Mais de um terço dos jovens no Brasil nunca desliga o celular, diz pesquisa
Mais de um terço dos jovens no Brasil nunca desliga o celular, nem mesmo dentro da sala de aula ou enquanto está dormindo.
É o que diz uma pesquisa feita a partir de dados colhidos entre 2010 e
2011 com 18 mil pessoas com idades de 6 a 18 anos. O estudo, chamado de
"Gerações Interativas Brasil", buscou analisar o comportamento de
crianças e jovens com computadores, celulares, games e televisão.
O trabalho foi feito pela Fundação Telefônica Vivo em parceria com o
Ibope, a Escola do Futuro da USP e o Fórum Gerações Interativas. O total
de respostas coletadas passou por um ajuste, o que resultou em uma
amostra de 1.948 crianças (6 a 9 anos de idade) e 2.271 jovens (10 a 18
anos).
"O acesso e o uso efetivo dos aparelhos e serviços celulares pelos
jovens brasileiros tende a invadir todo o tempo e todos os espaços da
vida cotidiana", diz o estudo.
Entre jovens, 34,5% nunca desligam o celular. Na mesma faixa etária, 57%
desligam o telefone na sala de aula; 24%, ao estudar; 20%, quando estão
dormindo; e 9%, quando estão com a família (em atividades como comer ou
assistir à televisão).
Deixar o aparelho sempre ligado é uma atitude mais comum entre os jovens
da região Norte (41,5%) e menos comum na Centro-Oeste (28,1%). No
Sudeste, o índice é de 33,2%.
No país, 74,7% dos jovens têm telefone celular. Entre as crianças (6 a 9
anos), 38,8% dizem usar um aparelho próprio, e 23,4%, o de outras
pessoas.
O celular é "a tela da convergência das mídias contemporâneas" e
representa "muito mais do que um aparelho destinado apenas a falar e
ouvir pessoas", diz o estudo.
Por isso tantos jovens gostam do aparelho e raramente o desligam. "Com o
celular, eles fazem o que adoram: jogar e comunicar", diz à Folha
Brasilina Passarelli, que trabalhou na produção do estudo e é
coordenadora científica do núcleo de apoio à pesquisa da Escola do
Futuro, da USP.
Entre as crianças, é mais comum usar o celular para jogar (66,9%) do que
para falar (56,1%) ou mandar mensagens (23,4%). Os jovens dizem que o
aparelho serve principalmente para falar (89,5%), mas também para mandar
mensagens (60,8%), ouvir música ou rádio (60,6%), usar como relógio ou
despertador (57,2%) ou jogar (49,2%), entre outras coisas.
A pesquisa comparou a preferência das crianças e dos jovens pelo celular frente a outras telas --televisão e games.
O celular ganha da televisão entre as crianças (45,8% ante 44,8%), mas perde entre os jovens (39,1% ante 48,2%).
MENINAS E MENINOS
Há uma considerável diferença entre a preferência das meninas e a dos
meninos. Estes demonstram uma predileção bem maior pela televisão do que
pelo celular (49% ante 42% entre crianças e 52% ante 34% entre jovens),
enquanto as crianças do sexo feminino já preferem o celular (50% ante
41%) e as jovens mostram-se mais divididas (44% ante 44%).
Diferenças significativas entre os gêneros também apareceram em outras
partes do estudo. Ao escolher entre videogames ou celulares, por
exemplo, 54% dos jovens do sexo masculino dizem gostar mais dos
primeiros, enquanto 66% das meninas preferem os últimos.
O controle e a vigilância da família é mais intenso sobre as meninas,
principalmente em atividades on-line como fazer compras, enviar
informações pessoais e compartilhar fotos ou vídeos. Entre os jovens,
16% das meninas dizem que os pais não interferem no seu uso da internet,
enquanto 21,5% dos meninos afirmam o mesmo.
O cuidado maior sobre as filhas reflete uma atitude adotada pelas
famílias também fora do mundo digital. Essa diferença no tratamento
representa, de alguma maneira, valores compartilhados pelos pais, diz
Brasilina.
Tablets não aparecem na pesquisa porque não eram tão populares quando
ela começou a ser feita, explica a pesquisadora, mas certamente serão
incluídos nas próximas. Brasilina ainda espera que, futuramente, seja
possível aliar uma pesquisa qualitativa aos fatores quantitativos do
estudo atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário.