O folclore é a expressão da cultura
de um povo: artesanato e danças e brincadeiras e costumes, histórias e história
oral, lendas, músicas, provérbios, superstições e outros comuns a uma
população específica, incluindo as tradições dessa cultura, subcultura ou grupo
social , também chamado frequentemente da mesma forma que o estudo dessas
questões.
Mas houve muitas discordâncias sobre
o que exatamente o Folcklore continha: alguns falavam apenas de histórias e
crenças e outras festividades também incluídos e vida comum.
VAQUEIRO MISTERIOSO
Por todo o Nordeste brasileiro contam
histórias sobre um vaqueiro muito humilde, aparentemente frágil, mal vestido,
montado num cavalo velho, com um chapéu gasto a lhe ocultar o rosto. Não se
sabe de onde vem, nem seu verdadeiro nome. Ninguém lhe dá atenção nem dá nada
por ele.
Quando se oferece para participar de vaquejadas ou outros certames com gado, zombam e caçoam do forasteiro. Acontece, porém, que na hora das disputas ele se revela um vaqueiro hábil como ninguém, conhecedor de grandes segredos. Seu cavalo torna-se então, um veloz e belígero ginete. Ele reúne todo o gado, no curral, sozinho e em pouco tempo. Domina facilmente os mais ferozes touros. Nas vaquejadas, não há novilho, não há garrote, que escape à derrubada do vaqueiro misterioso. Enfim, acaba sendo ele o grande campeão.
Quando se oferece para participar de vaquejadas ou outros certames com gado, zombam e caçoam do forasteiro. Acontece, porém, que na hora das disputas ele se revela um vaqueiro hábil como ninguém, conhecedor de grandes segredos. Seu cavalo torna-se então, um veloz e belígero ginete. Ele reúne todo o gado, no curral, sozinho e em pouco tempo. Domina facilmente os mais ferozes touros. Nas vaquejadas, não há novilho, não há garrote, que escape à derrubada do vaqueiro misterioso. Enfim, acaba sendo ele o grande campeão.
Terminados os torneios e as festas,
ele, alegre, bom garfo e grande bebedor, recusa os sedutores convites das
mulheres, assim como as ofertas dos fazendeiros de bem remunerados trabalhos; apenas
recebe os prêmios e se vai, para reaparecer depois em outras paragens. Câmara
Cascudo o registrou como mito (“Mitos Brasileiros”); Alceu Maynard Araújo, como
lenda (“20 Lendas Brasileiras”).
VITÓRIA-RÉGIA
Era uma vez uma jovem e muito bonita
índia, chamada Naiá, que se apaixonou pela lua ao ouvir as histórias de que
esta era um belíssimo e poderoso guerreiro que, quando se enamorava de alguma
índia, levava-a consigo para o céu e a transformava numa linda estrela.
Naiá, depois de se apaixonar pela
lua, passou a não se interessar por nenhum dos seus inúmeros pretendentes,
mantendo-se fiel a seu sonhado guerreiro. Numa das noites em que vagava pelas
matas, ao ver a imagem da lua refletida num lago, acreditando ser o seu amado,
atirou-se nas águas profundas do lago e morreu afogada.
A lua, então, que não fizera de Naiá
uma estrela no céu, transformou-a numa estrela das águas, fazendo com que seu
corpo de índia se tornasse uma imensa e linda flor, cujas pétalas à noite se
abrem, para que o luar ilumine sua corola rosada. Essa flor é a vitória-régia.
DANÇAS
Das mais remotas manifestações
culturais da humanidade, a dança, nos primórdios, era integrante de rituais
religiosos e mágicos, de cuja prática existem milenares registros
arqueológicos.
Ainda hoje, verifica-se o uso da
dança como manifestação de devoção, com caráter religioso, a exemplo de algumas
que logo veremos no decorrer deste artigo. Com o tempo, a dança deixou de ter
apenas motivação religiosa e passou a adquirir função recreativa e estética,
fazendo-se presente em todas as sociedades humanas. Atualmente, é usada
inclusive com finalidade terapêutica.
DANÇA FOLCLÓRICA
Diversamente das danças "da
moda", fomentadas pelos meios de comunicação de massa, ou da dança
clássica, erudita, a dança folclórica caracteriza-se por se situar e se
desenvolver dentro da cultura espontânea, informal, ou seja, é aprendida pela
observação e imitação direta, pela repetição e pela tradição, sem a intervenção
da cultura erudita, sem a direção de coreógrafos.
Os estudiosos do tema classificam-nas
de diversas maneiras.
Alguns as enfeixam em três grupos: danças "religiosas" (São Gonçalo,
por exemplo), "guerreiras" (Quilombo, Maculelê) e
"profanas" (Lundu, Coco). Outros o fazem, segmentando-as de acordo
com sua "forma" (par solto ou unido, fileiras, roda); "possível
origem" ou influência (europeia, indígena); e sua "finalidade"
(de intenção religiosa ou profana).
Outras formas de sistematização são
também apresentadas, tais como, "quanto ao período em que são
celebradas"; "quanto ao espaço de realização" (dança de salão,
dança de terreiro); "quanto indumentária"; "quanto à área
geográfica", entre outras.
FOLGUEDOS
"Considerados pelos estudiosos
como a principal característica das festas tradicionais, religiosas ou não, os
folguedos populares englobam brincadeiras, diversões, artes e artesanato,
danças e bailes, músicas e cantorias, jogos e sortes, o comércio de artigos
regionais, os autos e as representações teatrais (...), as pantomimas e os
teatros de bonecos, entre muitos outros", ensina Emília Biancardi, em
"Raízes Musicais da Bahia" (pág. 55, grifamos).
O termo "folguedo" tem,
portanto, várias acepções, mas a tendência entre a maior parte dos folcloristas
é de usá-lo restritivamente, num sentido mais específico, para designar as
manifestações em que existe alguma representação dramática, com personagens
definidos.
Segundo Maria de Lourdes Borges
Ribeiro, a dança folclórica "é a manifestação de um grupo de estrutura
simples, apenas mestre e dançadores, com coreografia própria, sem texto
dramático, com ou sem indumentária determinada"; "o grupo de folguedo
tem uma estrutura complexa, com mestre, dançadores, personagens com hierarquia
e atuação definida, indumentária determinada, elementos tradicionais, ensaios,
parte dramática" (em "Folclore", Biblioteca Educação e Cultura,
MEC).
Veríssimo de Melo, por sua vez,
diverge, considerando equivalentes os termos danças e folguedos populares,
apresentando uma outra distinção entre folguedos e autos): "Entre as danças folclóricas, em geral, há que
se separar os autos populares ou danças dramáticas (...) das outras danças ou
folguedos populares. Os autos apresentam um enredo, uma estória. Os folguedos
circunscrevem-se à coreografia, ritmo e música" ("Folclore Brasileiro
- Rio Grande do Norte").
Muitos folcloristas, entretanto,
referem-se ao "bumba-meu-boi", por exemplo, como auto ou como
folguedo, indistintamente. São, enfim, amplas a diversificação terminológica e
as distinções entre os fenômenos denominados. Usam-se "dança dramática",
"auto", "folgança", "bailado" e
"cortejo".
Para Maria Amália Corrêa Giffoni em
"Experiência de Pesquisa e Aplicação Didática de Danças Folclóricas",
folguedos, ou bailados, danças-dramáticas e autos constituem denominações
diferentes do mesmo fato folclórico, incluindo cortejo, danças, cantorias e
declamação (Anuário do 28° Festival do Folclore).
Não obstante as divergências, é
oportuno ressaltar que a grande maioria dos autores utiliza os termos
"danças" e "folguedos" quando tratam do assunto. Do mesmo
modo, consta do Capítulo IX do texto resultante da "Releitura" da
Carta do Folclore Brasileiro, produzido no VUI Congresso Brasileiro de
Folclore, em dezembro de 1995, em Salvador, Bahia: "Grupos Para
folclóricos - São assim chamados os grupos que apresentam folguedos e danças
folclóricas (...)".
Poderíamos, então, estabelecer esta
distinção: a existência de dramatização e
de personagens específicos, presentes no folguedo, o distingue da dança. Há, no
entanto, manifestações em que a dança é apenas parte, mas não essencial, de
determinado "folguedo", podendo inclusive nem ocorrer, assim como, em
alguns "Bois", por exemplo, o episódio da morte e da ressurreição do
animal pode também não ser encenado.
Sendo assim, consideramos oportunas
as conceituações de Américo Pellegrini Filho, segundo o qual Dança Folclórica é
"forma de expressão tradicionalmente popular que se baseia em movimentos
rítmicos do corpo ou parte dele (especialmente os pés), em geral acompanhados
por música e canto, e aprendida de modo informal por contatos
interpessoais" ("Danças Folclóricas", pág. 26, 2a edição, Ed.
Esperança); e Folguedo é "forma folclórica com estrutura, personagens e às
vezes enredo, incluindo comumente danças ou coreografias reduzidas.
E integrado, geralmente, por pessoas
mais ou menos constantes que mantêm um tema central tradicional. Pode não
ocorrer a representação teatral (o desenvolvimento de um enredo), mas pelo
menos se observam a organização de cortejo, a estrutura coletiva, os trajes
especiais. Desse modo, o folguedo popular é uma forma folclórica mais ampla e
complexa que a dança e chega mesmo a incluir danças" (op. cit. pág. 27).
PARA FOLCLORE
O termo "para folclore",
formado pelo prefixo grego para ("perto de", "ao lado de")
e folclore (cultura popular), foi criado para designar
o aproveitamento de produtos da cultura popular pelos meios eruditos.
Nesta modesta abordagem do assunto, trataremos apenas superficialmente da
utilização das danças folclóricas com propósito estético.
GRUPOS PARA FOLCLÓRICOS
Dança para folclórica é aquela
baseada ou inspirada em uma dança folclórica, diferenciando-se desta por ser
desenvolvida por dançarinos profissionais ou estudantes, sob a direção de um
coreógrafo, com motivação estética e propósito artístico-espetacular. (Esse é o
conceito comum, mormente entre os mais tradicionalistas. No entanto, há que se
ressaltar a existência de grupos para folclóricos que têm também outros
propósitos, especialmente no sentido de difundir tradições folclóricas para
fins didáticos).
São apresentadas pelos denominados
Grupos Para folclóricos, que pesquisam e reelaboram as danças e folguedos
folclóricos, adaptando-os, a seu critério, para apresentá-los nos palcos. A
dança é artisticamente reinterpretada. O figurino é enriquecido. A coreografia
é reelaborada. Modificam-se alguns passos das danças tradicionais,
acrescentam-se outros, tudo em conformidade com os efeitos cênicos almejados. E
o folclore "estilizado".
Alguns grupos para folclóricos
orgulham-se de serem "o mais fiéis possível ao 'autêntico'". Outros
discordam, argumentando que, se o objetivo for simplesmente imitar e copiar
passo a passo a manifestação que se pretende projetar, nada de artístico se lhe
acrescentará.
Também é usada a expressão
"projeção folclórica", preferida por alguns folcloristas.
"Uma dança folclórica é folclore
autêntico quando executada pelo grupo folk que a guarda em seu contexto
cultural. Executada por alunos de um estabelecimento, respeitado o modelo
folclórico, é folclore aplicado. Apresentada em teatro, por profissionais,
modificada num ou noutro ponto para satisfação estética de uma determinada
clientela, é projeção do folclore", ensina Maria de Lourdes Borges Ribeiro
(op. cit.).
Rogers Ayres, referindo-se aos
diversos eventos de que participou como Balé Folclórico de Alagoas - Grupo
Transart, declara que em todos eles "a marca do novo estava presente.
Estudiosos, coreógrafos, professores e ensaiadores estão dando um novo formato
desses eventos para que eles sobrevivam. Renovar para se eternizar. E isso o
que fazemos quando restauramos uma obra de arte".
"Os para folclóricos surgiram
para homenagear os folclóricos de raiz. Os grupos nascem nas escolas, nas
academias e também nas comunidades simples ou ricas para continuarem uma
tradição que não deverá desaparecer totalmente" (Anuário do 40a Festival
do Folclore, pág. 31). Segundo o Capítulo IX do texto
resultante da "Releitura" da Carta do Folclore Brasileiro, produzido
no VIII Congresso Brasileiro de Folclore, em dezembro de 1995, em Salvador,
Bahia:
"(...) GRUPOS
PARAFOLCLÓRICOS"
1.São
assim chamados os grupos que apresentam folguedos e danças folclóricas, cujos
integrantes, em sua maioria, não são portadores das tradições representadas,
organizam-se formalmente e aprendem as danças e os folguedos através do estudo
regular, em alguns casos, exclusivamente bibliográfico e de modo não
espontâneo.
2.Recomenda-se
que tais grupos não concorram em nenhuma circunstância com os grupos populares
e que, em suas apresentações, seja esclarecido aos espectadores que seus
espetáculos constituem recriações e aproveitamento das manifestações
folclóricas.
3.Os
grupos para folclóricos constituem uma alternativa para a prática de ensino e
para a divulgação das tradições folclóricas, tanto para fins educativos como
para atendimento a eventos turísticos e culturais".
Bastante oportunos os comentários de
Gustavo Cortes sobre o item 2 do Capítulo IX da Releitura da Carta do Folclore
Brasileiro: "O que me parece mais importante é refletir o para folclore
como questão relacionada à arte e à educação.
Por se tratar também de manifestação
artística na forma e conteúdo, o artista que utilizar da projeção folclórica
terá a liberdade de expressar o seu trabalho com caráter único, pois a visão da
arte é específica e vai de acordo com as experiências vividas pelo seu autor.
Contudo, a expressão artística deverá
ter o cuidado de ser baseada em estudos que não agridam a manifestação
autêntica, sendo coerente com a pesquisa realizada, sem perder a
particularidade na criação do trabalho. Se a intenção da projeção folclórica
for apenas copiar o fato existente, não trará nada a acrescentar em termos de
arte.
E importante ficar claro para o
público qual o tipo de trabalho a que ele irá assistir. Assim, não haverá a
ocorrência de competição entre as manifestações que já são diferentes entre si,
como ficou registrado no 2a item da carta" (Boletim da Comissão Mineira de
Folclore n° 25).
Vejamos alguns folguedos e danças,
ecoando antes, as sábias palavras do eminente Alceu Maynard Araújo, segundo o
qual "uma das mais sérias dificuldades encontradas em nosso país, com
referência aos estudos da demo psicologia, é a denominação dada às danças, às
cerimônias religiosas populares e aos instrumentos musicais, pois variam de
região para região" ("Folclore Nacional", Vol. II, "Danças
* Recreação * Música", pág. 231, Ed. Melhoramentos).
BOI
Animal cultuado pelo mundo e também
entre nós, em torno da figura do boi (uma importante fonte de trabalho e de
renda), existem lendas e outras narrativas que marcaram no Brasil sua presença
em nosso folclore.
Uma das versões sobre sua origem é a
de que estaria relacionada a um antigo culto ao deus egípcio da fertilidade
(Apis), representado por um boi, que morria e ressuscitava, também praticado em
outras regiões da África. Esse culto então teria sido trazido ao Brasil pelos
escravos africanos.
O auto do boi apresenta um enredo
básico em quase todo o país: a
negra Catirina, grávida, com desejo de comer língua de boi, mas a do mais belo
da fazenda. Seu marido, o "Pai Francisco" ou "Pai Chico",
trabalhador na fazenda, mata o animal pertencente a seu patrão para atendê-la.
O boi é morto.
O patrão por ele reclama, e depois de
muitos entremeios de personagens caricaturados da sociedade, que vêm opinar
sobre o ocorrido, o criminoso é descoberto. Rezas, rituais mágicos e remédios
se seguem. O boi ressuscita e tudo vira festa.
Das diversas formas em que esse
folguedo é apresentado em todas as regiões brasileiras, exemplifiquemos com os
seguintes:
BOI-DE-MÁSCARA
Essa difere dos tradicionais bois do
Norte brasileiro por seu ritmo e pelo uso de máscaras e "cabeções"
pelos dançarinos. Não há a encenação do enredo. Teria surgido no município
paraense de São Caetano de Oliva.
BOI-BUMBA de Parintins, Amazonas
Megaevento, dos maiores do país, a
festa do boi-bumbá de Parintins, Amazonas, é ali realizada há mais de oito
décadas, no mês de junho, atualmente no "Bumbó-dromo", a grande arena
onde ocorrem as apresentações.
Há um destaque maior para a presença
de elementos indígenas, que o distingue do Bumba-meu-boi maranhense (ressalte-se,
porém, que o boi-bumbá é filho direto do bumba-meu-boi do Nordeste). Também se
diferencia de outros bois pelo ritmo, pela indumentária, pela coreografia e
personagens utilizados. Monumentais carros alegóricos e ricos figurinos fazem
parte das apresentações, nas quais são evocados fatos, lendas e qualidades da
Amazônia.
Uma acirrada disputa se trava entre
os bois "Garantido", em que prevalece a cor vermelha, e
"Caprichoso", em que predomina a cor azul.
BUMBA-MEU-BOI
Do Nordeste, especialmente no Maranhão,
onde é um dos maiores festejos brasileiros, o Bumba-meu-boi prima pela riqueza
e diversidade do figurino e dos elementos rítmicos e coreográficos. É usado o
termo "sotaque" para as músicas que acompanham os bois maranhenses.
O que os distingue são os instrumentos
musicais utilizados e a cadência do ritmo imprimido a cada espécie. Dentre as
figuras se destacam o Pai Francisco, a Catirina, Dona Maria (mulher do amo),
pajé, índios, vaqueiros, cazumbás (espécies de palhaços, mascarados). Em outros
Estados nordestinos, há variantes como o Boi-de-Reis, no Rio Grande do Norte, e
o "Cavalo- Marinho", especialmente em Pernambuco e Paraíba.
Neste último, além da figura do boi,
se destaca, entre várias outras, a do Cavalo-Marinho, espécie em torno da qual
o povo criou diversas lendas. No Boi-de-Reis, há também outras, como os
Galantes (ricamente vestidos, adornados com fitas coloridas e espelhos); os
Mascarados (trajando roupas surradas, com os rostos pintados de tisna) e outras
figuras de bichos e assombrações.
REIS-DE-BOI
REIS-DE-BOI
E um folguedo que homenageia os Santos
Reis, no qual se realiza o auto do boi, de grande ocorrência no Estado do
Espírito Santo, especialmente nos municípios de Conceição da Barra e de São
Mateus, estendendo-se a alguns do sul da Bahia. Compõe-se de vários elementos: o Boi, personagem principal, o Vaqueiro, Pai
Francisco e a Catirina, João Mole (um boneco desengonçado), um grupo de marujos
e outras figuras representando animais, monstros e fantasmas.
BOI DO NATAL
Na região Centro-Oeste, ocorre também
o folguedo chamado "Boi do Natal", com o mesmo tema dos outros
"bois", qual seja, o animal morto e ressuscitado. O que muda são
alguns personagens, informa Carlos Felipe de Melo Marques, havendo lugar
"para um caboclo, o Gregório; para um negro, o Mateus; e para um índio, o
Caipora. Entre cantos, danças e palavras, o boi e seus companheiros, a mulinha,
o cavalo de fogo e o jacaré brincam no meio do povo" ("O Grande Livro
do Folclore", pág. 197, 2a Edição, Ed. Leitura).
BOI-DE-MAMÃO
Na região sul, especialmente em Santa
Catarina, o "Boi" é o Boi-de-mamão. O conhecido enredo é encenado,
mas outras figuras são nele introduzidas, como as de bonecos gigantes e outros
animais. O nome "boi-de-mamão", segundo alguns autores, se referiria
a um mamão verde que teria sido usado, às pressas, na confecção da figura do
boi para mostrá-la a umas crianças.
MARUJADA
Antigo folguedo, de origem
portuguesa, que retrata tanto os dramas enfrentados pelos marujos como os seus
heroicos feitos em alto-mar, descobrindo terras, vencendo batalhas, em especial
contra os mouros.
Esse folguedo conserva vestígios dos
antigos autos portugueses da Nau Catarineta (antigo romance oral, de origem
ibérica, cuja narrativa trata do desaparecimento de um navio português
regressando de colônias).
Vários personagens fazem parte desse
folguedo: o Almirante, o
Capitão-de-mar-e-guerra, Capitão-de-fragata, marujos, cristãos, mouros, entre
outros. O figurino dos membros do grupo lembra o dos antigos marinheiros.
A denominação varia ao longo das regiões em que aparece no Brasil:
Marujada, Marujos, Fragata, Barca, Chegança, Chegança de Marujos. No Nordeste,
alguns se denominam, curiosamente, "Fandango", o qual, segundo Rogers
Ayres, diretor do Balé Folclórico de Alagoas - Grupo Tran-sart,
"corresponde Marujada de outros Estados brasileiros". Rogers
acrescenta que "o único grupo existente atualmente em Alagoas está
localizado no Pontal da Barra e é dirigido pelo mestre Aminadab".
Em Minas Gerais, informa Gustavo
Cortes, há os "Marujos", que se apresentam nas festividades de Nossa
Senhora do Rosário, de São Benedito e de Santa Efigênia, vestidos com os trajes
típicos de marinheiros, ostentando o rosário de lágrimas na cintura.
A Marujada de Bragança/PA, no
entanto, muito difere dos demais folguedos existentes no Brasil. E composta por
mulheres, às quais cabe o comando e a organização da festividade; os homens são
apenas acompanhantes e tocadores. Não há muitas personagens além da Capitoa e
da Sub-capitoa. As marujas vestem blusa branca, toda rendada e saia comprida
rodada, vermelha ou azul.
Usam uma fita, a tiracolo, azul ou
encarnada, de acordo com a cor da saia, bem como um chapéu cheio de plumas e de
fitas de várias cores. E realizada no dia de São Benedito, no dia de Natal, no
mês de dezembro e no dia Ia de janeiro. Não há dramatização na Marujada de
Bragança nem alusões à Nau Catarineta oú a feitos marítimos.
PAU-DE-FITA
Considerada uma dança universal, é a
sobrevivência de antigos rituais de cultos às árvores. Muitos povos dançaram em
torno delas, que são símbolos de fertilidade, adornando-as de várias cores. Um
dia, alguém a enfeitou com fitas. Mais tarde, alguém tomou dessas fitas
enquanto dançava. O exemplo foi imitado e a coordenação de movimentos deu
origem à dança.
Do topo de um mastro de cerca de três
metros de comprimento, partem fitas coloridas. Os dançadores, em torno do
mastro, cada um segurando uma fita, vão trançando-as, formando figuras. O
número de dançantes deve ser sempre par para que as "tramas" ou
"tranças" possam ser levadas a bom termo.
Dançada em quase todas as regiões do
Brasil, recebe diferentes nomes, conforme o local: Tipiti, Dança-das-fitas, Dança de trançar,
Folguedo-da-trança, Trança-fitas, entre outros.
QUADRILHA
Típica de festejos juninos, a
Quadrilha surgiu como dança aristocrática, proveniente dos salões da França,
divulgada depois entre os europeus. Introduzida no Brasil como dança de salão,
ela foi apropriada e reelaborada ao sabor popular.
Dos salões nobres, foi levada à zona
rural, de cujas festividades é normalmente parte. Propagou-se pelas cidades e
hoje é tradicionalmente dançada nas festas juninas. Há competições de
Quadrilhas nas grandes festas.
Um "casamento na roça" é às
vezes encenado.
Várias são as figurações que os
dançarinos desenvolvem, sob o comando de um mestre, o "marcante" ou
"marcador":
CANA-VERDE
E uma dança proveniente da província
portuguesa do Minho, Portugal, que por aqui muito se disseminou. Encontram-se
diferentes versões dessa dança em vários Estados brasileiros, quanto à
coreografia e à música. Também chamada Caninha-verde.
Outros folcloristas discordam, a
exemplo de Alceu Maynard Araújo (op. cit., pág. 182), que cita também Cornélio
Pires, para os quais "não se deve confundir a dança portuguesa da
'Caninha-verde' com a nossa 'Cana-verde'".
Entretanto, a confusão já está feita.
Na "Caninha-verde" do Ceará, único local em que a dança se apresenta
da forma a seguir descrita, a indumentária, aliás, se baseia em trajes da corte
portuguesa no Brasil, mas com um exagero carnavalesco bem próprio dos
brasileiros.
No decorrer da coreografia, os
"nobres" saem dançando, envolvidos pelos súditos, todos muito
festivos, "a cantar" e "a dançar" ao som de pandeiros,
bandolim, violão e cavaquinho. Na Cana-verde gaúcha, a dança é mais lenta, predominando
a alternância de passos de juntar e de recuo, com giros dos cavalheiros e
damas, ora com seus respectivos braços direitos entrelaçados, ora com os
esquerdos (frentes dos corpos ao contrário), ao som da conhecida música
"Eu plantei a cana-verde, sete palmos de fundura (...) não levou nem sete
dias, a cana estava madura". Da "Cana-verde de passagem",
paulista, trataremos oportunamente, no rol das danças da região Sudeste.
XOTE
E uma dança de salão, aristocrática,
que saiu das "altas rodas", incorporando-se aos bailes populares. São
usuais as pronúncias xote e xotes. Alguns dizem que a origem dessa dança é
alemã; outros, escocesa; outros, ainda, holandesa. Alceu Maynard preferiu dizer
que é de origem europeia (schotisch).
No Norte do Brasil, há o Xote
Bragantino (de Bragança Paraense, Pará), que também faz parte da Marujada em
Bragança, dançado por pares, sempre em roda, em meio a volteios e batidas
fortes dos pés contra o chão, na cadência da música, cujo passo principal é a
saudação entre os cavalheiros e as damas (estas, com os braços esticados,
sustém levemente, com as pontas dos dedos, parte de seus vestidos, próxima
barra, fazendo uma ligeira genuflexão; aqueles fazem uma flexão de tronco,
frente delas, cumprimentando-as).
No Nordeste, região do país em que é
mais executado, ao som das sanfonas ou foles nos bailes populares, o xote é
dançado de diversas maneiras, havendo muitas variantes: xote pé-de-serra, xote batido, xote pé-de-parede.
Xote, aliás, é um dos ritmos de forró na região mais festeira do Brasil,
valendo lembrar que não há um tipo especial de música denominada
"forró"; este termo designa o local e a reunião de dançadores, onde
são tocados xotes, xaxados, baiões, entre outros ritmos.
No Rio Grande do Sul, onde se amoldou
à instrumentação típica, mormente a "cordeona", há também algumas
variantes, dentre as quais se destacam o Xote-carreirinho variante cuja maior
característica é um movimento coreográfico em que os pares, enlaçados, dão
passos ligeiramente "arrastados" e sapateados, numa "corridinha"
bem como uma outra muito curiosa, o "Xote de duas damas".
Nessa última modalidade coreográfica
"realmente excepcional", "não só no meio rio-grandense, como no
meio universal", no dizer de Paixão Cortes e Barbosa Lessa cada cavalheiro
dança com duas damas, executando os passos da dança, ladeado por cada uma
delas, de mãos dadas os peões segurando, com cada uma das suas, as respectivas
mãos, direita e esquerda, de suas "duas damas" elevadas próximo à
altura de seus ombros.
Segundo referidos autores, não se
sabe "por que milagre veio surgir entre os gaúchos" essa variante do
xote. "Influência dos platinos, através do 'palito'? Ou influência dos
imigrantes alemães, numa reminiscência das antigas danças germânicas desse
gênero?", indagam eles em "Manual de Danças Gaúchas" (pág. 91,
Irmãos Vitale Editores).
CIRANDA
Essa dança de origem portuguesa
também apresenta variações pelo Brasil afora. "Ciranda" é designação
para as rodas infantis em diversas partes do Brasil. Em outras, não é
especificamente dança de crianças.
No Nordeste, em especial nos Estados
de Pernambuco e Paraíba, é dança de roda em que os dançarinos se dão as mãos e
balançam o corpo enquanto se movimentam em sentido anti-horário, dando passos
para dentro e para fora do círculo, ao som de músicas produzidas com o uso de
instrumentos de percussão, como tarol, bumbo, ganzá, e de sopro (pistons,
trombone).
Na região do Tapajós, Pará, existe a
"Ciranda do Norte", que se distingue pela mistura de vários ritmos,
como o xote, a valsa e outros, que tornam a dança ora suave, ora acelerada. É
dançada ao som de banjo, flauta, curimbós, maracás, reco-recos, seguindo-se a
marcação do compasso feita pelo pandeiro, violão e apito.
FANDANGO
Usa-se o termo "Fandango"
para designar uma série de danças populares. Em São Paulo, no litoral, informa
Caseia Frade, Fanpescadores, realizadas na faixa litorânea do Estado.
Vejamos mais alguns folguedos e
danças, doravante segmentados de acordo com as regiões do país.
DANÇA DE SÃO GONÇALO
Dança de intenção religiosa,
praticada geralmente em cumprimento de promessa, por devoção a São Gonçalo. E
repleta de variantes pelo Brasil. No Mato Grosso, por exemplo, é dançada aos
pares, e a imagem do santo é passada de mão em mão; em São Paulo, em forma de
cortejo, uma fileira de mulheres, outra de homens; em Goiás, dançam apenas
homens; em Minas Gerais, só mulheres, portando arcos, com apenas um homem
representando o santo.
Dango compreende uma série de danças
de pares mistos; no interior, é uma dança que muito se aproxima da catira ou
cateretê, por causa do sapateado, dançada só por homens, que usam chapéu e
lenço ao pescoço e botas com chilenas de duas rosetas. No Nordeste, como vimos,
é o nome que em algumas localidades se dá à Marujada.
Na região Sul, significa festa que
reúne diversas danças regionais. No Paraná, especificamente, merecem relevo o
conjunto de "marcas", nome com que se designam as danças apresentadas
em estas típicas de caboclos e da Região Norte.
LUNDU MARAJÓ
Trata-se de uma autêntica
representação coreográfica de uma conquista amorosa, empreendida com sedutores
passos e movimentos. De origem africana, essa é a mais sensual das nossas
danças populares. Na música que a acompanha, predominam instrumentos de sopro e
atabaque, num ritmo lento e cadenciado. Chegou a ser proibida pelo governo federal,
que cedeu às instâncias da Igreja Católica, que a considerava imoral.
Não é mais mostrada como no passado,
em que as negras a dançavam com os seios à mostra. As dançarinas usam blusas
curtas e saias rodadas e os homens, sem camisa (dependendo do local) ou com
calças curtas.
SÍRIA
O nome é apócope de
"Sirial", denominação dada pelos negros ao local em que recolhiam
siris. Essa dança provém da região de Cametá, Pará. Os movimentos coreográficos
_ lentos inicialmente, acelerando-se do meio para o final _ evocam os que os
pescadores executam para a coleta de siris. Os dançarinos usam grandes chapéus
de palha, a exemplo dos pescadores da referida localidade.
CARIMBO
Expressão máxima das danças
folclóricas paraenses, o Carimbo é de origem indígena, dos Tupinambás, com
marcante influência negra e portuguesa. Aos tambores somam-se outros
instrumentos como banjo, maracás, reco-recos, flautas e pandeiros, numa mistura
de sons que imprime ao ritmo uma característica singular.
O nome, de origem tupi, deriva do
principal instrumento utilizado (um atabaque grande), o curimbó (curi - pau e
m'bó - oco ou furado). Merece destaque a brincadeira do lenço desenvolvida na
dança, em que os dançarinos vão se abaixando, com as pernas abertas e
esticadas, para pegar com a boca o lenço deixado no chão por uma dançarina, sem
tocar a mão ou qualquer outra parte do corpo no chão.
RETUMBÃO
E uma das manifestações que integram
a Marujada de Bragança Paraense. As mulheres saem em cortejo pelas ruas da
cidade, acompanhadas pelos homens e tocadores. E uma dança comandada pelas
mulheres, por meio da Capitoa, que ostenta em suas mãos um bastão de madeira,
ornado de flores, usado para indicar as mudanças de direção e de passos.
As vestimentas do Retumbão são as
mesmas usadas na Marujada. O ritmo da dança é determinado pelo tambor, o
"bagre". Dizem que o nome da dança provém das narrativas da região,
segundo as quais eram "retumbantes" os sons dos tambores, fazendo-se
ouvir a grandes distâncias.
CHULA MARAJOARA
É uma dança que louva divindades como
São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, em cujas festividades, na Ilha do
Marajó, é bastante frequente. E dançada apenas por mulheres, descalças e com
roupas estampadas, representando uma alegre forma de louvação. Os trajes usados
nessa dança, lembrando a roupa característica do vaqueiro dessa região, cujos
movimentos em seu trabalho são coreograficamente imitados.
MARABAIXO
Do Estado do Amapá, é uma dança de
origem negra, cujo ritmo é cadenciado por toscos tambores de madeira. Trata-se
de um folguedo de maior ocorrência no Sábado de Aleluia e Domingo da Páscoa. As
mulheres usam vestidos estampados e os homens, calças brancas, camisas bordadas
e chapéus de palha. Alguns dos movimentos dos dançarinos fazem lembrar um pouco
os da capoeira. Mas no Marabaixo não se segue uma coreografia básica; a
improvisação é comum nessa dança.
DESFEITEIRA
Do Amazonas e do Pará, é uma dança
lúdica, de origem portuguesa. Os pares vão dançando livremente. Há uma súbita
parada da música executada pelo conjunto musical. O par que diante deste se
encontra, no momento, é obrigado a declamar algum verso. Caso não o faça, é
vaiado e deve pagar uma prenda.
Fecha-se o círculo de dançadores,
homens e mulheres são posicionados alternadamente, de mãos dadas, com força, ou
de braços entrelaçados, e o solista tenta escapar do cerco. Ao conseguir, é
substituído. E corrente nos povoados próximos ao Rio Madeira, em Antazes e em
Novo Aripuanã.
DO NORDESTE
CAPOEIRA
Capoeira é dança, é jogo, é contenda.
Antes, uma arma dos negros por sua liberdade; hoje, uma luta dançante, ao som
de pandeiros, agogôs, atabaques e berimbaus. Foi introduzida no Brasil pelos
escravos africanos, mas o nome é de origem tupi (Kapu'era), segundo o Novo
Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, significando
"terreno em que o mato foi roçado ou queimado para o cultivo da terra ou
para outro fim". E muito corrente na Bahia, mas há vários estilos de
capoeira por todo o Brasil.
VAQUEIRO DO MARAJÓ
Típica da Ilha do Marajó, Pará, onde
há o maior rebanho de búfalos do país, está dança retrata a lida dos vaqueiros
do Norte do Brasil. Os dançarinos portam um laço para pegar gado e o giram
acima de suas cabeças, simulando o preparo de uma laçada.
JACUNDÁ
Dança amazonense cujos passos se
inspiram nos belos movimentos de nado do homônimo peixe. Os dançadores, em
roda, giram no sentido anti-horário. Num dado momento, um solista fica no
centro, dançando; é o "Jacundá".
BACAMARTEIROS OU BATALHÃO DE BACAMARTES
Conjunto de homens portando armas
rudimentares denominadas "bacamartes", com pólvora de fabricação
caseira, cujos tiros são disparados em manifestações populares como procissões,
quermesses e outros festejos. Ao proceder aos tiros, em diversas posições, sem
deixar cair o "bacamarte", os bacamarteiros demonstram sua destreza e
habilidade.
O grupo Bacamarteiros de Carmópolis,
Sergipe, surgiu no início do século XIX. Desse grupo, fazem parte 40 homens e
20 mulheres, todos com roupas típicas do ciclo junino, que, após os tiros,
dançam um samba de roda.
PARAFUSOS
Os parafusos representam uma
referência coreográfica aos furtos cometidos por escravos fugitivos, que, em
horas mortas, nas noites de lua cheia, saíam de seus mocambos (refúgios) nas
matas e vestiam as anáguas das sinhás deixadas ao sereno, umas sobre as outras,
até cobrir o pescoço.
Assim, saíam pelas ruas, dando pulos,
fazendo assombração. O medo dos assombrados era maior que o impulso de tentar a
recuperação de seus pertences, pois acreditavam que estavam sendo vítimas de
almas de outro mundo.
Alforriados, os escravos festejaram
vestidos tal qual faziam antes, para zombar de seus antigos senhores.
O grupo folclórico
"Parafusos", de Lagarto Sergipe faz uma festiva referência a esses
fatos que ali teriam se sucedido. Os integrantes usam turbantes, com o rosto pintado
de branco, e, vestidos com anáguas, dançam, girando, fazendo lembrar a imagem
de um parafuso.
MACULELÊ
Dança guerreira de origem africana,
em que os participantes, geralmente apenas homens, dançam ao som de atabaques e
agogôs. Os escravos dançavam o Maculelê nos canaviais com pedaços de cana (a
roxa, mais resistente).
Conta-se que em ocasiões de tentativa
de fuga de algum escravo, o Maculelê era dançado, para distrair os feitores,
facilitando a evasão. E proveniente de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo
Baiano. O entrechoque de bastões e facões, pelos integrantes dos grupos, marcam
essa manifestação, que teria também recebido influência indígena, segundo
alguns folcloristas.
TAIEIRAS
Grupo de senhoras que acompanhavam a
festa de Nossa Senhora do Rosário, na celebração de São Benedito, no dia 6 de
janeiro, dançando e cantando, em Lagarto, Sergipe, terra natal de Silvio
Romero, que fez registro dessa manifestação, vestidas com roupas similares às
tradicionais das baianas. Originalmente, o grupo era composto de mulatas que
seguiam a procissão. Essa tradição é mantida em Lagarto, Sergipe, onde é ampla
a participação das Taieiras em eventos comemorativos religiosos.
REISADO
É do chamado ciclo natalino (período
de celebração ao nascimento de Jesus Cristo). Atribui-se a São Francisco de
Assis o surgimento de autos natalinos. Ele teria promovido uma representação de
um presépio, com personagens da Bíblia, em 1223.
De origem portuguesa, é um folguedo nordestino que celebra o nascimento de
Jesus e os três Reis Magos que o visitaram na ocasião, tal como as Folias de
Reis do Sudeste, de que logo trataremos, das quais, aliás, diferem
principalmente pelo figurino, pois, no Reisado, o traje é mais diversificado e
colorido, com o uso de chapéus representando torres ou fachadas de igrejas.
COCO
De origem negra, essa dança surgiu
nos engenhos, no período da escravidão. Os escravos, para amenizar as dores
decorrentes dos esforços empreendidos para quebrar cocos secos com os pés,
faziam deles instrumentos musicais, cantavam e dançavam a dança de roda, às
vezes com palmas e sapateados. Tamancos às vezes são usados para lembrar o
barulho da quebra dos cocos. Teria surgido em Alagoas, mas se difundiu por todo
o Nordeste, sendo também dançada, com variações, pelo Brasil.
QUILOMBO
É um folguedo alagoano de origem
africana, surgido após o malogro dos quilombolas dos Palmares. Evoca as
ferrenhas e sanguinárias lutas travadas entre os escravos fugitivos e os
implacáveis capatazes.
Outros autores defendem que não há
vínculo entre esse folguedo e o referido acontecimento histórico, argumentando
que se trata de uma reinterpretação erudita de danças brasileiras e europeias,
representando lutas ora entre negros e brancos, ora entre mouros e cristãos,
ora entre negros e índios ou caboclos.
O conjunto musical é o Terno de
Zabumba. A coreografia é uma simulação de luta, com o uso de foices pelos
negros e de arcos e flechas pelos caboclos.
PASTORIL
Folguedo também pertencente ao
"ciclo natalino", o Pastoril faz referência à adoração dos pastores
ao Menino Jesus, por ocasião de seu nascimento. As "pastoras" (como
são chamadas as integrantes desse folguedo) dividem-se em dois
"cordões", o Azul e o Encarnado. Usam saias, blusas, aventais,
portando pandeiros.
Da indumentária das pastoras pertencentes
a cada um desses cordões, faz parte alguma peça da respectiva cor, azul ou
encarnada. Há bailados, cantos, recitativos e diálogos homenageando o
nascimento do Messias. E um folguedo muito conhecido no Nordeste, cultivado com
mais evidência no Estado de Alagoas.
GUERREIRO
O Guerreiro deriva de reisados
alagoanos. Mas a riquíssima indumentária e um número maior de figurantes e
episódios imprimem ao "Guerreiro" uma característica mais moderna em
comparação aos antigos reisados.
Destaca-se no Guerreiro o uso de
grandes chapéus, em formato de igreja, chamados "capelas", que são
enfeitados com pedras e espelhos (que, dizem, devolvem o mau-olhado a quem o
lança).
Os personagens são rei, rainha,
contramestre, embaixadores, general, lira, índio Peri e seus vassalos, Mateus,
dois palhaços, sereia, estrela de ouro, estrela brilhante, estrela republicana,
a banda da lua e as figuras. Às vezes, o tradicional "boi" e a
Catirina também surgem no final.
BAIANAS ou BAIANA
Originária de Pernambuco, nessa dança
se apresentam mulheres trajadas com vestes tradicionais de baianas, que dançam
e fazem evoluções ao som de instrumentos de percussão. E considerada uma
adaptação rural dos maracatus pernambucanos, mesclada com músicas que fazem
lembrar o canto dos negros nas senzalas e a coreografia por eles criada nos
terreiros da Casa Grande. Quentes e voluptuosos são os movimentos e os ritmos
que acompanham a dança.
FREVO
Máxima expressão do carnaval
pernambucano, embora se tenha espraiado por todo o Nordeste, Frevo é uma dança
que ganha as ruas e os salões no ciclo carnavalesco. É dançada individualmente.
Acelerados e energéticos são os passos dos dançarinos, que, em rápidos
movimentos, se abaixam e se alteiam, esticando e dobrando suas pernas.
E uma dança que deriva da capoeira.
Gustavo Cortes informa que "das lutas de capoeira surgiram os passos
geométricos e ritmados que compõem a dança. (...) As sombrinhas, que eram
utilizadas como arma no passado, viraram adereços coloridos, servindo para dar
equilíbrio e graça aos eletrizantes passos e tornando-se tradicional nos
malabarismos executados pelos dançarinos" ("Dança, Brasil", pág.
87, Ed. Leitura).
Mário de Andrade via no guarda-chuva
dos passistas "uma desinência decadente (generalizada pelo auxílio de
equilíbrio que isso pode dar) dos pálios dos reis africanos, até agora
permanecidos noutras danças folclóricas nossas", citado por Alceu Maynard
Araújo (op. cit, pág. 254), o qual, por sua vez, assim se refere ao frevo: "dança alucinatória do carnaval
pernambucano".
A música, ditada por trombones e
pistões, em que, segundo ele, está a grande força dessa dança, "dá
oportunidade para que a coreografia se enriqueça ao máximo com o frenesi dos
seus praticantes" (op. cit., pág. 253). O nome vem de "ferver",
"fervura". Para a gente simples do povo, "frevura", que
culminou em "frevo"."
XAXADO
E uma dança proveniente do sertão
pernambucano que se espraiou por todo o Nordeste, divulgada pelo cangaceiro
Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião", e seu bando, os quais,
dizem, também seriam seus autores. "E dança de cangaceiro, dos cabras do
Lampião", canta-se. Inicialmente, era dançada apenas por homens, em festas
e em preparativos para combates.
Atualmente, já se verifica a
participação feminina no Xaxado. Há passos rápidos, em que o pé direito cruza o
outro, num sapateio deslizante e célere. Batidas no chão com os rifles ou
fuzis, cujos tiros são às vezes disparados, também constituem uma marcação na
coreografia. Do ruído das alpercatas (xá-xá-xá) usadas pelos
"cabras", derivou o nome "Xaxado".
MARACATU
Tal como as Congadas do Sudeste, o
Maracatu relembra a coroação, pelos escravos, de seus reis, as chamadas
coroações dos reis-de-congo. É característico de Pernambuco, mas recentemente
também foi constatada sua forte presença no Ceará.
Para alguns autores, o nome deriva de
maracá, instrumento musical utilizado nesse folguedo. Para outros, é resultado
do barulho produzido por determinado ritmo com tambores que os negros
utilizavam como senha para avisar a proximidade da polícia. O som lembraria o vocábulo
"ma-ra-ca-tu". Vê-se, no Maracatu, rico e colorido figurino, com
bijuterias, espelhos e outros adereços cintilantes.
Com a libertação dos escravos, o
Maracatu passou a integrar o carnaval. Em muitos deles também se fazem
presentes figuras representativas dos orixás do Candomblé. Do cortejo, fazem
parte rei e rainha, dançarinas com roupas típicas de baianas, o
porta-estandarte, e, entre outros, a dama-do-paço, que porta uma boneca chamada
"calunga".
CABOCLINHOS
"Caboclinho é uma dança de
origem indígena, como o próprio nome indica. No Nordeste, a palavra caboclo é
utilizada para designar o índio ou, no máximo, o cruzamento de índio com o
branco. E caboclinhos são os filhos dos caboclos" (Carlos da Fonte Filho,
em "Espetáculos Populares de Pernambuco", Edições Bagaço).
Dos mais antigos bailados de que se
tem notícia no Brasil, foi registrado pela primeira vez em tribos indígenas
nordestinas, em 1854, por Fernão Cardim, informa Gustavo Cortes.
"Atualmente, são grupos fantasiados de índios que, ao som de pequenas
flautas e bandas de pífanos, saem pelas ruas das cidades do Nordeste, no
período carnavalesco. Executam um bailado ritmado, em séries de saltos e
bate-pés, marcado pelos estalidos secos das preacas (espécie de arco e
flecha)" (op. cit., pág. 92). Os dançarinos, que executam essa ágil
coreografia, usam saias de penas, colares e cocares repletos de plumas e
adornos cintilantes, em meio a outros adereços.
ARARUNA
Do Rio Grande do Norte (também
dançada na Paraíba) é uma dança que faz referência a um pássaro preto chamado
araruna, proveniente do Pará, muito comum na região. Ele é uma ameaça constante
aos arrozais. Quando despontam os pendões de arroz, essas aves passam a come-los
avidamente. Se não são contidas, devoram toda a plantação. Para garantir a colheita,
então, há que se afugentar essas aves.
E desse tanger das ararunas que se
originaram a dança e a letra da música: "Xô,
xô, xô, Araruna Os movimentos se dão para frente, para trás e para os lados.
São passos alusivos ao próprio pássaro.
Uma variante no Amazonas é chamada
Iraúna, na qual há uma pequena encenação. Uma solista representa essa ave; um
outro brincante, um caçador, que tenta capturá-la; quando consegue, assume o
lugar do pássaro.
TOREM
"Dança de terriro, de influência
ameríndia, lúdico-imitativa. Os participantes, de mãos dadas, formam uma grande
roda. Ao centro, o tocador de aguaim (maracá) agita-o, solando a dança que é
imitada pelos demais participantes.
E uma dança agitada, com movimentos de
corpo, requebros, batidas de pés no solo e imitação de animais de seu convívio: a cobra caninana, o guaxinim, a jaçanã,
conhecidíssimos no Ceará. Cantam em coro em que, de permeio, ouvem-se vocábulos
indígenas. Tomam mocorocó, bebida fermentada de suco de caju", explica
Alceu Maynard Araújo (op. cit., pág. 259).
MANElRO-PAU
Também chamada Mineiro-pau, é
originária da região de Cariri e de Juazeiro do Norte, no Ceará, onde os
empregados das fazendas lutavam, em treinamento, com pedaços de madeira. Dança
de roda em que os participantes portam um ou dois bastões que se entrechocam,
maneira das espadas, sendo percutidos, ora grupalmente, ora entre um e outro
dançarino, em revezamento, numa ordem na qual há duas, três ou mais batidas.
Carlos Felipe de Melo informa que é
uma dança também encontrada no interior dos Estados do Rio de Janeiro, de São
Paulo e da Zona da Mata de Minas. "Com uniformes coloridos e
apresentando-se muito no período pré-carna-valesco, a dança costuma ter, na
festa, personagens como o boi, a mulinha e o jaraguá" (op. cit., pág.
118).
TAMBOR DE CRIOULA
Típica do Maranhão, com alguma
presença no Piauí, é uma dança cujo ritmo é obtido por meio de três tambores
feitos de tronco, escavados a fogo. A coreografia é executada individualmente e
consiste em sapateios e remelexos voluptuosos com o corpo inteiro dos
dançarinos em formação circular. E dança de terreiro, sem data fixa para ser
apresentada.
A variedade no comprimento dos
tambores, segundo Caseia Frade, "sugere denominações específicas: o tambor grande é chamado Socador; o médio,
Crivador ou Meão; o pequeno, Perenga ou Pirerê" (em "Folclore",
pág. 65, 2a edição, Ed. Global).
DO CENTRO-OESTE
CAVALHADA
Reminiscência das tradições da
Cavalaria Medieval, a Cavalhada é um folguedo que rememora as históricas
batalhas travadas entre os mouros invasores da Península Ibérica e os cristãos,
que lutavam pela reconquista desse território, sob a liderança de Carlos Magno.
Os fatos históricos, permeados por
várias lendas, tiveram ampla repercussão no Brasil no século XVIII, com a
tradução portuguesa do Livro "História do Imperador Carlos Magno e os Doze
Pares da França". Realiza-se ao ar livre, em espaços amplos. Formam-se
dois grupos, posicionados em pontos opostos, representando os mencionados
adversários.
Luxuosamente vestidos (de azul, os
cristãos, e de vermelho, os mouros, todos com capas bordadas e adornos
cintilantes), portam espadas, lanças e pistolas. São vários os componentes,
chegando, eventualmente, a quase uma centena de figurantes.
Insultos e ameaças são trocados entre
as partes em conflito, até que iniciam a simulação dos combates, fazendo-se uso
das já mencionadas armas. Os mouros terminam subjugados, convertidos ao
Cristianismo. Após, a parte lúdica se inicia, na qual os cavaleiros exibem sua
destreza.
CATIRA
E uma dança mais típica de Goiás, da
zona rural, mas que também se propagou em outros Estados, como Minas Gerais e
São Paulo, onde também é chamada Cateretê. E uma dança masculina, embora
eventualmente se encontre alguma "catira feminina", de projeção
folclórica, a exemplo da Catira Feminina do Distrito de Baguaçu, Olímpia/SP.
Posicionados em duas fileiras opostas, os catireiros.
DANÇA DOS MASCARADOS
Encontrada no município de Po-coné,
em Mato Grosso, é dançada só por homens que, em um "cordão",
vestem-se como tais e, em outro, como mulheres. Usam máscaras, roupas de chitão
estampado e chapéus adornados com plumas, espelhos e outros adereços.
É muito apreciada nas festas de São
Benedito e do Espírito Santo. O ápice da dança é a "trança-fitas", em
que violeiros, sapateiam, pulam, batem palmas, fazem meia volta e trocam de
lugar uns com os outros. Para alguns autores, a origem da dança seria
portuguesa, derivando da carretem, praticada em Portugal, no século XVI. Para
outros, seria indígena, já que cateretê é palavra proveniente do tupi-guarani.
RECORTADO
É uma variante de cateretê, mais
movimentada, dançada em fileiras opostas que se tornam uma roda no decorrer da
dança. Em meio aos sapateados, os dançarinos executam meneios físicos que fazem
lembrar a umbigada do Batuque. E uma dança predominantemente masculina, mas, em
vários lugares da região, há também a participação feminina.
SERRA MORENINHA
Famosa no Estado de Goiás, é um
bailado simples em que se formam duas fileiras de homens e mulheres.
Posicionados frente a frente, os pares dão-se as mãos e executam vários passos,
imitando os movimentos de dois serradores cortando madeira. Alceu Maynard
Araújo já noticiava sua ocorrência também no Rio Grande do Sul, com o nome de
"Serrote" (op. cit., pág. 191).
CURURU
De origem indígena, essa dança inicialmente
só era apresentada por homens, o que, aliás, continua ocorrendo, especialmente
no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. E comum em festas religiosas. Embora o
vocábulo cururu corresponda a "sapo", na língua nheengatu, não há
nessa dança nenhum movimento coreográfico que faça alusão àquele bicho.
Formam-se duas alas, uma defronte da
outra. Iniciado o ritmo, as duas fileiras dão dois passos para a esquerda e
para a direita, movimentando-se de maneira a formar uma roda, à medida que
cresce a animação dos dançantes. Quem entoa os versos é chamado de
"cururuzeiro", e os versos entoados denominam-se
"carreiras". Ao som da viola-de-cocho, típico instrumento da região e
de reco-recos, entoam-se versos improvisados. Não há indumentária específica.
VOLTA-SENHORA
E uma curiosa mistura de quadrilha
com a dança do Vilão, explica Carlos Felipe de Melo. "Os pares, ao som da
viola, tocada por um violeiro que vai lembrando ou improvisando versos, vão
executando passos diferentes. O cavalheiro segura a ponta de um grande lenço,
enquanto a dama segura a outra ponta, e durante a coreografia, eles não podem
soltar o pano.
Com isso, alguns passos tornam-se
muito difíceis, mas apresentam, por outro lado, belos momentos coreográficos,
como na execução do 'moinho', em que as mãos direitas dos dançadores na roda se
entrelaçam formando um eixo, enquanto as esquerdas continuam segurando os
lenços. Conhecida em todo o Centro-Oeste, a volta-senhora é, às vezes, dançada
com um bastão em vez de lenço. Quando isso acontece, é comum, ao final, os
bastões serem entrelaçados. Os dançantes então os abaixam para que o violeiro,
literalmente, suba em cima daquele feixe, sem parar de tocar. Eles, então, o
levantam no ar, numa bela apoteose" (op. cit., pág. 200).
ENGENHO DE MAROMBA
Realizada em praticamente todo o
Centro-Oeste, em especial na região nordeste de Mato Grosso do Sul, chamada
"Bolsão", a coreografia dessa dança faz lembrar os movimentos do
engenho de cana. Duas fileiras de homens e mulheres são formadas, as quais
giram em direções contrárias entre si. Geralmente, é executada aos finais dos
bailes da região, como despedida.
SIRIRI
Da região pantaneira do Centro-Oeste
brasileiro, é uma das mais antigas e populares no Mato Grosso. E presença
marcante em festejos religiosos. Dizem alguns que o nome "Siriri"
deriva do verbo siriricar ("pescar com siririca, espécie de anzol").
E dançada em roda e em fileira, geralmente ao som do cracaxá (espécie de
reco-reco), viola-de-cocho, ganzá e o mocho (tipo de tambor), em álacre e
célere coreografia. Não há traje específico.
MARIMBONDO
E uma dança de roda, às vezes de
desafio, de coreografia livre. Ao som de cuíca e pandeiros e, eventualmente,
também de viola caipira, um dos participantes entra no meio da roda e executa
seus passos, tendo sobre a cabeça um pote de água com uma cuia boiando na
superfície. Não pode deixá-los cair. Pode desafiar outro dançador a fazer igual
ou melhor, por meio de alguma saudação, ajoelhando-se e entregando-lhe "o
campo" ou "o pote", como dizem. Se o desafiado se recusar, deve
pagar uma rodada de bebida. E de maior ocorrência no interior goiano.
RASQUEADO
Segundo o grupo para folclórico
"Chalana" (Cáceres/MT) o Rasquea-do é "dança popular
(arrasta-pé), resultado da influência fronteiriça, exercida pelo Paraguai sobre
o Mato Grosso, através da miscigenação e interação na vida dos ribeirinhos. E
uma mistura da Polca paraguaia e do Siriri mato-grossense". Rasqueado
significa "arrastar as unhas ou um só polegar sobre as cordas, sem
ponteá-las".
DO SUDESTE
FOLIAS DE REIS
Dentre os mais representativos
folguedos do ciclo natalino, encontram-se as Folias de Reis, também conhecidas
por Companhias de Reis. E na região Sudeste que esse folguedo pode ser mais
apreciado. De origem portuguesa, derivam elas dos festejos realizados no Dia dos
Reis Magos, tendo sido introduzidas no Brasil, no século XIX.
Celebram o nascimento de Jesus Cristo
e a visita que lhe fizeram os Três Reis Magos. Entre 24 de dezembro e 6 de
janeiro (dia dos Reis Magos), as Companhias de Reis, visitam as casas da redondeza
em busca de donativos para a realização da festa, no dia 6 de janeiro, levando
consigo a bandeira dos Santos Reis. Sendo aceita a visitação, os membros passam
com a bandeira por todos os cômodos da residência, para que os Santos Reis a
abençoem e os que nela habitam.
Essa é a chamada
"peregrinação". A indumentária dos integrantes das Folias de Reis é,
em geral, mais simples. São trajes comuns, usados uniformemente pelos membros
das Companhias. Destacam-se os "palhaços", que usam máscaras que lhes
ocultam todo o rosto e chapéus em forma de cone, enfeitados com fitas e flores.
A presença desses palhaços tem origem
em muitas estórias. Uma delas conta que eles representariam os Reis Magos, que
se disfarçaram na ocasião da visita ao menino Jesus, para fugirem à perseguição
do Rei Herodes. Cânticos em louvor a Deus, a Jesus e aos Santos Reis são
entoados ao som de violas, violão, cavaquinho, pandeiros, entre outros.
Os participantes são chamados foliões e
o grupo recebe as seguintes denominações: Folia
de Reis, Folia de Santos Reis, Companhia de Reis, Companhia de Santos Reis,
Terno de Santos Reis, Terno de Reis ou Tripulação de Reis. Quase todos têm
denominação específica, como Companhia de Reis "Magos do Oriente".
Alguns preferem ser chamados "Companhias de Reis", por considerarem
depreciativa a palavra "folia".
CONGADA
Congada, Congado ou Congo é folguedo
de formação afro-brasileira. E uma reminiscência da antiga coroação dos
"Reis-do-Con-go", praticada pelos escravos no Brasil, e incentivada
pelas autoridades para tranqüilizar um pouco as senzalas, promovendo a coroação
de seus reis negros. E uma reminiscência dessa prática na região Sudeste, onde
o folguedo é mais difundido.
Antigamente, as Congadas também
rememoravam as lutas entre mouros e cristãos, nas denominadas
"embaixadas", que hoje são raras. Algumas ainda exibem coreografias,
representando manobras guerreiras, com o uso de espadas, mas atualmente
prevalece o aspecto religioso, a louvação aos santos católicos, especialmente
Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Os grupos são chamados "Ternos de
Congada", "Ternos de Congo", "Guardas de Congos",
entre outros. Há uma grande diversidade entre os grupos com relação à
indumentária utilizada, aos cantos e às danças.
Alguns até se vestem de marinheiros.
Muitos grupos usam chapéus com fitas coloridas, geralmente ornados com
espelhos, que devolveriam eventual mau-olhado recebido. Em cada localidade em
que é cultivada, a dança apresenta-se com características diversas. Há
informações de sua existência desde 1711.
MOÇAMBIQUE
"Dança popular em São Paulo,
Minas Gerais e Brasil Central", informa Câmara Cascudo ("Dicionário
do folclore Brasileiro"), que prossegue citando Renato Almeida: "...
bailado conhecido em São Paulo, Minas e no Brasil central, em geral, é o dos
Moçambiques, que dizem ter sido levado pelos escravos negros que foram
trabalhar na mineração do ouro". Tornou-se também dança de intenção
religiosa, que louva santos católicos.
A exemplo das Congadas, não há
uniformidade entre os grupos com relação ao figurino, aos cantos, às danças e
também aos personagens. Destaca-se a presença "dos reis, da bandeira e de
diversos outros personagens que variam conforme o grupo e a localidade em que
se exibem, como mestre, contramestre, caixeiro, capitão, general, tocadores e
dançadores", informa Gustavo Cortes (op. cit., pág. 146). Muitos grupos
usam lenço na cabeça, trazendo atados em seus tornozelos latas com chumbos que
produzem um alto barulho quando dançam os moçambiquei-ros. De um local para
outro, características diferentes se apresentam nessa manifestação.
TICUMBI
Espécie de versão espírito-san-tense
da Congada, este folguedo é encontrado no Norte do Espírito Santo,
especialmente nos municípios de Conceição da Barra e de São Mateus.
Os protagonistas são o Rei-de-Congo e o
Rei- de-Bamba, que se distinguem pelo traje: usam
roupas brancas, coroas, feitas de papelão ricamente ornamentadas com flores,
papel dourado, fitas e espelhos, e longas capas de cetim lamê cintilante.
Portam espadas nas mãos, ou atadas à cintura. Os guerreiros e vassalos de ambas
as nações também se vestem de branco; usam japona ou batas longas ornadas de
fitas coloridas.
As majestades, com suas respectivas
cortes, travam uma "guerra" pela prerrogativa de comandar a
realização da Festa de São Benedito. Uma batalha verbal se inicia entre os
representantes das nações. Sucede-se outra, em que se usam espadas na
representação, até que o Rei-de-Bamba é derrotado pelo Rei-de-Congo, e,
juntamente com seus liderados, batizados por este. O folguedo se encerra,
então, com a música e a dança do Ticumbi, em que se reproduzem alguns passos da
batalha com as espadas.
DANÇA-DE-SANTA-CRUZ
Ponto alto da Festa de Santa Cruz,
realizada na primeira semana de maio em Carapicuíba/SP, é uma dança realizada
após as louvações e reverências à cruz, possivelmente de origem indígena, cujos
movimentos basicamente se executam em roda, girando numa e noutra direção. O
dia 3 de maio foi escolhido para celebrar a descoberta da verdadeira Cruz de
Cristo, em Jerusalém, pela mãe do imperador Constantino, a imperatriz Helena,
que iniciou as comemorações em 326 d.C.
CAIAPOS
E um folguedo popular cujos
integrantes se fantasiam de índios, trajando roupa de capim-bar-ba-de-bode e
muitos adereços, inclusive penas de aves, como galinha ou peru. Pintam o rosto
com uma tinta azul. As evoluções, sob o comando da figura do "pajé",
são executadas ao som de cuícas, tambores, pandeiros, violões, entre outros.
O grupo não canta. Alguns grupos
apresentam um enredo, sem cantoria, em que se encena o rapto de uma bugrinha
(alusão ao rapto de uma bugrinha por portugueses, no período da colonização,
segundo a tradição oral indígena). Há duas bugrinhas, uma de roupa azul
(batizada), outra de vermelho (pagã). Os "Cai-após", então, em
algazarra, representam a busca da bugrinha e do raptor. Grupos de Caiapós são
encontrados em São Paulo e em Minas Gerais.
BATUQUE
Batuque é um vocábulo com que os
portugueses designavam genericamente as danças de origem africana, acompanhadas
de cantorias e de instrumentos de percussão. O Batuque se realiza em uma grande
roda, em cujo centro os dançarinos improvisam passos, individualmente ou em
dupla. O remelexo dos quadris é fortíssimo. Ao som de atabaques e tambores, os
participantes batem pés e palmas e estalam os dedos rapidamente, como
castanholas.
O passo mais marcante do Batuque é a
"umbigada", movimento também presente em outras danças, no qual os
dançadores _ barriga pra frente, peito pra trás _ batem ventre contra ventre.
Realizada entre homens e mulheres, a umbigada indica o momento de substituição
do dançarino solo ou o encerramento da apresentação, se se tratar de um par de
dançantes. Muito conhecido em Olímpia é o Batuque de Piracicaba, que sempre
participa do nosso Festival do Folclore.
Há dançadores de batuque em várias
localidades paulistas: Botucatu,
Capivari, Itu, Laranjal, Limeira, Pereiras, Porto Feliz, Rio Claro, São Pedro,
Tatuí e Tietê.
Emilía Biancard, ao tratar do
samba-de-roda, informa que neste "a pessoa entra no meio do círculo dos
participantes e dança solo. O próximo dançarino é escolhido quando o bailarino
central dele se aproxima e faz um encontrão de barriga com barriga. Na Bahia,
em todo o Estado e durante todo o ano, o samba-de-roda tem tido uma grande variedade
de interpretações e denominações.
O samba-de-roda chulado só pode ser
tocado com o uso de duas violas, sendo assim os únicos instrumentos manuais
para essa dança. Nos dias de hoje, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, podem-se
encontrar guitarras substituindo violas. Neste caso, as guitarras são tocadas
como se fossem violas.
O samba de roda corrido, por outro
lado, é o que se pode chamar de 'dança espontânea', onde os instrumentos usados
podem ser qualquer tipo de material que produza ritmo para essa dança,
incluindo um simples bater de mãos" (op. cit, pág. 282). Alceu Maynard
Araújo já afirmava "samba é umbigada" (op. cit., pág. 256).
SAMBA-LENÇO
É uma dança em louvor a São Benedito,
introduzida pelos negros no Estado de São Paulo. Um único grupo a preserva, em
Mauá, cidade paulista. Branca e vermelha são as cores predominantes no
figurino. Os homens vestem camisas xadrezes, das referidas cores e calças
brancas, chapéus de palha e lenços no pescoço.
As mulheres usam vestidos longos com
babados nas barras, decotes e mangas, acompanhados de anáguas, nas cores
vermelha e branca, às vezes xadrezes, às vezes não. Usam chapéus comuns ou
bordados (naquelas cores), lenço na cabeça, anéis, colares, brincos, broches,
pulseiras. Membrano-fones e idiofones marcam o ritmo do samba-lenço, que,
enquanto é dançado, apresenta melodias breves, simples, repetitivas e cantadas
em coro pelos que assistem à apresentação do grupo. Muito querido pelo Mestre
José Sanfanna, o Samba-lenço de Mauá/SP se apresenta no Festival do Folclore de
Olímpia desde 1966.
CANA-VERDE DE PASSAGEM
E uma das mais difundidas no Estado
de São Paulo, especialmente no meio rural. Formam-se duas filas laterais, uma
de rapazes, outra de moças. Os rapazes ficam batendo palmas, enquanto as moças
se dão as mãos, formando um "cordão", passando depois, em ziguezague,
sob os "arcos" formados pelos braços erguidos e mãos dadas dos
rapazes, após o que, cada uma vai parando diante de seu par.
Os pares, então, se enlaçam e dançam,
girando em torno de si próprios. Formam-se duas rodas concêntricas, uma girando
no sentido contrário ao da outra. Há trocas de pares, bailados soltos, formação
de duas fileiras em cruz, entre outros movimentos.
JONGO
O Jongo, de proveniência africana,
tem algumas semelhanças com o Batuque e teria surgido em regiões de cultivo de
café. No Estado de Minas Gerais, é denominada de "caxambu", termo que
também designa um dos instrumentos (um tambor grande) utilizado na dança. Os
participantes revezam-se no meio da roda, fazendo evoluções marcantes, com
grande remelexo.
O ritmo, ora é lento, ora é célere.
Há versos improvisados, que chamam de "pontos", muitos deles,
aparentemente, sem muita unidade e propósito. Não há trajes específicos nem
período próprio para sua prática. Os jon-gueiros, pelo que constatou Alceu
Maynard Araújo, "gozam de uma auréola de mágicos e feiticeiros" (op.
cit. pág. 221).
BALAINHA
E uma dança paulista, da qual só
participam mulheres, portando arcos ornados de fitas e flores ou envoltos em
papel crepom, a exemplo da variante mineira da dança de São Gonçalo. O
principal momento da coreografia é aquele em que os arcos são unidos pelas
dançarinas, formando a balainha. E muito apresentada em festas juninas.
TAMBORIL
Muito bem apresentada pelo GODAP -
Grupo Olimpiense de Danças Parafolclóricas "Cidade Menina-Moça", é,
segundo o grupo, "dança dos ex-escravos em homenagem a São Benedito. E do
ciclo de maio, mês em que se deu a libertação negra no Brasil. E uma dança
graciosa e muito ligeira. A indumentária é confeccionada de papel crepom em
variadas cores. E dançada em Minas Gerais e em São Paulo".
CAFE
No século XIX, o café se expandia
pelo Brasil, enquanto se reduzia a capacidade das minas, principalmente nas
searas que futuramente se denominariam região Sudeste ("civilização do
café"). Os movimentos coreográficos dessa dança imitam os que os
lavradores executam ao colher, mexer, sacudir e amontoar o café. As peneiras,
indispensáveis ao exercício dessas funções, são também usadas pelos dançarinos
na apresentação.
CORDAO-DE-BICHOS DE TATUÍ/SP
E um folguedo muito interessante que
foi idealizado pelos operários de uma fábrica, de famílias nordestinas que
fixaram residência em Tatuí/SP. Inicialmente, denominou-se "Arca de
Noé" e se apresentava apenas no carnaval, com seus componentes usando
máscaras de aves e outros bichos. Posteriormente, passando por transformações,
a denominação foi alterada para "Cordão-de-Bichos".
São mais de cinquenta componentes e
diversas figuras: sapos, tartarugas, aranhas,
bois, tigres, porcos, tatus e outras figuras humanas caricaturadas.
DANÇA DO BAMBU
E uma dança de origem indígena,
proveniente da América Central, praticada por ocasião das chuvas. E popular em
São Paulo, especialmente na cidade paulista de Ibitinga, onde já era dançada em
remotas épocas, nas festas juninas. A Professora Maria Aparecida de Araújo
Manzolli, coordenadora do GODAP - Grupo Olimpiense de Danças Para folclóricas
"Cidade Menina-Moça", pesquisou essa dança na década de 60,
estilizou-a e a integrou no rol das danças apresentadas pelo grupo.
Oito bambus de cerca de quatro metros
são estendidos no chão. Quatro pares de dançarinos, cada um posicionado entre
dois bambus, iniciam a dança. Os dançarinos se revezam, trocando de pares,
movimentando-se entre os bambus, portando tochas acesas em uma posterior etapa
da dança.
CARNEIRO
Dança proveniente do norte de Minas
Gerais, é inspirada nas festividades natalinas que ali se realizam. Os
movimentos coreográficos, nos quais os dançarinos homenageiam o Menino Jesus,
lembram as marradas dos carneiros. E uma simulação coreográfica de uma briga entre
esses animais. Segundo o grupo para folclórico Sarandeiros (Belo Horizonte/MG),
"o nome Carneiro parece estar relacionado ao cordeiro de Deus, em alusão a
Jesus Cristo".
CALANGO
E uma dança típica de Minas Gerais,
porém, também é encontrada com alguma similaridade no norte do Rio de Janeiro.
O Calango é um bailado de movimentos simples, mas que em alguns momentos se
mostra um pouco semelhante à catira, pelo sapateado e palmeado. Às vezes,
versejadores repentistas se apresentam em meio à dança.
DO SUL
CHULA
A chula gaúcha é uma dança masculina,
de desafio. Uma vara de madeira, chamada "lança", é estendida no
chão. Em cada um de seus extremos, posicionam-se os dançarinos desafiantes. Um
deles começa o desafio, executando complicada série de sapateados, passando de
um a outro lado da lança, sem tocá-la, recuando e avançando de sua posição
inicial, até que a ela retorne e pare, ao terminar sua performance.
Ato contínuo, o outro desafiante deve
imitar-lhe os passos; se não conseguir, se deslocar a lança, ou destoar do
ritmo da música, é desclassificado. Se tiver êxito, apresenta nova série de
sapateados, os quais, após concluídos, devem ser reproduzidos pelo oponente e
assim sucessivamente. Os desafiantes se revezam, enquanto as prendas acompanham
a disputa, incentivando e ovacionando.
MAÇANICO
Proveniente de Santa Catarina e de
origem aparentemente portuguesa, segundo alguns autores, o Maçanico ganhou
notoriedade e cor própria entre os gaúchos, em especial pela utilização de seus
típicos instrumentos.
Um dos versos cantados é muito
conhecido: "Quem não dança o
Maçanico, não arruma namorado". A dança desenvolve-se em meio a
sapateados, sarandeios, giros e movimentos em fila que evocam as formações dos
antigos minuetos do Velho Continente. O nome dessa dança é corruptela de
"maçarico", ave do sul do Brasil.
TIRANA DO LENÇO
De origem espanhola, essa famosa
dança chegou ao Brasil em fins do século XVIII e por aqui logo se espalhou, a
desdobrar-se em muitas variantes, vindo a adquirir, no entanto, fortes nuanças
locais no Rio Grande do Sul.
A dança retrata as fases de uma
apaixonante história amorosa: paquera,
conquista, namoro, percalços e um belo final feliz. Inicia-se com os recíprocos
cumprimentos dos peões (homens) e das prendas (mulheres). Eles aproximam-se
delas e inclinam levemente a cabeça. Elas correspondem, flexionando os joelhos.
Num primeiro momento, a saudação é cerimoniosa; num outro, explicitamente
romântica, dando, assim, início à veemente gestualística amorosa que marca a
coreografia da Tirana.
As figuras se sucedem, em meio a
recuos e aconchegos, representando amor e desavença entre os pares, que, ora
estão juntos, ora se afastam. Há cenas de sorrisos cativantes e de olhares
desafiadores. A Tirana "foge" do peão, que parte em seu encalço, ela
sarandeando e ele sapateando, até que ele lança mão de seu lenço e o agita
garbosamente, atraindo-a. Em outra figura, o peão lhe demonstra indiferença
(não sapateia ao sarandeio da prenda). Ela, então, "saca" seu lenço e
o atrai.
O desfecho da dança mostra uma feliz
reconciliação: os pares nos braços uns dos
outros.
ROSEIRA
Muito conhecida no Rio Grande do Sul,
a Roseira bem demonstra a galhardia dos peões gaúchos para com suas prendas. Os
movimentos coreográficos dessa dança, que evocam o abrir e fechar das pétalas
de uma rosa, são marcados por garbosos floreios dos dançarinos (sapateados dos
peões e graciosos sarandeios das prendas), feitos de maneira a figurar uma
tentativa de se impressionarem mutuamente.
O mais forte momento da Roseira é
chamado "Namoro", no qual, ao som de gaitas, as prendas param, como
que encantadas pelos peões, que vão lentamente andando em derredor delas,
olhando-lhes nos olhos, num recíproco embevecimento. E uma dança de amantes com
perfume de rosas.
TATU
O maior protagonista de fábulas indígenas
contadas na seara gaúcha inspirou o nome dessa dança cuja característica
prevalente é a maior liberdade de movimentação a seus praticantes, que podem
"florear" em seus sapateados ao sabor de suas habilidades. Os versos
da canção são chamados "décima" ou "moda de bicho".
Os dançarinos, sapateando,
posicionam-se paralelamente num primeiro momento e as damas ficam sarandeando;
noutro, de mão dadas, executam alguns passos, até que se posicionam de maneira
a permitir que a prenda gire em torno de si mesma. A exemplo da
"Tirana", o lenço é de grande relevância no "Tatu",
representando também gestos de namoro entre os dançarinos.
CHIMARRITA
É uma popular dança portuguesa
(Açores e Ilha da Madeira), trazida ao Brasil pelos colonizadores no século
XVIII. A coreografia recebeu fortes influências locais e foi modificada por
aqui. No início, os pares dançavam-na enlaçados, num misto de valsa e xote.
Hodiernamente, predomina a modalidade
em que os dançarinos bailam soltos, numa e noutra direção, em fileiras ou em
círculo. Nos países platinos, é denominada chamamé. No sul do Brasil, onde se
fixou, é conhecida por chimarrita.
Dizem alguns que esse nome é variante
de uma referência à evocação de uma personalidade feminina (Chama-Rita). E
também chamada pelos gaúchos de "limpa banco", pois, quando sua
melodia começa, quase todos se levantam para dançá-la. Do Rio Grande do Sul,
difundiu-se para outros Estados (Santa Catarina, Paraná e São Paulo).
PEZINHO
O romantismo pueril, ingênuo, a
graciosa e infantil faceirice, são as grandes marcas dessa dança popular cuja
música é quase um outro hino dos gaúchos "ai bota aqui, ai bota aqui o seu
pezinho ... bem juntinho com o meu", melodia trazida pelos colonizadores,
que, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, adquiriu características
próprias dessas localidades ao ser executada ao som da "cordeana",
típica do sul brasileiro.
Uma marcação de pés ocorre na
primeira sequência coreográfica, em movimentos em que os pés dos cavalheiros e
das damas se aproximam, após a qual os dançarinos entrecruzam seus respectivos
braços direitos, girando em torno de si próprios. Essa dança é belissimamente
apresentada pelo grupo infantil do GODAP - Grupo Olimpiense de Danças Para
folclóricas "Cidade Menina Moça". O Pezinho, aliás, já ultrapassou as
fronteiras pátrias, sendo já dançado no exterior como dança típica brasileira.
BALAIO
"O Balaio é brasileiro da gema e
procede do Nordeste", na assertiva de Augusto Meyer em seu "Guia do
Folclore Gaúcho", com o que estão concordes Barbosa Lessa e Paixão Cortes,
segundo os quais, nas estrofes de seu canto não falta sequer um redundante
"não quero balaio, não", "bastante estranho ao linguajar
gauchesco" (op. cit., pág. 113). No entanto, no Rio Grande do Sul, a dança
ganhou aspectos próprios dessa localidade, sendo muito dançada entre os
gaúchos.
O nome tem origem na efêmera
aparência de cestos que as saias usadas pelas dançarinas adquirem quando estas
giram e se abaixam. Dois círculos concêntricos se formam, um de mulheres, outro
de homens, que se movem em sentidos contrários, nos intervalos que se dão aos
sapateados (dos peões) e aos sarandeios (das prendas), movimentos estes que
predominam na coreografia.
CARANGUEJO
Essa dança já foi popular em todo o
Brasil, sobre a qual se encontram referências desde o século XIX. Na
atualidade, entretanto, verifica-se que se concentrou na região Sul, na qual é
apresentada por vários autores como dança "grave", "de pares
dependentes", derivada do minueto e de suas variações platinas, segundo
Gustavo Cortes, que acrescenta: "o
caráter maneiroso da dança é acentuado por cumprimentos entre dançarinos e
balances, evolução originária da quadrilha europeia que permite à prenda
demonstrar graciosidade em seus sarandeios, como são chamados os passos
executados por ela. Na coreografia, cada par, tomado pela mão direita, evolui
passos-de-marcha, de modo a completar uma volta em torno de si mesmo" (op.
cit. pág. 177).
"CUA-FUBA"
É uma dança do Fandango paranaense,
que representa coreograficamente o "coar" do fubá. Dançada apenas por
mulheres, que batem forte no chão com suas tamancas, tendo nas mãos uma
peneira, de maneira a simbolizar o peneirar do fubá. E dançada com a música do
mesmo nome da dança, "CUÁ-FUBÁ", do folclore paranaense.
VILÃO DE FITAS
"Dança de salão, que era dançada
aos pares nos antigos salões paranaenses, ganhando depois o gosto popular.
Também era denominada de 'Vilão de Lenço'. Os pares seguram uma fita ou um
lenço de cores diferentes. O folgador segura numa extremidade do lenço e a
folgadeira na outra. Braços levantados, forma-se assim um túnel de fitas ou de
lenço, as duas filas são formadas pelos dançarinos alternando um homem, uma
mulher.
A indumentária, baseada no ano de
1940, era composta de saias na altura das panturrilhas com saiotes armados e
blusas de babados com cintos largos para as mulheres; para os homens, calcas
com bainha à italiana, camisas de mangas longas, lenço no pescoço e faixa na
cintura. São fundamentais as tamancas; sem elas, não se dança o Fandango",
informa a Profª Sueli Alves de Souza, diretora e coreógrafa do grupo
parafol-clórico "Fogança", o qual espetacularmente apresenta essa
dança e a belíssima canção que acompanha a coreografia ("...Quero ver o
meu amor, senão eu morro de saudade...").
ADIVINHAS
Nas adivinhações ou adivinhas, que são rápidas questões propostas para serem resolvidas, onde geralmente a lógica não está presente, a mão, que é o objeto de análise deste trabalho, marca presença, quer no enunciado, quer na resposta, quando não em ambos. Eis dezenas de exemplos inventariados, em sua quase totalidade no folclore olimpiense.
Nas adivinhações ou adivinhas, que são rápidas questões propostas para serem resolvidas, onde geralmente a lógica não está presente, a mão, que é o objeto de análise deste trabalho, marca presença, quer no enunciado, quer na resposta, quando não em ambos. Eis dezenas de exemplos inventariados, em sua quase totalidade no folclore olimpiense.
Entretanto as de números 2, 3, 4, 7,
13, 17, 20, 31, 33, 35, 38 e 40 foram registradas em Votuporanga, SP:
1- Qual
é a mão que pesa mais?
-Mão-de-ferro.
2- Qual
é a mão que mais bate?
-Mão de pilão.
3- Que
mão tem chifres?
-Mão-curta (espécie de veado).
4- Qual
a mão que mais se fecha?
-Mão de finado ou mão de leitão (sinônimos de pessoas sovinas).
5- Quando Colombo descobriu a América, o que enxergou
na mão direita?
-Os dedos.
6- Quando apaixonada, adolescente encontra o namorado,
o que pretende dar?
-Sua mão.
7- Qual a diferença entre a noiva e o papagaio?
-A noiva pede-se a mão e ao papagaio, o pé.
8- Altas
torres, lindas janelas, abrem e fecham sem pôr as mãos nelas.
-Olhos.
9- Qual a mão que faz mal com suavidade?
-A do ladrão.
10- Qual
é a mão que não tem dedos?
- A mão de pilão.
11- Qual é o animal que sem a mão vira tempero?
-Salmão.
12- Qual
a fruta que sem a primeira sílaba se torna parte do braço?
-Mamão.
13- Que
é que tem pescoço e não tem cabeça, tem braços e não tem mãos e embora tenha
peito, falta-lhe o coração.
-Camisa.
14-O
que é que tem a mão separada do corpo?
-O pilão.
15-O
que está sempre no chão e fica em cima da mão?
-Til (acento).
16-O
que é que abre portões sem ter braços nem mãos?
-O vento.
17-O
que é que enche a casa, mas não enche a mão?
-O botão.
18- Por
que o guarda de trânsito pode ser considerado muito forte?
-Porque faz os carros andarem a um gesto de mão.
19- Qual
o carro que todos sabem guiar?
-Carrinho de mão.
20- Qual a cidade do Estado do Paraná que está em
nossas mãos?
-Palmas.
21-O
que é que tem pés e não anda, mãos e não trabalha, olhos e não vê, orelhas e
não ouve, tem boca, mas não fala?
-Uma estátua.
22 - Quem
mordeu a mão do eleitor na hora de votar?
-A boca de urna.
23-O
que é que de uma palma saem cinco palmitos?
-Mãos e dedos.
24- Quem
tem palma sem ter palmeira?
- Mão.
25- Que
é que pula, pula, com a mão na cintura?
-Pilão.
26-O
que é que para comer põe a mão nos olhos?
-Tesoura.
27-O
que é que tem mão fora do corpo e a boca na barriga?
-Pilão.
28 - Onde
é que Deus bota sempre as mãos?
- Nos braços.
29- Quando
Deus fez o mundo e deu às criaturas, onde lhes colocou as mãos?
-Nos pulsos.
30- Quando
a mulher se deita, onde é que ela fica com as mãos?
-Nas munhecas (nos pulsos). Variante:
31 - Quando
uma moça se deita, onde ela dorme com as mãos?
-Nos braços.
32-O
que é que se movimenta usando as mãos e não os pés?
-Baralho.
33- O
que é que tem cabeça, tem pé, tem braços, mas não tem mãos?
-A cruz.
34-O
que é que se planta com as mãos e colhe-se com os olhos?
-A carta.
35-O
que é que é? Uma belajanela que se abre e fecha sem que ninguém coloque a mão
nela.
-O olho.
36 - Qual
a fruta que tem mão?
-Limão.
37-O que é que voando de mão em mão, sobre golpes bem
batidos, obriga a saltos repetidos a quem lhe der a mão?
-Peteca.
38 - Qual
a fruta, que sem a mão, diz que já leu?
-Limão (li).
39-O
que disse a buzina para a mão?
-Não me aperte que eu grito.
As adivinhas que seguem foram
formuladas em engenhosas quadras. Note como são interessantes! Foram retiradas
do arquivo de José Sant'anna (1937-1999), em 1993.
40- Fininha como cabelo,
Brilhante como uma espada, Brinca na mão da mocinha, Mas pelo pé amarrada.
-Agulha.
41- Uns me juntam, outros me partem,
Passando de mão em mão, Entre caneca e caneca Sou a grande distração.
-Bebida alcoólica.
42- Mais
de vinte senhoritas
São mudas quando isoladas, Mas dizem todas as coisas Se acaso estão de mãos
dadas.
-As letras do alfabeto.
43- A resposta é verdadeira,
Mas parece sem razão: O que enche uma casa, Nas não enche uma mão?
-Botão.
44- Enche uma casa todinha,
Mas não enche uma mão; Amarrado na cacunda Entra e sai sem ter portão.
-Botão de camisa (blusa, calça, etc).
45-Tem
pescoço, não tem cabeça, Tem braços e não tem mãos, Tem corpo e não tem pernas,
Tem peito, não tem coração.
-Camisa.
46- Sou
cortês, atencioso,
Sujeito muito decente, Vou ao salão, ao palácio, Pela mão de muita gente.
-Chapéu.
47-Tem
olhos, não tem pernas,
Mata gente, não tem mãos; Bota ovos, não tem pernas, Tem roupa sem confecção.
-Cobra.
48- Tem
braço e não tem mão,
Tem perna e não tem pé, Tem pescoço, não tem cabeça, Mas é símbolo de fé
-Cruz.
49-Tem
pés, tem mãos e tem olhos
Orelhas, boca também; Não anda, não vê, não ouve E nem fala com ninguém.
-Estátua.
50- Nasci em terras queimadas
Meu próprio nome é o chão, Tenho vinte e cinco dedos Na metade de uma mão.
-Meia-mão de milho.
51- Quando Deus criou o mundo,
De barro foi feito Adão; Agora vem a pergunta: Onde Deus lhe pôs as mãos?
-Nos braços.
52- Como planta que é, tem tronco
E de grande comprimento; Vive embora sem ter mãos, Batendo palmas ao vento.
-Palmeira.
53- Um
trem em velocidade
Segue sua direção, Quem pode parar o trem Com apenas uma mão?
-O maquinista.
54- Pendurado na parede,
Utilíssimo tu és,
Pois dás sem teres as mãos
E anda sem teres os pés.
-Relógio.
55- Venho
nas ondas do mar,
Nascido na fresquidão, Não sou água e nem peixe, Mas sou tempero na mão.
-Sal.
56- Cinqüenta
e cinco soldados
Todos cabem numa mão, Os cinqüenta pedem ave, Mas os cinco pedem pão.
-Terço de oração.
57- Qual
será a resposta
Que o decifrador dará: Cinco dedos numa mão, Mas carne e osso não há.
-Luva.
58- Posso
dar-lhe a resposta
E não erro, meus irmãos, Nenhum macaco tem pés, Este animal só tem mãos.
-Há um engano, pois macaco não é quadrúmano (quem tem
quatro mãos).
59- Quem
viaja se prepara,
Para não ficar na mão, Mas o que é necessário Pra se entrar num avião?
-Estar fora dele.
60- Onde de mãozinhas postas,
Parece religioso,
Com aspecto de santinho
E inseto perigoso.
-Louva-a-deus.
CULINÁRIA
PRATOS DOCES
PRATOS DOCES
1 – PÉ-DE-MOLEQUE
Ingredientes: 4 xícaras (chá) de açúcar, 2 xícaras (chá)
glicose de milho (tipo Karo), 5 xícaras (chá ) de amendoim torrado (com ou sem
casca), 1 colher (sopa) de bicarbonato, óleo para untar a forma.
Preparo: Junte tudo e leve ao fogo até dourar.
Quando o amendoim começar a estalar, retirar da panela, juntar 1 colher (sopa)
de bicarbonato e bater fortemente. Despeja em assadeira ou sobre o mármore,
untado. Deixar esfriar um pouco e cortar em quadradinhos.
2 – BROA DE AMENDOIM
Ingredientes: 1 kg de amendoim torrado e moído; 1 kg de
açúcar refinado, 1 kg de farinha de trigo, ½ kg de banha, 6 ovos, 1 colher
(café) de sal amoníaco.
Preparo: Misturar a farinha, o amendoim e o
açúcar. Depois, abrir em bacia grande, pôr a banha, os ovos e o amoníaco.
Amassar até dar o ponto de enrolar. Formar o desenho de uma trança e assar.
(Anuário do Folclore – 1976).
3 – ESTRELINHAS DE MEL
Ingredientes: 1 xícara(chá) de mel quente, 1 xícara (chá) de
amendoim torrado e picado, 1 lata de leite condensado, 1 colher (sopa) de
açúcar, 1 colher (chá) de canela em pó, 1 colher (chá) de baunilha, 1 colher
(chá) de raspas de limão, 3 cravos torrados, 1 xícara (chá) frutas
cristalizadas picadas, 5 xícaras (chá) de farinha de trigo, 2 colheres (chá)
bicarbonato.
Preparo: Misturar o bicarbonato e o açúcar, amassando
bem. Juntar os demais ingredientes, sovando bem a massa. Levar à geladeira por
2 horas. Abrir a massa com um rolo, numa espessura grossa, e cortar em formato
de estrelas (com forma própria). Assar em forma untada (Anuário do Folclore –
1983).
4 – AMANDOIM CROCANTE
Ingredientes: 1kg de amendoim cru, 1xícara (chá) de açúcar
(cristal), ½ xícara (chá) de água, 3 cravos, 1 pau de canela, (opcional: 2
colheres (sopa) de Nescau)
Preparo: Coloca-se o amendoim cru, com casca, em panela
grossa. Sobre ele coloca-se o açúcar, o cravo e a canela. Mexer constantemente.
Jogar a água, ferver até secar. É bom comer bem quentinho (Receita de Carmélia
Gonçalves Sabião – Pirangi).
5 – FATIAS DE AMOR
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de açúcar, 3 xícaras (chá) de
amendoim (torrado e moído), 1 colher (chá) de canela em pó, 1 colher (chá) de
fermento em pó, 3 xícaras (chá) de fubá, 2 xícaras de leite, 3 colheres (sopa)
de manteiga, 6 gemas.
Preparo: Bater as gemas com o açúcar. Juntar os demais
ingredientes, mexendo bem. Assar em forma untada, fogo brando. Cortar em
fatias. (Anuário do Folclore – 1997).
6 – BOLO DE FUBÁ E MAISENA
Ingredientes: 1 copo (americano) de fubá, 1 copo de maisena, 1
copo de farinha de trigo, 2 copos de açúcar, 1 copo (medida copo requeijão) de
amendoim torrado e moído, 1 copo (americano) de leite, 3 colheres (sopa) de
manteiga, 1 colher (sopa) de banha, 3 ovos (claras em neve), 1 colher (sopa) de
pó Royal.
Preparo: Bater, juntos, todos os ingredientes, mexer
até ficar bem misturado. Assar em forma redonda com furo no centro.
7 – SORVETE COM AMENDOIM
Ingredientes: 1 colher (sopa) de adoçante em pó (ou açúcar), 4
colheres (sopa) de amendoim, 1 colher (café) de baunilha, 1 xícara de leite
desnatado, 200g de sorvete (qualquer um, cremoso).
Preparo: Bater por 3 minutos no liquidificador.
Peneirar a mistura (se achar necessário). Colocar essa massa em uma panela e
mexer por 10 minutos, até obter calda cremosa. Em uma taça coloque o sorvete e
cubra com a calda quente.
8 – CAJUZINHO DE AMENDOIM MOÍDO
Ingredientes: 200g de amendoim torrado e moído, 1 xícara (chá)
de açúcar, 3 colheres (sopa) de chocolate em pó, 1 gema, 1 colher (chá) de
manteiga, 5 colheres (sopa) de leite.
Preparo: juntar todos os ingredientes, mexer bem,
formando pasta compacta. Pegar com uma colher (sopa) com porção da pasta e
fazer os docinhos com forma de cajus. Pode-se enfeitar com palitos verdes
(hastes) e cravo na extremidade.
9 – TORTA DE AMENDOIM MOÍDO
Ingredientes: (Massa): 6 claras, 4 gemas, 8 colheres (sopa) de
açúcar, 200g de amendoim torrado e moído, 2 colheres (sopa) de farinha de
trigo, 2 colheres (sopa) de pinga.
Ingredientes: (Recheio) 2 gemas, 6 colheres (sopa) de
açúcar, 3 colheres (sopa) de creme de amendoim (encontrado em caixinhas ou
preparado caseiramente), 2 copos de leite, 100g de margarina.
Preparo: Bater as claras em neve. Juntar as gemas,
o açúcar, o amendoim, a farinha e a pinga. Colocar em forma untada e polvilhar
com farinha de trigo. Assar em forma untada.
Recheio: Leve ao fogo o leite, o creme de amendoim, o
açúcar e as gemas, até formar um mingau grosso. Acrescentar a margarina e, caso
goste, algumas gotas de baunilha.
Montagem: Corte o bolo ao meio, no sentido do
comprimento. Coloque sobre uma das partes do recheio. A outra metade cobrirá a
anterior. Sobre ela salpique um punhado de amendoim torrado, sem casca,
picadinho.
10 – PAÇOQUINHA (de Lourdes Bôer
Grassetti – Pirangi)
Ingredientes: kg de amendoim torrado e moído, 4 copos
(americano ) de açúcar, 2 copos de água.
Preparo: Levar o açúcar ao fogo – menos 1 xícara (chá)
que será usada logo mais.Separadamente, caramele o açúcar da xícara, leve-o ao
fogo com o restante do açúcar. Misture a água até o ponto de calda. Acrescente
o amendoim. Bata bem até engrossar. Despeje na pia ou em mesa de mármore, deixe
esfriar e corte em cubos.
11 - BOLO DE AMENDOIM (de Lourdes Bôer
Grasseti)
Ingredientes: 3 ovos, 2 xícaras (chá) de amendoim cru, sem pele
e moído, 2 xícaras (chá) de leite, 3 xícaras (chá) de farinha de trigo, 2
colheres (sopa) de margarina, 1 colher (sopa) de pó Royal, açúcar a gosto.
Preparo: Bater as claras em neve. Juntar a elas as
gemas, o amendoim moído, o leite, a farinha, a margarina, o açúcar. Misturar
bem. Colocar o fermento. Assar em forma de buraco.
12 – PÉ-DE-MOLEQUE DE RAPADURA (de Ideh
Camargo Silva)
Ingredientes: 1 copo (medida requeijão) de leite, 3 xícaras
(chá) de rapadura raspada, 1 colher (sopa) de margarina, 1 xícara (chá) de
amendoim torrado, em peles e moído.
Preparo: Misturar o leite, a rapadura e a margarina.
Levar ao fogo e mexer com colher de pau até ficar em ponto de pasta. Retirar do
fogo. Misturar o amendoim, mexendo firme. Despejar sobre mármore ou superfície
lisa. Quando esfriar, cortar em quadradinhos.
13 – ACORDA MARIDO (de Ideh Camargo
Silva)
Ingredientes: 1 xícara (chá) de amendoim torrado, sem pele e
moído, 1 litro de leite, 3 gemas batidas; 2 xícaras (chá) de açúcar.
Preparo: Colocar todos os ingredientes em uma panela.
Levar ao fogo, obedecendo a ordem dos mesmos. Mexer sem parar, com colher de
pau, até ferver. Servir bem quente em xícaras ou copos resistentes ao calor.
14 – PÉ-DE-MOLEQUE DA IDEH CAMARGO
SILVA
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de mel Karo, 2 xícaras (chá) de
amendoim torrado, sem pele, moído, 1 colher (sopa) de bicarbonato.
Preparo: Levar ao fogo o mel e o amendoim. Mexer bem,
até dar o pondo de fio. Retirar do fogo e colocar o bicarbonato. Misturar bem e
colocar sobre mármore ou sobre a pia. Ao esfriar, cortar em quadradinhos.
15 – PAÇOQUINHA
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de amendoim torrado, moído sem a
pele. 500 gramas de bolacha Maria, 1 lata de leite condensado, 1 colher (sopa)
de margarina.
Preparo: Bata no liquidificador, primeiro o amendoim,
depois da bolacha. Coloque a mistura dos dois em uma tigela. Junte o leite
condensado e a margarina. Mexa bem. Esparrame a massa em assadeira média. Corte
em quadradinhos.
16 – BATIDA DE AMENDOIM (à moda de
Waldemar Campos Silva-Pirangi)
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de amendoim torrado, sem pele e
moído, 1 lata de leite condensado, 1 xícara (chá) de açúcar, 1 copo (americano)
de licor de cacau, 1 litro de pinga.
Preparo: Bata tudo no liquidificador. Coloque em litros
ou garrafas. A cada vez de servir, sacudir bem o frasco.
17 – TORTA DE AMENDOIM
Ingredientes: 3 colheres (sopa) de manteiga, 9 colheres (sopa)
de açúcar, 3 gemas batidas, 3 colheres (sopa) de chocolate em pó, 1 xícara
(chá) de amendoim moído, 9 colheres (sopa) de farinha de trigo, 1 colher de
(sopa) de fermento em pó, 1 copo (americano) de café coado, sem açúcar, 3
claras batidas em neve, manteiga para untar.
Preparo: Bata a manteiga com açúcar, até formar um creme.
Junte as gemas, o chocolate e o amendoim, mexa bem. Acrescente a farinha, o
fermento e o café. Mexa novamente Junte as claras em neve. Mexa delicadamente.
Coloque em uma forma untada e asse.
18 – ROCAMBOLE DE AMENDOIM
Ingredientes: 6 ovos, 6 colheres (sopa) de açúcar, 6 colheres
(sopa) de farinha de trigo, 1 lata de leite condensado, 1 e ½ lata de leite de
vaca, 250g de amendoim torrado e moído.
Preparo da massa: Bater bem as gemas. Juntar às claras batidas em
neve. Juntar o açúcar e bater até formar bolhas (bater no liquidificador ou
batedeira). Colocar a farinha e mexer bem. Usar colher de pau. Levar ao forno
em forma untada.
Preparo do Recheio: Unir o leite condensado ao de vaca.
Levar ao fogo em panela que não grude, mexendo até engrossar. Deixar esfriar e
acrescentar o amendoim.
19 – PUDIM DE AMENDOIM
Ingredientes: 1 lata de leite condensado, 2 latas de leite
comum, 4 ovos, 1 xícara (chá ) de amendoim torrado, moído.
Preparo: Bater tudo no liquidificador. Despejar em
forma untada. Assar em banho-maria, forno médio, por cerca de uma hora.
20 – “MUSSE” DE AMENDOIM
Ingredientes: 1 pacote de gelatina sem sabor, 200g de amendoim
sem pele, moído, 2 latas (medida da de leite condensado) de leite de vaca, 1
lata de creme de leite (sem soro), 1 lata de leite condensado, 3 claras em
neve.
Preparo: Dissolver a gelatina em 1 xícara (chá) de água
quente. Colocar (menos as claras) todos os ingredientes no liquidificador,
bater até ficar homogêneo. Colocar tudo em pirex ou tigela redonda, misturar as
claras batidas e levar à geladeira por algumas horas. Servir gelado.
21 – PAVÊ DE AMENDOIM
Ingredientes: 200g de biscoito champagne, 1 lata de leite
condensado, 3 latas de leite de vaca, 2 gemas, 1 abacaxi picado, 1 pacote de
amendoim moído, 2 colheres (sopa) maisena.
Preparo: Umedecer o biscoito no leite e, com ele,
forrar um pirex redondo. Levar o abacaxi ao fogo, com um pouco de açúcar. Despejar
quente sobre o biscoito.
Preparo do Creme: Juntar o leite condensado, o de vaca,
as gemas e a maisena. Levar ao fogo e mexer até engrossar. Misturar a metade do
amendoim. Em seguida juntar tudo sobre o abacaxi. Novamente, jogue a outra
metade do amendoim por cima.
Cobertura: 3 claras em neve, 2 colheres (sopa) de
açúcar, 2 colheres (sopa) de creme de leite. Bater tudo junto por cima do
amendoim. Deixar na geladeira por algumas horas.
22 – MUNGUNZÁ (de Ineh Bueno de Camargo
– Pirangi)
Ingredientes: 500g de canjica (milho branco picado) 4 paus de
canela, 6 colheres (sopa) de açúcar, 5 cravos, ½ litro de leite, 1 vidro de
leite de coco, 1 lata de leite condensado, 1 xícara (chá) de amendoim, batido
no liquidificador.
Preparo: Deixe a canjica de molho de um dia para o
outro. Escorra a água. Coloque em panela grande, com 2 litros de água, deixe
cozinhar até amolecer. Junte a canela, o cravo, o açúcar. Junte o leite
fervido, mexendo com colher de pau. Acrescente o leite de coco, o leite
condensado e o amendoim. Mexa bem e retire do foco. Se quiser um mungunzá mais
doce, coloque um pouco mais de açúcar.
23 – GELADO DE AMENDOIM
Ingredientes: litro de leite, 1 xícara (chá) de açúcar, 1
colher (sobremesa) de baunilha líquida, 5 gemas, 5 colheres (sopa) de pasta de
amendoim sem sal.
Preparo: Ferva o leite com o açúcar e a baunilha. Bata
as gemas. Coloque-as no leite, batendo sem parar, com colher de pau, até que
fique um creme. (Sabe-se o ponto quando a massa começa a grudar na colher).
Retire do fogo e deixe amornar. Em seguida, bata tudo no liquidificador. Junte
a pasta de amendoim. Bata mais um pouco. Coloque em vasilhas de sobremesa e
deixe gelar.
24 – BOLO DE AMENDOIM
Ingredientes (para a massa): 4 ovos; 2 copos (americano) de açúcar, 2 copos de
farinha de trigo; 1 colher (sopa) de fermento, 1 copo de leite morno, 200g de
amendoim moído.
Cobertura: 1 lata de leite condensado, 1 xícara (chá)
de leite de vaca, 1 colher (sopa) de margarina.
Preparo da massa: Bater as claras em neve, acrescentar
ao açúcar, bater as gemas e juntá-las ao açúcar. Colocar a farinha, o fermento,
o amendoim. Assar em forma untada e polvilhada com farinha de trigo.
Cobertura: Leve, juntos, ao fogo, o leite de vaca, o
leite condensado e a margarina, batendo bem para formar massa cremosa sobre o
bolo pronto, jogar a cobertura ainda quente.
PRATOS SALGADOS
1 – MACARRÃO COM AMENDOIM
Ingredientes: kg de lombo de porco cortado em tiras, 3 colheres
(sopa) de margarina, 2 tabletes de caldo de galinha; 4 colheres (sopa) de leite
aquecido, 1 xícara (chá) de pepino picado, pimenta-do-reino a gosto, ½ xícara
de (chá) de amendoim torrado e descascado, 500 g de talharim cozido e coado.
Preparo: Doure o lombo na margarina, junte os tabletes
de caldo de galinha. Deixe amaciar. Acrescente o pepino. Mexa bem. Coloque a
pimenta-do-reino, junte o amendoim, mexa bem, deixe no fogo com um pouco de
molho. Jogue a mistura bem quente sobre o macarrão cozido e escorrido. Sirva
com arroz branco se quiser e uma salada verde.
2 – AMENDOIM PICANTE
Ingredientes: 4 xícaras (chá) de amendoim (torrado, sem peles),
1 colher (chá) de pimenta aiena; 1 colher (chá) de páprica doce, 1 pitada de
canela em pó, 1 xícara (chá) de uva-passa branca, sal a gosto.
Preparo: Misture todos os ingredientes e deixe
descansar por meia hora, dando uma mexida de quando em quando. Sirva como
aperitivo com torradas ou pão fresco.
3 – FRANGO XADREZ (Receita de Ineh B.
de Camargo – Pirangi)
Ingredientes: 1 kg de frango cortado em quadradinhos,
pimenta-do-reino a gosto, 2 colheres de shoyo, 5 dentes de alho bem picados, 1
xícara (chá) de cheiro verde picado, 1 clara de ovo batida em neve, 1 colher
(sopa) de maisena, 1 xícara (chá) de conhaque, 2 cenouras em cubinhos, 1
pimentão verde e 1 vermelho em tirinhas, 1 cebola em rodelas, 1 xícara (chá) de
amendoim (grão grandes, assados), meio abacaxi em pedaços, 2 colheres (sopa) de
açúcar.
Preparo: Tempere o frango com todos os temperos. Deixe
descansar por uma hora. Em panela grande, coloque 3 colheres de azeite. Despeje
o frango, deixe-o dourar e cozinhar até amaciar. Retire-o da panela, deixando-o
seco, reservando o molho em que foi cozido. Volte a panela ao fogo, colocando
no molho as cenouras, os pimentões e as cebolas. Mexa, misturando o frango a
esse molho pronto. Sirva com arroz branco. Se quiser, pode fazer um molho com 3
colheres (sopa) de mel, 1 colher de shoyo, 2 colheres de massa de tomate, 2
colheres de catchup e 1 colher de açúcar.
4 – BOBÓ DE CAMARÃO COM AMENDOIM (de
Ineh B. de Camargo)
Ingredientes: (para 6 pessoas)-1 kg e meio de camarão (limpo,
sem as tripinhas), 1 cebola grande batidinha, 2 colheres (sopa) de azeite e 2
de óleo, 2 tabletes de caldo de galinha, 1 xícara (chá) de cebolinha, salsa e
sal, pimenta vermelha, pimenta-do-reino, 1 lata de polpa de tomate, 2 vidros de
leite de coco, 1 e ½ (chá) de amendoim torrado e moído, 1 kg de mandioca cozida
e passada no espremedor, 3 colheres (sopa) de azeite de dendê, 1 cabeça de alho
esmagados.
Preparo: lave e limpe os camarões. Frite a cebola e o
alho no azeite e no óleo. Junte o camarão e mecha. Acrescente o caldo de
galinha, a salsa, a cebolinha e o sal, as pimentas e massa de tomate, o leite
de coco, o amendoim. Mexa bem e acrescente 2 copos (americanos) de água, até
ferver. Engrosse com a mandioca, colocando-a aos poucos, mexendo sem parar, com
colher de pau. Quando formar uma pasta, coloque o azeite de dendê. Experimente
o gosto. Sirva com arroz branco ou acaçá.
5 – VATAPÁ (à nossa moda – para 10
pessoas)
Ingredientes: 1 kg de camarão médio; 1 e ½ kg de sobrecoxa de
frango, 2 cebolas grandes batidas, 2 cabeças de alho grandes batidas, 2 cabeças
de alho esmagadas, 4 colheres (sopa) de óleo, 4 colheres (sopa) de azeite, 2
xícaras (chá) de salsa e cebolinha picadas, 2 colheres (sopa de sal, 2 tabletes
de caldo de galinha, 2 latas de massa de tomate, 2 pimentas vermelhas,
pimenta-do-reino a gosto, 1 xícara (chá) de castanha de caju moída ou picada, 2
xícaras (chá) de amendoim torrado, sem pele e moído, 2 vidros de leite de coco,
1 vidro pequeno de azeite de dendê.
Preparo: Lave o frango, retire a pele, tempere com
alho, cebola, óleo, azeite, cheiro-verde, sal, caldo de galinha, pimentas, suco
de tomate, 2 copos (americano) de água, ou o que baste para cobrir o frango.
Leve ao fogo, tampando a panela. Deixe cozinhar até amaciar o frango. Deixe
esfriar. Desfie o frango em pedaços grandes, reserve-os no molho. Em outra
panela aqueça o óleo e o azeite restantes, acrescente os temperos que sobraram
quando temperou o frango. Junte o camarão, mexa te fritar levemente. Coloque 1
lata de suco de tomate, 2 copos de água, deixe ferver por uns 10 minutos.
Junte o camarão ao frango. Misture bem. Acrescente a castanha de caju, o
amendoim e o leite de coco. Mexa bem. A seguir, coloque 2 caixinhas de creme de
arroz dissolvidas em 2 copos de água fria. Vá mexendo até que forme uma grossa
mistura. Acrescente o azeite de dendê. Mexa bem, não pare de ferver.
Sirva com arroz branco ou acaçá (mingau feito com uma caixa de creme de arroz
dissolvido em 2 vidros pequenos de leite de coco).
Ineh Bueno de Camargo
MEDICINA POPULAR
Por mais elevada que seja a cultura
do povo, sempre nos seus costumes, crenças e tradições irão se encontrar
vestígios de épocas rudimentares em que se foram organizando as formas
superiores da sua existência. Tal fato explica a permanência da Medicina
Popular, conjunto de conhecimentos e crenças criados pelo povo, universo
repleto de mitos, ritos, agouros e superstições.
Todos os povos da humanidade tiveram,
no início de sua existência, grandes privações e duras necessidades. A
alimentação, o vestuário e a doença sempre foram as carências primordiais e as
necessidades que mais exigiam ocupações de homens ainda desprovidos de
expedientes.
Os primeiros recursos contra a doença
humana nasceram justamente no seio desses homens rudes que, ma luta pela
sobrevivência, foram buscar a cura inicialmente nos seres que os circundavam: os vegetais. E como obtiveram bons
resultados, devolveram suas observações e foram levador a criar uma prática
médica, para conhecer e distinguir o que lhes era útil ou noviço no mundo dos
vegetais.
O primeiro passo da pesquisa
científica estava dado. O gênio inventivo de cada um foi-se transmitindo, de
geração em geração, com observações acumuladas, que foram aperfeiçoando e
alargando o campo do conhecimento da doença humana e dos recursos para
combate-la. [...]
[...] A medicina popular, no entandom
não se resume na utilização de folhas, raízes e cascas em forma de banhos ou
infusões com o objetivo de curar doenças. As simpatias e a religião cumprem
papel fundamental na eficácia desses tratamentos. Toda aplicação de recursos
materiais ocorre num terreno essencialmente mágico, na medida em que, para a
medicina popular, as plantas não curam por causa das substâncias neas contidas,
mas principalmente pelas virtudes anímicas, isto é, porque as plantas são
entidades que curam doenças.
As propriedades farmacêuticas das
drogas estão diretamente ligadas a um universo religioso onde se encontra a
explicação do fenômeno. Por esse motivo, o tratamento sempre obedece a um
ritual, no qual são observadas as fases da lua, a posição da raiz com relação
ao sol, as estações do ano e outras recomendações. No ritual da cura pela
Medicina Popular, não se separam corpo e alma.
Muitas vezes, utilizam-se rezas
visando à cura do corpo e também do espírito enfermo. Boa parte desses
tratamentos são empregados para curar doenças; outros para estancar sangue numa
ferida ou casos em que a pessoa se engasga, sente dores diversas, necessita
eliminar vermes e ainda muitos outros males...
Período Menstrual
Durante este período, a mulher era considerada “impura”, e
deveriam observar regras especiais:
A mulher não deveria lavar os pés e
de uma maneira geral abster-se de lavagens corporais.
Não poderia amassar a broa (pois esta não levedaria).
Não podia comer azeitonas.
Não poderia entra nas adegas onde se estivesse a fazer o vinho (pois este
estragar-se-ia).
Gravidez
Quando estavam grávidas, as mulheres
não podiam trazer chaves, alfinetes nos bolsos, pois a criança nasceria com um
sinal (no lado em que a mãe trouxesse o referido objeto).
Durante o tempo de amamentação a mulher não deveria ficar deaixo de uma
figueira, pois o seu leite secaria.
Depois do nascimento a criança não deveria sair à rua antes de trinta dias
(“ficavam um mês abafadas”).
A criança não deveria entrar na igreja antes de ser batizada (pois seria mal
pra ela).
Dores menstruais
Quando as mulheres sentiam muitas dores, aqueciam vinho e bebiam-no. Também
podiam fazer o mesmo com água bem quente com bastante mel ou açúcar.
Mordida de abelhas
Mordida de abelhas são curadas esfregando salsa e água fria.
Tosse coqueluche
Para esta tosse faziam um xarope, misturando açúcar amarelo e o líquido do
cacto bravo (piteira). Além do xarope deveriam as pessoas, antes do nascer do
sol, ir durante meia hora/um quarto de hora para os pinhais ou então estar
durante o mesmo tempo num curral de bois respirando o bafo dos animais.
Feridas
Pisavam folhas de violeta e colocavam em cima da ferida depois de ter
desinfetado a mesma e utilizavam uma folha de couve bem untada com azeite a
ferver que deitavam em cima da ferida.
Dor de dentes
Para a dor de dentes, bochechavam a boca com água ardente e deitavam rolhos de
algodão embebido em criozote (líquido que se comprava na farmácia).
Lombrigas
Faziam um cordão de dentes de alho e deitavam à volta do pescoço das crianças.
Os adultos cheiravam alho ou bebiam sumo de limão estreme ou vinagre.
Eczemas
Para curar eczemas, ferviam folhas de eucalipto (mimoso), bolsa de pastor,
alecrim, folas de malva e lavavam-se com essa água.
Cravos
Para tirar os cravos cortava-se uma batata ao meio e esfregava-se bem os cravos
com a goma da batata. Repetia esta operação durante três dias. Também se podiam
tirar com espuma de água da chuva. Quando chovia muito, normalmente nas
estradas mais velhas ficavam poças de água. Nessas opças com a força da água
ficava espuma. Então apanhavam essa espuma e esfregavam nos cravos e eles
desapareciam.
Dor de ouvidos
A dor de ouvidos era curada com o leite materno. A pessoa a quem doía os
ouvidos ia pedir a uma mãe que andasse a amamentar, que lhe deitasse umas gotas
de leite para dentro do ouvido, mas se o paciente fosse homem, tinha que pedir
o leite a uma mulher que amamentasse uma menina, se fosse mulher pedia leite a
quem amamentasse um menino.
Problema nos olhos
Ferviam rosas da Alexandria e deixavam arrefecer a água com que depois lavavam
os olhos durante alguns dias.
Assadura nos bebês
Como não tinham pó de talco, as mães utilizavam caruncho para polvilhar as
assaduras.
Ameba
Tomavam, durante trinta dias, em jejum, um copo de água fria com três gotas de
creolina.
Asma
Tomar chá feito com
enxerto-de-passarinho;
Fumar um cigarro feito com folhas secas de zambumba;
Comer testículos de porco assados e servidos sem sal;
Tomar fel de boi misturado com um pouco de cachaça;
Tomar chá feito com um chocalho de cobra cascavel;
Tomar chá de “olho” que fica na pena do pavão.
Azia
Beber um copo d´água no qual foram colocados três pitadas de cinza fria.
Bicho de pé
Depois de retirado o bicho-de-pé, com auxílio de um alfinete, encher a cavidade
com sarro de cachimbo.
Calo
Quando o sapato é novo, o calo é uma certeza: colocar
sobre o calo, cera-de-ouvido.
Catapora
Para a catapora acabar de sair ou sair ainda mais depressa, nada como tomar um
chá feito de cabelo-de-milho sem açúcar.
Desmaio
Passar, dentro do começo do nariz da
pessoa desmaiada, uma pena de galinha até a pessoa voltar a si;
Soprar nos ouvidos e bater na sola dos pés até a pessoa voltar a si.
Dor de barriga
Tomar chá feito com a moela da
galinha, crua;
Comer uma banana prata verdosa;
Comer um pedaço de mandioca (macaxeira) branca, crua.
Dor de cabeça
Colocar sobre a testa, uma mistura feita com pó de café e manteiga.
Dor de dente
Introduzir na cárie, se couber, uma
cabeça de fósforo;
Encher a cárie com o pó feito de chocalho da cobra cascavel;
Encher a cárie com sarro de cachimbo.
Dor de garganta
Comer tanajuda torrada, se for tempo de tanajura.
Enjôo e gravidez
Comer pombo bem assado, sem sal.
Enjôo de viagem de automóvel
Colocar uma castanha de caju no
bolso, se for homem , ou na bolsa, se for mulher;
Mascar uma cabeça de fósforo.
Furúnculo
Para o furúnculo estourar por si só, nada como colocar no “olho” da
cabeça-de-prego, um emplastro feito com couro de bacalhau cru.
Galo na cabeça
Quando e leva uma pancada na cabeça e aparece um “galo”, nada como fazer, sobre
ele, forte pressão com a folha de uma faca fria.
Hemorragia
Colocar, no local da hemorragia externa, para parar o sangue, um chumaço de
algodão embebecido em verniz de carpinteiro.
Hemorróidas
Sentar num pedaço de tronco de
bananeira recém-cortado;
Colocar uma pela de fumo no local;
Colocar compressas de querosene.
Indigestão
Chá feito com a pele que envolve a moela de uma galinha crua.
Lombriga
Comer coco seco raspado, em jejum, até aborrecer.
Mordida de cobra
Tomar meia garrafa de querosene e comer um prato de farofa com bacalhau assado
na brasa.
Mulher-maninha
Para que uma mulher venha a ter filhos:
Tomar água antes de ter relações
sexuais;
Dar ao marido, todo dia, no almoço, carne de carneiro preto, com um pouco de
vinho.
Prisão-de-ventre
Tomar chá de cupim.
Queda de cabelo
Pentear os cabelos com um pente feito de chumbo.
Soluço
Pregar um susto na pessoa que estiver com soluço.
Terçol
Engolir nove caroços de limão durante
três dias seguidos;
Esfregar, no chão, a semente de olho-de-boi e depois colocá-la sobre o olho
onde está localizado o terçol.
Fonte: www.folcloreolimpia.com.br
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