As obras realizadas por artistas do mundo todo durante esses dias nas ruas de San Juan fazem com que os muros literalmente "falem", como sugere o festival de arte urbana da capital porto-riquenha, que tem sua segunda edição agora em outubro.
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Intitulada "Os Muros Falam", a edição deste ano acontece em dois bairros afastados da capital - Santurce e Río Piedras, que viram suas ruas se deteriorarem com a queda das atividades e da renda devido à crise que a ilha caribenha vive e à concentração do turismo em outros bairros mais populares, como o belo Viejo San Juan e o badalado Condado.
Assim, esta edição do festival transformará essas áreas deterioradas em um verdadeiro museu ao ar livre para "posicionar o Porto Rico como um país de alto conteúdo cultural e artístico", como explicou à Agência Efe seu organizador, Emil Medina.
Durante os últimos dias, os moradores locais conseguiram observar de perto nas ruas de San Juan os trabalhos de inúmeros artistas, como os espanhóis Liqen e Axel Void, o chinês DaLeast, o ucraniano Interesni Kazk e a sul-africana Faith 47.
O dominicano Poteleche, cujo nome verdadeiro é Rafael de los Santos, elaborou um chamativo mural com rostos quadrados que incluem frases como "Devem aprender a sonhar acordados", "precisam dançar mais" e "Falam muito, fazem pouco", entre outras.
Outro dos mais chamativos projetos é o do canadense Fred Caron, que desenhou dois bonecos em homenagem à rica história do teatro no bairro do Río Piedras, enquanto o chileno Inti deu forma a uma inquietante imagem da virgem Maria com um manto da bandeira dos Estados Unidos e uma espingarda na mão.
O irlandês Conor Harrington exibe uma briga entre dois personagens de época na obra intitulada "San Juan Fight Club".
Um dos muralistas porto-riquenos mais reconhecidos da ilha, o veterano Rafi Trelles, não poderia ficar de fora. Em entrevista à Efe, ele explicou que grande parte da grande aceitação do festival se deve ao fato das obras terem um alto "conteúdo social, emblemático e rico em matizes, criado para satisfazer os setores populares da capital".
Edgardo Larregui, Omar Velázquez, Juan Salgado, The Stencil Network, David Zayas, SKE e DEFY são outros dos artistas porto-riquenhos que estarão expondo suas pinturas nas ruas de San Juan neste mês.
"Trabalhar nas ruas de Porto Rico é como fazer isso em países do Primeiro Mundo", celebrou Larregui, líder do grupo social El Coco D'Oro, que promove atividades em La Perla, um dos bairros mais conflituosos da capital de Porto Rico e que, no entanto, se encontra junto ao turístico Viejo San Juan.
A obra apresentada por Larregui mostra um gigantesco exemplar de uma espécie local de camarão (Palaemon pandaliformis), que foi descoberta há alguns anos no Río Piedras.
Para o promotor do festival, a ideia de priorizar os arredores de Río Piedras aparece como um ato de "carinho" com um bairro que "está há muito tempo afastado do contato social" e, por isso, "é ótimo que seus muros e paredes falem com o povo que anda por seus arredores".
Tanto Santurce como Río Piedras são "zonas de encontro cultural e de diversas nacionalidades", explicou Medina, que ressaltou que ambas as regiões merecem ser transformadas em verdadeiros "corredores artísticos" da cidade de San Juan.
"Já sabemos que Santurce é a Meca da arte local, mas queremos que Río Piedras também adote esse enfoque", finalizou o organizador.
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