, embora o maior foco comercial visível esteja no facebook. Conteúdos com linguagens totalmente informais, mais populares, dispostas em grids quase minimalistas vermelhos e brancos para conteúdos mais simples, infográficos mais desenvolvidos com fontes mais fantasiosas, ou ainda que mais rígidas (a Coca-Cola faz um uso quase constante de fontes semelhantes a Helvetica. Herança da publicidade européia talvez!), mas sempre dispostas dentro de uma identidade visual inconfundível e sem abandonar sua abordagem inicial com imagens que ilustrassem o seu valor, mas agora com pelo menos uma garrafinha de refrigerante estrategicamente colocada no canto inferior direito ali da imagem, como uma assinatura.
Um outro exemplo de página bem sucedida em matéria de design é a do Walmart no twitter. O twitter, por si só, não proporciona muitos artifícios gráficos para uso, mas se o que já existe for usado de forma adequada, pode ser que o resultado seja um visual agradável. No caso do Walmart, a página é referência por usar o twitter como um canal direto de comunicação com seu cliente, como um SAC. Mas, assim que se acessa a página da empresa, já enxergamos rapidamente o logo da empresa multiplicado como uma textura no background azul, cor do nome da empresa na composição do seu logo. Esse tipo de abordagem funciona perfeitamente, pois reforça a identidade da marca e une esse fator ao bom serviço prestado pela empresa.
Abordagem técnicas e criativa
É comum dedicarmos um tempo somente para pesquisa de referências durante a criação de uma identidade visual, seja ela completa ou seja um projeto de website. Não é muito diferente com as redes sociais, pois elas também podem e devem ser vistas como parte da identidade de uma marca, uma vez que elas funcionam como um complemento e/ou como um canal de comunicação que fará seus vendedores chegarem até aqueles considerados clientes em potencial dos seus produtos ou serviços. O design gráfico nas redes sociais é algo que anda ao lado das estratégias de SEO e pesquisas de campo adotadas pelos profissionais da área, pois todo o branding desenvolvido pode ser simplesmente perdido se o conteúdo produzido não condizer com o visual que o abrigará. Não adianta uma empresa que venda um produto requintado ou que faça uso de cores neutras e leves procurar atuar nas redes sociais com algo oposto a isso, pois provavelmente não ganhará mais clientes e passará uma ideia confusa aos clientes que já possui.
De nada adianta o designer possuir todas as especificações técnicas de cor, uso de marca e valores de uma empresa se ele não puder expô-las visualmente de uma forma organizada e criativa. Nós aqui no Brasil não temos uma tradução literal para design, mas entendemos que design se trata de projetar algo de maneira coesa. Dessa forma, projetar para redes sociais envolve tanta seriedade quanto envolveria produzir uma papelaria ou um site. Existem muitas empresas que são bem sucedidas nas redes sociais na sua missão de galgar novos clientes e manter os que já possui por conta do design final que une conteúdo e layout. O uso de uma boa imagem que ilustre perfeitamente um bom tema sugerido dentro de um layout visualmente atrativo pode ser o trunfo de uma empresa, seja qual for a rede social onde ela atue. Entretanto, muitas vezes a necessidade de uma abordagem um pouco mais criativa na produção do conteúdo se faz presente. O facebook ainda é a plataforma que mais instiga as empresas a galgarem novas oportunidades e corriqueiramente vimos pequenas campanhas fazendo uso do próprio design do facebook para expor uma determinada estratégia visual.
Abaixo estão alguns exemplos das abordagens criativas ou mais técnicas no facebook e twitter, sejam de empresas ou de pessoas. As empresas permanecem renovando a parte visual nas suas redes, então esses exemplos são exemplos que já fizeram parte das suas fanpages.
Antiga capa da fanpage do Angry Birds no facebook
Uma das capas da fanpage da Fanta no facebook.
Capa de usuário comum do Twitter.
É notória a preocupação dessas empresas e pessoas em passar uma mensagem visual mais criativa do que técnica, pois a mente humana associa imagens a sensações com mais facilidade do que simplesmente lendo. As redes sociais possibilitam o uso de artifícios de imagem em diversos tipos de peças, sejam ilustrações, peças mais gráficas, infográficos ou simples postagens diárias, mas de uma forma mais criativa ou de forma a dar finalmente a expressão que uma empresa deseja ter, de fato, com a sua comunicação em relação ao que ela deseja informar.
Cuidados
Acontece que, como já foi dito, explorar as mídias sociais como plataforma de divulgação é algo que tem sido feito a pouco tempo, portanto existem muitas coisas que são feitas de forma irregular ou simplesmente incorreta e isso pode colocar todo o trabalho a perder.
Existem diversas formas de approach que as empresas querem adotar para criar sua identidade nas mídias, mas dependendo da forma como esses approaches são conduzidos, o resultado pode ser muito diferente do esperado.
O design gráfico é o responsável por manter a ordem nesse quesito e um uso racional de um bom design será o fator determinante de um conteúdo. Um conteúdo pode ser desenvolvido dentro de um design gráfico muito interessante e parecer muito maior do que ele realmente é, assim como também pode acontecer o contrário e isso se dá pelo fato de existir uma premissa básica em design gráfico que se aplica a qualquer tipo de job: padrões existem para serem quebrados em algum momento. Entretanto, é necessário muito estudo da parte do designer para poder indicar corretamente o timing para que certos padrões sejam quebrados. Quantas páginas não vimos por aí nos últimos tempos que não fizeram uso da timeline do Facebook para expor seus conteúdos de maneira cronológica ou que fizeram uso da verticalidade do Google+ para expor artes mais complexas como infográficos ou ilustrações?
Sempre é possível fugir do recurso “imagem+texto” padrão. Muitas vezes um conteúdo pode ser desenvolvido melhor dentro de um infográfico ou dentro de uma peça que leve o cliente espectador até o seu site ou produto, não necessariamente encerrando a relação cliente/vendedor ali mesmo na rede social.
Por trabalhar com isso, eu e a equipe que faço parte nos deparamos com casos de abordagens boas em relação a um conteúdo, mas que não eram muito bem sucedidas nas redes sociais por conta de fatores visuais, muitas vezes até subliminares, que poderiam ser um fator potencial da rejeição das pessoas àquele conteúdo.
Cuidar de redes sociais dentro de uma abordagem gráfica de nada difere da criação de um material impresso de divulgação de algum produto ou do desenvolvimento de um site. Se um site for desenvolvido sem regras de otimização, com navegação difícil e com poucos recursos visuais atrativos, provavelmente seu site será massacrado na web, ainda que existam recursos de ads disponíveis para promoção, pois aí a empresa vai ter que se entender com a insatisfação das pessoas depois. Mesma coisa com impressos, pois se não houver uma diagramação coesa e organizada e o layout não estiver condizente com seu conteúdo, de nada valerá o esforço, pois a comunicação não será eficiente.
Desmistificando
Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, projetar para redes sociais não é uma tarefa que se resume em conteúdos simples e aleatórios postados apenas para buscar “curtidas”. Muitas empresas andam adotando esse meio de comunicação como forma de mensuração dos seus índices de alcance, ou seja, quantas pessoas estão realmente inseridas dentro daquele pequeno mundo criado para aquele tipo de conteúdo que a empresa coloca na web. É algo que exige extrema responsabilidade, estudo e pesquisa da parte de quem trabalha com conteúdo e uma responsabilidade maior ainda da parte do designer que projetará a face que determinado conteúdo terá. Portanto, é de extrema importância que o design gráfico seja analisado não só como ferramenta de execução, mas também como ferramenta de estratégia para as empresas que desejam ingressar nas redes sociais para vender o seu produto.
Referências:
20 capas criativas para Facebook: Inspire-se!
20 capas do Twitter criativas
Para Entender as Mídias Sociais
Graphic Design + Social Media: Erica Bodgan
20 capas criativas para Facebook: Inspire-se!
20 capas do Twitter criativas
Para Entender as Mídias Sociais
Graphic Design + Social Media: Erica Bodgan
Fonte: Choco La Design
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