Tudo começou com o advento da correção de cor digital no filme dos irmãos Coen, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?. Não foram eles que inventaram mas foi o filme onde mais usaram, até então, a correção digital. Ao ponto de corrigir a cor de cada frame. Sem dúvida, os irmãos Coen usaram bem esse recurso pra dar ao filme esse tom de sépia bem conhecido hoje em dia mas não tão famoso assim em 2000. Os coloristas tinham ao alcance uma ferramenta tão poderosa quanto o Photoshop para imagens estáticas. Só esqueceram de assistir o Homem Aranha e aprender com o Tio Ben que com grandes poderes vem grandes responsabilidades.
A cor seduz, cria sensações, comunica. Antes se você quisesse que seu filme tivesse uma determinada paleta de cores tinha que usar filtros nas luzes e nas câmeras. Era difícil, era caro e não tinha garantia nenhuma de que ia dar certo, então, se alguém fizesse isso é porque sabia o que estava fazendo. Hoje em dia o digital tornou tudo mais fácil, inclusive a correção de cor e, com um bom colorista na sua equipe, é mais simples fazer o seu filme parecer o que quiser.
Porque então tudo ficou laranja e azul?
Laranja e azul são cores complementares e criam um grande contraste. Juntas elas prendem a atenção do espectador, direcionam o olhar e fazem você acreditar que o mundo é realmente daquela cor. Nos filmes o assunto principal dos quadros é quase sempre o ator. É pra ele que você deve olhar todo o tempo. Então basta colocar um ator na tela de pele alaranjada e uma luz azul no fundo e pronto! Nosso olhar está direcionado.
Eu não trabalho com cinema e por isso não posso criticar as escolhas dos diretores de arte como um realizador. No entanto, como expectador, eu concordo com os autores de alguns blogs nacionais e internacionais, cujas opiniões dizem que agora os filmes parecem todos iguais, nem o gênero é levado em conta atualmente.
Existem algumas justificativas rasas para essas escolhas. Os próprios coloristas reclamam de receber filmes de aproximadamente 2 horas pra colorir em 2 semanas. Então, sem o tempo necessário pra experimentar e criar, recorrem ao que já sabem e que é garantia de dar certo: laranja e azul.
O blog The Abyss Gazes perguntou: “E se esse vírus tivesse contaminado a arte centenas de anos atrás e tudo na história da arte parecesse igual?”
E se ainda resta dúvidas ou se vocês estão achando o post tendencioso eu sugiro o post do Box Office Quant. O blog é dedicado exclusivamente à analises estatísticas sobre o cinema e analisou 312 trailers de filmes aleatórios, que resultou no gráfico abaixo das cores mais usadas nos trailers.
Essa e outras manias chatas do cinema já foram abordados aqui mesmo, nesse post.
FONTE: CHOCO LA DESIGN
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