Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: Conhecendo os Tipos

terça-feira, 16 de abril de 2013

Conhecendo os Tipos


Este será o primeiro artigo de uma série que vai abordar sobre diversos temas dentro da tipografia. Muitas vezes nós nos encontramos pensando em qual fonte deveríamos utilizar em certos trabalhos, qual família combinaria com aquele texto que quero colocar em algum lugar ou simplesmente conseguir escolher uma fonte quando nenhuma parece dar certo.


Mas para conseguir pensar melhor com os tipos é necessário conhecer um pouco sobre suas características para poder diferenciar e compreender suas diferenças. Hoje estaremos conversando sobre sua anatomia básica de uma forma básica para que todos possamos compreender com facilidade!

Antes de começar vale lembrar que de acordo com as fontes de pesquisa você pode acabar encontrando termos e palavras diferentes. O olho de um caractere, por exemplo, pode ser encontrado também como oco ou espaço interno.Eu também não me aprofundarei em certos assuntos, pois acredito que para algumas pessoas não é tão interessante mas se quiserem ler mais sobre isso eu indico o livro Pensar com Tipos da Ellen Lupton.

Família ou fonte?

A fonte é o conjunto completo de caracteres de uma família específica em um peso (negrito, itálico, light, book, condensada etc.). Uma família é o conjunto de caracteres que compartilham as mesmas características estilísticas, por este motivo todas as fontes da família Times New Roman se parecem muito uma com as outras mesmo estando em itálico ou negrito (e não é só porque ela se parece com fonte de escrever livro). Confira o exemplo:
Exemplo de família de fonte
Abaixo colocamos a Família Bariol e seu conjunto de fontes.
Família da fonte Bariol

Conhecendo a sensualidade pélvica tipográfica (ou simplesmente “Anatomia”)

Talvez saber sobre o nome das partes dos tipos não mude a sua vida, talvez você nem decore o nome de todas as partes. Mas saber para onde olhar e como reconhecer as características de um tipo pode ajudar muito em diversas situações.
Por exemplo, quando você se pergunta “por que essas duas fontes estão no tamanho 14 mas aquela outra parece menor?:( “.
Bom… é por causa da altura…
Antes que joguem pedra em mim pela resposta cretina, a diferença é a sua altura mesmo, a altura X.
Exemplo de altura-x de uma fonte
Aqui podemos ver a palavra “Choco La Design” em Garamond Bold, a linha inferior é a linha base e a linha superior é o que chamamos de linha da Caixa-alta.

Linha Base


A linha onde as letrinhas sentam e ficam abundadas como caracteres civilizados e obedientes.

Linha da Versal


Como o próprio nome indica, é a linha que demarca o topo das letras maiúsculas, reparem no C, L e no D sensualizando no topo da linha.

Altura da Versal


Essa é a distância da linha base até a linha da versal.
Exemplo de linha da versal de uma fonte

Altura X


A altura X é a distância entra a linha base e a altura da letra x em caixa-baixa.
Ela pode influenciar drasticamente na leiturabilidade de um texto.
“Sim, ainda não entendi por que a Times New Roman tá pequena aqui”
Calma, o grande segredo é que a sua altura em pontos/pixels/paicas/polegadas geralmente não tem ligação muito óbvia com o seu tamanho.
Exemplo de fonte em pontos
Veja neste exemplo como o mesmo texto escrito com fontes diferentes possuem tamanhos diferentes apesar de estarem todos configurados para tamanho em 40 pontos. Isso é por causa que, por mais que a fonte esteja em 40 pontos (ou qualquer outra medida que você use), o grande foco é reparar na altura X. Reparem como a Garamond parece pequena (não apenas na largura) se comparada com as outras, é por causa que sua altura X é menor e faz parecer que o texto está mais compacto, já a Dax possui uma altura X mais cavalar e pode ser facilmente lida mesmo em tamanhos minúsculos.
O grande segredo para um texto bem legível é saber dosar essa altura X. Uma fonte com essa altura muito alta pode incomodar em formatos grandes e fontes baixas podem ser complicadas de ler se pequenas demais. Uma boa medida de segurança é sempre imprimir o seu texto e verificar como ele fica no papel.
“Entendi! Mas por que no exemplo lá atrás o rabinho do g não conta dentro da linha base tio?”
Tio, não. E é por causa que a cauda do g é um descendente.
Anatomia

Descendente


É essa parte marota que fica balançando para baixo da linha base. Geralmente encontrada no g, q e j, mas algumas fontes possuem descendentes em outras letras.

Ascendente


O contrário da descendente, é a parte que ultrapassa a linha X como o bracinho do h dando um oi.

Terminal


Apesar do nome mórbido é só a curvinha final das letras a, c, f, j, r, s e y.

Serifa


É esse tracinho maroto no fim dos traços principais de uma letra. Talvez uma das características mais fáceis de se reconhecer em uma fonte, definindo elas como Sans-Serif ou Serif.

Olho


É esse espaço vazio dentro de letras fechadas como O, D, b, e etc.
Reconhecendo essas características básicas podemos diferenciar fontes que “pareciam iguais mas não são”. E com prática vai ficando cada vez mais fácil diferenciar ou até reconhecer aquela fonte na placa da padaria da esquina!
Agora vamos aprender um pouco sobre as classificações dos tipos! (Como sempre, vale lembrar que, de acordo com a fonte de pesquisa de cada um, certas nomenclaturas podem mudar).

Os tipos de Tipo (tá, a piada foi sem graça.)

As fontes podem ser divididas em:
Serifadas
  • Humanistas
  • Transicionais
  • Modernas
  • Egípcias
Sem Serifa
  • Humanistas
  • Transicionais
  • Geométricas
Serifadas

A serifada humanista

São as mais próximas dos traços manuais, tentam emular a caligrafia clássica. Se olhar de perto você pode reparar que suas serifas são um pouco irregulares e os traços que compõem as letras não possuem muita diferença de grossura.
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A serifada transicional

Com a modernização das técnicas de produção dos tipos começa haver uma maior distância da caligrafia clássica. Com suas serifas mais afiadas, letras desenhadas com traços mais retos e curvas mais consistentes, as transicionais são as nossas queridas Times New Roman, Georgia, Baskerville entre muitas outras.
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A serifada moderna

As serifas modernas possuem como maior característica os seus traços com contraste fortíssimo. Além disso, possuem serifas finas e retas com traços e desenhos mais retos e bem definidos.
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A serifada egípcia

Adotadas lá pelo século XIX para propagandas, as serifadas egípcias possuem serifas grossas e retangulares. E o que elas tem de egípcias? Na realidade, praticamente nada. Mas seu estouro foi junto a época em que Napoleão estava em sua campanha no Egito e o fascínio das pessoas por sua cultura cresceu muito, e por confusão das pessoas elas acabaram sendo conhecidas por este nome.
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Sem serifas

A sem serifa humanista

Da mesma forma que sua irmã serifada, possuem traços mais orgânicos. Seus traços menos definidos e variações no peso dos traços dão essa dinâmica caligráfica a elas.
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A sem serifa transicional

Traços mais retos e com pouca variação entre eles. Costumam ser chamadas também de sem serifa anônima por causa da aparência menos expressiva de suas formas. Fontes como Helvetica, Univers e Arial são transicionais.
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A sem serifa geométrica

Inspirada em formas geométricas, podem possuir círculos perfeitos, elipses calculadas, ângulos afiados e linhas retas. Não costumam ser as mais legíveis para blocos de texto extensos, mas têm uma aparência muito moderna.
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Conhecendo essas pequenas diferenças entre as classificações fica cada vez mais fácil entender e compreender como cada fonte é diferente e como fica mais simples escolher uma família quando se sabe que tipo de fonte se quer.
Até a próxima gente!

Por Mamoru Miyagawa do CHOCO LA DESIGN

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