Um quarto das meninas pesquisa sobre gravidez e doenças sexualmente transmissíveis na internet. Resultado está em pesquisa revelada nesta segunda
Internet: 87% dos participantes da pesquisa acessam a web por pelo menos seis dias na semana e 33% passam de 4 a 6 horas diárias na rede (Thinkstock)
Uma pesquisa divulgada ontem (segunda-feira) mostrou que os jovens estão sujeitos a comportamentos de risco na internet quando o assunto é sexualidade – e os pais não estão sendo capazes de acompanhar suas atividades. O levantamento, realizado entre junho e agosto de 2012, consultou 401 jovens de 13 a 17 anos e 414 pais com filhos na mesma faixa etária.
Os dados foram obtidos por meio de um questionário online enviado para jovens e pais de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador. Encomendada pela empresa especializada em anti-vírus McAfee, a pesquisa considerou apenas usuários que se conectam à rede pelo menos duas vezes por semana.
O primeiro dado revelado é que grande parte dos jovens faz uso intenso da internet: 87% dos participantes da pesquisa acessam a web por pelo menos seis dias na semana e 33% afirmam passar de quatro a seis horas diárias na rede.
Sexualidade — O estudo aponta que 28% dos participantes de 13 a 15 anos afirmam já ter interagido com meninos (as) na rede de formas que não gostariam que seus pais soubessem. Na mesma faixa etária, 18% dos entrevistados afirmam que já tiveram acesso a conteúdos de natureza sexual.
Um quarto das meninas afirma se informar sobre gravidez e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) na web. Para Lucas Pestalozzi, diretor da TNS, empresa que realizou a pesquisa, esse dado pode ser interpretado de duas formas: é positivo, no sentido da busca de informação, mas pode significar também que essas jovens não têm orientação em casa ou na escola sobre tais assuntos e por isso recorrem à internet. Ele também acrescenta que é importante saber se essas meninas estão buscando sites confiáveis para se informar.
O psiquiatra Jairo Bouer, especialista em comportamento jovem, acredita que a busca de informações por conta própria faz parte do processo de amadurecimento do jovem, mas quando os pais ensinam onde e como fazer essa busca, há chance do filho adotar um padrão de comportamento mais seguro na internet quando chega à adolescência. "Se a gente começar esses diálogos mais cedo, tanto sobre sexualidade, uso de substâncias, quanto sobre a internet, fica mais fácil lidar com essas questões e discutir limites. O mesmo limite que imposto aos filhos na vida real deve ser colocado na internet", diz.
Para Jairo, os jovens muitas vezes desconhecem parte dos riscos que a internet apresenta, mas há uma parcela de riscos sobre os quais eles têm consciência e mesmo assim ignoram o perigo, buscando mais popularidade entre os amigos, por exemplo.
De acordo com a pesquisa, 45% dos meninos conversam com desconhecidos e 28% das meninas já saíram de uma sala de bate-papo aberto para entrar em uma conversa particular com alguém que conheceram na internet.
Ciberbullying - A pesquisa encomendada pela McAfee mostrou que, dentre os jovens que afirmam já terem sofrido ciberbullying, apenas 30% contaram aos pais. Do total de jovens entrevistados, 34% afirmam ter presenciado esse tipo de agressão virtual, enquanto apenas 20% dos pais afirmam que seus filhos presenciaram a prática.
Monitoramento - Quase metade dos jovens (45%) afirma que mudariam seu comportamento na internet se soubesse que estavam sendo monitorados pelos pais, e 37% dos meninos afirmam saber como esconder dos pais o que fazem na rede.
Do lado dos pais, as principais causas apontadas para a falta de acompanhamento dos filhos foi o conhecimento limitado de tecnologia (48% dos pais acreditam que seus filhos entendem mais de tecnologia do que eles) e a falta de tempo para tal acompanhamento (33%).
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