Enquanto a tecnologia 4G chega ao Brasil acompanhada de limitações, a Universidade de Surrey, na Inglaterra, já conta com um avançado centro de pesquisas no qual especialistas trabalham nos padrões da próxima geração da internet móvel, o futuro 5G.
Trata-se de um investimento estratégico do governo inglês, em parceria com importantes empresas do setor, para acelerar o desenvolvimento da tecnologia e, com isso, levar o país ao topo do mercado de banda larga móvel. “Nosso projeto se destaca por ser uma iniciativa de larga escala, voltada à pesquisa e ao desenvolvimento do sistema como um todo, além de contarmos com fortes parceiros no lado da indústria”, garante o engenheiro Rahim Tafazolli, diretor do centro de pesquisa sobre o 5G da Universidade de Surrey, em entrevista exclusiva ao Olhar Digital.
Maquete das futuras instalações do Centro, em Surrey |
O assunto tem enorme importância econômica - a própria União Europeia anunciou investimentos de 50 milhões de euros (R$ 130 milhões) no início do ano para impulsionar diversos projetos focados no 5G, assunto de uma outra matéria publicada pelo Olhar Digital. (Confira aqui.)
Fonte: Olhar Digital - Ilustração com os destaques do 5G: |
De acordo com ele, um terço do projeto está sendo bancado pelo governo britânico por meio do UK Research Partnership Investiment Fund (UKRPIF), enquanto o restante do investimento vem de um consórcio formado por grandes companhias globais (Telefónica, Fujitsu, Rohde-Schwarz, Internacional AIRCOM, Huawei e Samsung).
Com um aporte de 35 milhões de libras no final do ano passado (R$ 110 milhões), o centro pretende acelerar a pesquisa e a concretização dos padrões. Até o final de 2013, a expectativa é lançar um campo de testes para os experimentos no pós-4G e 5G, área que abrangerá 4 km quadrados, com velocidade acima de 1 Gbit/segundo em cada célula. O local poderá ser usado por estudantes, pesquisadores e pelas próprias empresas financiadoras.
Tafazolli esclarece que o grande objetivo do 5G não é necessariamente aumentar a velocidade da conexão (ainda sem previsões de números), mas criar melhorias no sistema como um todo que, por sua vez, se reverterão em uma experiência mais fluida de navegação para o usuário. “A velocidade não é a maior questão a ser resolvida, mas sim alguns problemas estruturais. Estamos voltados a criar melhor utilização do espectro de rádio e melhor aproveitamento de energia no sistema. Isso deve gerar redes de alta capacidade que sejam 1.000 vezes melhores que o atual 4G”, aposta.
Quando concretizada, a nova tecnologia deverá transformar radicalmente a experiência do usuário da internet móvel, gerando uma comunicação que passará a ser mais visual (conversas em vídeo em vez de áudio); uma rede de alta capacidade e totalmente ubíqua (disponível em todos os lugares); e que abra caminho para a implantação efetiva da chamada internet das coisas (máquinas e objetos conectados). No entanto, isso não deve acontecer tão cedo: as previsões mais otimistas são de que a tecnologia chegue ao mercado por volta de 2020.
O 5G Innovation Centre (Centro de inovação em 5G) está ativo há dois anos, já envolve mais de 40 pesquisadores e em breve ganhará instalações mais sofisticadas. Trata-se do mais ambicioso projeto em todo o mundo direcionado a concretizar a quinta geração da banda larga móvel. “Estamos trabalhando em todas as etapas do desenvolvimento do 5G, em todo o sistema - o desenvolvimento da arquitetura da rede, a estrutura do acesso via rádio, rede sem fio e também na investigação das pequenas células (femtocells). O projeto de Surrey está focado no desenvolvimento de várias dessas tecnologias e em garantir que possamos ter a propriedade intelectual dos padrões e ajudar a implantá-los mais rapidamente do que o esperado", afirma o líder do centro.
Segundo Mike Short, presidente da Institution of Engineering and Technology (Instituição de Engenharia e Tecnologia) e vice-presidente de assuntos públicos da Telefónica Europa, umas das empresas financiadoras do projeto, “o 5G trará ainda mais capacidade, mais espectro e mais velocidade". Para o usuário, diz ele, isso se traduz em mais comodidade e em um novo sentido de conectividade, com a internet se tornando parte ainda mais integral de nossas vidas. “Será uma rede de ultra banda larga completamente disponível em qualquer lugar e a qualquer hora”, prevê o executivo.
Fonte: Olhar Digital
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