Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: Polícia Federal iniciará investigação sobre os negócios da Telexfree

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Polícia Federal iniciará investigação sobre os negócios da Telexfree

telexfree


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou a abertura de um inquérito policial para a investigação das operações da Telexfree no Brasil que deve ser conduzida pela Polícia Federal. O Ministério afirma que vem investigando denúncias relativas à companhia desde janeiro deste ano através da Secretaria Nacional do Consumidor. As informações são da Agência Brasil.

As denúncias apresentadas contra a Telexfree informam que a companhia fez uso do sistema comercial conhecido como pirâmide financeira, proibido no Brasil. Por meio da pirâmide financeira, a empresa teria mantido um sistema de recrutamento progressivo de pessoal, atingindo níveis que comprometem seriamente o retorno financeiro das operações. Acredita-se que a companhia tenha recrutado pelo menos um milhão de pessoas no país.

O Ministério da Justiça também informa que já havia solicitado ajuda de outros órgãos para conduzir a investigação como a Comissão de Valores Mobiliários, Banco Central, Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Todos os órgãos identificaram indícios de crime contra a economia popular, esquema da pirâmide e evasão de divisas nas operações da Telexfree.

O Tribunal de Justiça do Acre manteve na última segunda-feira (8) a decisão que determinou a suspensão das atividades da companhia. A Telexfree não poderá fazer novos cadastros de divulgadores e pagar os apoiadores cadastrados até o final do processo judicial, sob pena de multa diária de R$ 500 mil. Os advogados da companhia tentaram reverter a decisão do relator do caso, desembargador Samoel Evangelista, mas os magistrados entenderam que a defesa não apresentou argumentos suficientes para tal.


A TelexFree é uma empresa que fornece serviços de VoIP (Voice Over IP, ou Voz sobre IP) de maneira semelhante a programas conhecidos, como o Skype. A grande polêmica sobre ela, entretanto, é sobre seu método de divulgação, auto-intitulado um "marketing multi-nível", que na prática, seria uma forma de golpe do estilo pirâmide que promete dinheiro rápido para seus divulgadores.

Explicamos:
Um esquema de pirâmide, como o próprio nome sugere, tem uma ou um grupo de pessoas no topo e cresce de maneira progressiva para baixo, com mais e mais pessoas sendo adicionadas à base. O proprietário do esquema é o responsável pelo produto e aquele que mais lucra com ele. Para divulgação do produto, o proprietário chama uma série de pessoas que investem uma quantidade inicial para se tornarem divulgadores e, após o fim do contrato, supostamente recebem uma quantidade maior de dinheiro - baseada principalmente na quantidade de pessoas que conseguiu trazer para a rede de divulgadores da empresa.

O problema do esquema é que ele rapidamente se torna insustentável, já que, a cada "nível" da pirâmide, o número de divulgadores cresce e a quantidade de pessoas que eles devem trazer para o esquema também. Em um exemplo hipotético, um serviço que tivesse 10 divulgadores no primeiro nível (logo abaixo do proprietário) no segundo já teria 100 pessoas, no terceiro, mil, no quarto, 10 mil e assim por diante. Ao décimo nível, precisaríamos de 10 bilhões de pessoas. A população atual da Terra é pouco maior que 7 bilhões de pessoas.

pirâmide
Nesse esquema, apenas as pessoas com muitos contatos, além do próprio proprietário, obviamente, teriam a capacidade de lucrar. O resultado disso é uma massa de divulgadores que investem o dinheiro inicial, mas não são capazes de receber o prometido de volta, já que logo se veem sem pessoas para expandir sua rede. A promessa de dinheiro rápido logo se torna um investimento sem retorno. Segundo divulgadores, a TelexFree já faturou cerca de R$ 300 milhões em 2012.

No caso específico da TelexFree, é oferecido ao interessado em divulgar o serviço duas opções. Uma delas é chamada "Adcentral", no valor de US$ 299,00 (cerca de R$ 586,67), que dá ao usuário o direito de postar um anúncio diariamente em sites específicos da Internet. Por isso, o usuário receberia US$ US$ 49,90 (R$ 97,91) semanalmente, em um lucro anual de US$ 2594,80 (R$ 5089,69). A Telexfree promete aos usuários que a diferença virá dos lucros de seu serviço VoIP, apresentando inclusive estatísticas sobre o crescimento do uso de seu programa. Entretanto, o produto oferecido pela empresa se mostra pouco competitivo no próprio mercado VoIP, com um plano mensal de 3 mil minutos em ligações por R$ 97,91 (US$ 49,90). Em comparação, o Skype oferece um plano de ligações ilimitadas para um país à escolha do usuário por R$ 25,99.

A Telexfree oferece ainda um outro plano de divulgador chamado "Adcentral Family", no valor de US$ 1.375,00 (R$ 2.697,89) que promete um lucro anual de US$ 12.974 (R$ 25.456,29) através de cinco divulgações diárias. Assim como na "Adcentral", o plano família não obriga o usuário a vender o produto VoIP em si, mas incentiva o recrutamento de outros divulgadores, através de um suposto aumento nos lucros trazido pelo trabalho feito pelos divulgadores que o usuário recrutou.

As discrepâncias logo levaram às indicações de que a empresa seria, na verdade, apenas uma fachada para um golpe. Um levantamento realizado pelo jornalista Luis Nassif mostrou que a TelexFree foi montada pelo empresário do capixaba Carlos Wanzeler. Carlos teria utilizado seu conhecimento no mercado de VoIP, obtido com sua empresa anterior, a Disk A Vontade, localizada em Vitória (ES), para montar o serviço e esquema da TelexFree.

O Canaltech entrou em contato com a Disk A Vontade, e um funcionário que preferiu não se identificar afirmou que Wanzeler já não tem mais relações com a empresa desde 2011, que agora é de propriedade de Sebe Sousa. A empresária, no entanto, estaria viajando e só poderia responder ao contato no final do mês. Segundo o funcionário, a Disk A Vontade foi a responsável pela operacionalização da TelexFree assim que a empresa começou a ser montada no país, "emprestando" sua infra-estrutura por cerca de três meses em 2012. A TelexFree, inclusive, tem seu endereço registrado no mesmo local da Disk A Vontade.

Para passar credibilidade à nova empresa, registrada sobre o nome de Ympactus Comercial LTDA, Wanzeler teria localizado a empresa norte-americana especializada em VoIP Commons Cents Communications e do proprietário James Merril para convertâ-la na TelexFree Inc. No Brasil, Merril, que agora é sócio do esquema, passou a ser apresentado como o gênio do marketing multi-nível e como um exemplo de como o negócio pode render frutos rapidamente. Atualmente, Wanzeler é tesoureiro e diretor da TelexFree Inc, segundo outro levantamento do site Meu Dinheiro em Casa.

TelexFree
James Merril é apresentado como um exemplo de como o negócio pode render frutos rapidamente

O marketing multi-nível é um modelo utilizado por algumas empresas que também recrutam pessoas para a divulgação e venda. No Brasil, o sistema legítimo é conhecido e utilizado por empresas como Herbalife, que possuem uma rede de revendedores para seus produtos. A TelexFree, entretanto, está sendo acusada de distorcer o marketing multi-nível, colocando o foco não na venda de seu produto de VoIP, mas na própria divulgação da empresa e de sua rede através dos recrutados.

Uma busca rápida no YouTube, por exemplo, retornará dezenas de vídeos de "divulgadores" explicando como divulgar o TelexFree de maneira eficiente e maximizar seus lucros. Um dos principais porta-vozes da empresa, que também publica vídeos em seu canal para a divulgação da TelexFree, é o ator Sandro Rocha - conhecido como Sargento e Major Rocha nos filmes Tropa de Elite eTropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro. Rocha já publicou diversos vídeos mostrando os lucros que teve através da TelexFree, por exemplo, após um mês da compra do pacote de divulgador. Diversos usuários, entretanto, acusam o ator de utilizar de sua fama - o que o possibilitaria trazer muito mais pessoas para o TelexFree, aumentando sua renda - para divulgar o serviço e enganar outros possíveis usuários, que nunca conseguiriam atingir os números exibidos por Rocha sem a fama dele.


A empresa também utiliza diversos outros vídeos para divulgar os supostos benefícios de fazer parte de sua rede e construir seu próprio time de divulgadores, como o caso do ex-ambulante Pelé Reis, que teria ganhado muito dinheiro através do serviço.


Fonte: Canaltech

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