Moura Ramos Indústria Gráfica: livros, revistas, embalagens, sacolas, agendas e impressos em geral.: Vendo o mundo como o Homem de Ferro

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vendo o mundo como o Homem de Ferro

A nova aventura do Homem de Ferro estreou semana passada nos cinemas brasileiros e, no meio de tanta tecnologia legal, surgem aqueles gráficos que o Tony Stark enxerga de dentro da armadura. São informações que ajudam o herói a identificar, calcular, medir e decidir suas ações. O que ele está usando é um HUD, ou Head-Up Display. E você também vai poder ter algo assim, em breve. Um HUD pra vida.

Primeiro, aplicação militar
Os HUD surgiram como inovação militar, ainda antes da Segunda Guerra Mundial. E ficaram restritos a aplicações militares por décadas. Quem ajudou a popularizar esse conceito? A cultura pop, claro.

Começaram a surgir em filmes de guerra, mas principalmente ficção científica. Você já os viu em Top Gun, Exterminador do Futuro e Robocop, clássicos doa anos 80. Os vilões e os heróis usam. E para quê? Bom, os HUDs são úteis para oferecer informações sem que a pessoa precise desviar os olhos para, digamos, um telefone celular.

Não foi por acaso que os pilotos de aviões militares usaram primeiro e, como era realmente uma ajuda enorme, os pilotos civis passaram a contar com HUDs também. E se era bom pros pilotos de avião, era também para os motoristas de carros, com informações de navegação projetadas no pára-brisa. Mas claro que surgiu primeiro em BMWs, Mercedes e outros veículos de luxo.

Nos filmes, os HUDs têm funcionado como uma espécie de bossa visual. Mostra-se o que os personagens estão vendo com todo aquele aparato de informações que os ajuda a tomar decisões, mirar melhor, receber mensagens.

Só que as aplicações mais espetaculares têm vindo dos video-games. Foi que lá eles juntaram os jogos com ponto de vista em primeira pessoa (os first-person shooters) aos HUDs e foram meio que pesquisando as possibilidades de uso desses equipamentos no mundo real. Porque, afinal, os mundos virtuais dos vídeo-games estão cheios de oportunidades para isso: testar coisas que podem, depois, ser usadas no mundo real.

Falamos, algumas semanas atrás, do livro Interface Culture, de Steven Johnson. Como as interfaces servem para influenciar a evolução do nosso raciocínio e nossos costumes. As interfaces dos jogos estão, de novo, treinando uma geração que talvez absorva os HUDs facilmente.

Os óculos do Google
Foi por isso que, desde que foi anunciado, o Google Glass capturou a imaginação de tanta gente. Um óculos que, conectado em seu telefone celular, é capaz de virar um HUD para o mundo real. É como se, finalmente, os video-games transbordassem pra vida real. Ou pelo menos uma parte bem bacana deles.

Durante anos, falou-se em realidade aumentada. Primeiro, com computadores pessoais, era uma curiosidade. Depois, com os telefones celulares, virou uma aplicação divertida para usar com a câmera obrigatória dos smartphones. Mas no momento em que você coloca na vida das pessoas um óculos capaz de projetar imagens e sobrepô-las ao mundo real. Ah. Um universo de possibilidades se abre.

Mais importante é pensar que o Google está lançando esse produto após uma década em que virtualmente mapeou o mundo todo e criou uma suíte de produtos e serviços que podem perfeitamente se associar a esse mapeamento. Assim, usando um óculos associado ao pacote de serviços correto, seria possível usar mapas, e-commerce e tradução simultânea num tour pelo centro de Hong Kong. Ou mapas associados ao hangout e a um jogo para participar de uma caça ao tesouro em um novo patamar.

Todo produto disruptivo cria dúvidas e discussões interessantes e o Glass não é diferente.  No momento, um grupo de Exploradores topou pagar US$ 1500 para ter acesso ao produto em primeira mão. Eles estão recebendo as unidades e saindo por aí com elas, recebendo as apps de teste e contando pro mundo se o negócio é mesmo tão legal assim. Entre os usuários, os relatos têm sido positivos. Robert Scoble, um influente blogueiro e evangelista do mundo digital, diz que não consegue imaginar um futuro sem Google Glass. Eric Schmidt, ex-CEO e atual Chairman do Google, afirmou que ter que falar com os óculos era algo estranho. O escritor de ficção científica William Gibson, autor de obras seminais como Neuromancer, ficou apaixonado pelo aparelho.

Há diversos colunistas de tecnologia dizendo que não vai pegar. Um deles, Mike Butcher, o editor do site Techcrunch na Europa, diz que o Glass é o novo Segway. Ele se refere àquele patinete motorizado e cheio de giroscópios que era para ser o sistema de transporte do futuro, mas acabou sendo o brinquedo preferido dos seguranças de shopping. Nenhum dos detratores, até aqui, é um dos que efetivamente está usando o aparelho. Mas essa controvérsia é um indicativo do potencial dessa novidade.

Há um intensa discussão sobre o uso do Glass em bares, lojas e, hum, banheiros. Na hora em que você estiver tendo uma conversa íntima com aquela amiga, todo mundo tira os óculos? A interface baseada na fala, da qual o Eric Schmidt reclamou, ajuda a minimizar alguns dilemas, já que você precisa falar alto para ativar um comando. Mas está longe de resolver. Há jailbreaks e macetes sociais que resolveriam isso facilmente e não é difícil imaginar que em breve vamos ver vídeos em primeira pessoa humilhando alguém no Youtube. O curta-metragem Sight, do ano passado, endereça medos até maiores dos que esses.


Os óculos do Google supostamente chegam ao mercado norte-americano a tempo das vendas de fim-de-ano. Sim, deste ano. O aparelho deve custar muito menos do que os US$ 1500 pagos pelos Explorers na fase de testes, embora a empresa não tenha revelado o preço. Arrisco que seja algo abaixo dos US$ 500.

Ainda será caro e ainda chamará muita atenção, gerando um efeito parecido com o dos comunicadores bluetooth brilhando nos ouvidos das pessoas. Vai dizer que você nunca torceu o nariz quando viu alguma pessoa andando e falando sozinha por aí? Mas ele apenas ficará mais invisível, chamará menos atenção e tende a virar uma lente de contato movida a nanotecnologia, ou um implante. Em algum ponto, estaremos acostumados com coisas assim.

Outras empresas podem e devem entrar nessa disputa. Mas nenhum deles tem a combinação impressionante de produtos e serviços do Google, o que vai ser uma dificuldade extra. O mercado vai ficar agitado, com diversas opções e preços.

Enfim, o que você acha? Será que o Glass será o iPad do Google? Um produto que será imitado de forma errada por diversas empresas? Ninguém vai curtir essa novidade e vamos mesmo ter um novo Segway? Mas mais importante, você, usaria um HUD para facilitar a sua vida? Ou acha que é estranho demais? Comente.

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