A decisão do Banco Central de elevar os juros para 8% ao ano ainda vai causar efeitos no mercado financeiro e nas discussões sobre a política econômica durante esta semana. Esse clima pode manter a alta volatilidade nos preços dos ativos financeiros, como ações em bolsa de valores, moedas e taxas de juros do mercado futuro.
Com “um olho no peixe, outro no gato”, vai todo mundo vigiar mais atentamente o comportamento do dólar. Em maio, a moeda americana teve valorização acima de 7%, sendo que só na sexta-feira passada a alta encostou em 2%. O BC atuou no mercado de câmbio e pode voltar a vender dólares para segurar a desagarrada da moeda americana.
De Istambul, na Turquia, o presidente do BC Alexandre Tombini falou com tranquilidade que o efeito de um real mais fraco não vai afetar a inflação. Pela explicação de Tombini, a alta do dólar é um movimento “global” e o “repasse desse aumento para inflação é limitado e caiu ao longo do tempo”.
Apesar de ter razão nas duas justificativas, os acontecimentos recentes já mostraram ao próprio Tombini que: 1) a subida do dólar aqui é mais intensa do que em outros países; 2) mesmo menor, o repasse para inflação num momento em que o IPCA continua na casa dos 6% não é exatamente uma situação confortável.
Além de contar com mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais para vender no mercado, o BC conta também com uma carta na manga do governo: o Brasil ainda cobra um IOF de 6% para operações no câmbio. Essa distorção continua afetando a funcionalidade do mercado, principalmente para os vendedores da moeda estrangeira, que devem pagar o tributo.
Não há ainda uma sinalização de que o governo vá mexer no IOF. Durante a semana, de acordo com a dinâmica do dólar lá fora e aqui, será o momento de escolher as armas mais eficientes para suavizar todos os efeitos que a alta da moeda americana pode causar na nossa economia.
A semana tem ainda a divulgação da ata do Copom, que vai explicar o que Alexandre Tombini vem falando desde a decisão da semana passada: subir os juros para 8% ao ano foi uma resposta à prioridade do BC que é combater a inflação neste e no próximo ano. Para completar o cenário, na sexta-feira o IBGE divulga o IPCA de maio que, pela expectativa de mercado, deve cair para perto de 0,40% mas não será suficiente para tirar a inflação oficial do patamar de 6,5% ao ano.
Fonte: G1 - Globo
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